quarta-feira, 5 de setembro de 2007

FAMÍLIA, IGREJA E ESTADO


Na minha última postagem havia expressado o meu desejo de dar continuidade no dia seguinte ao artigo sobre "Vida Frutífera". Não pude. Lá vai o relato destes últimos dias. Na noite daquela quarta-feira fui ao Maracanã com meu filho mais novo. Botafogo e Flamengo. Em breve vou fazer uma postagem com a torcida do Botafogo cantando o hino: "E ninguém cala". Voltemos à realidade. Na quinta-feira, almocei com um dos membros do conselho consultivo do Rio de Paz, o ótimo sociólogo, Ignacio Cano, professsor da UERJ. Foi uma das mais proveitosas reuniões que pude ter nos últimos dias sobre o nosso movimento. No período da noite, participei do fórum realizado pelo jornal O Globo sobre a maravilhosa reportagem da série, Democracia Roubada, que relata o sofrimento e insegurança dos moradores das favelas do Rio de Janeiro. Após o encontro, permaneci na redação do jornal, conversando com o Jorge Antonio Barros até de madrugada. O Jorge é um excelente jornalista, membro do conselho consultivo do Rio de Paz e irmão na fé. Que conversa boa, franca e eivada do conteúdo do cristianismo.Foi um dia ganho. Este amigo tem se revelado também como uma ótima fonte de consulta.

Na sexta, o que houve de mais importante, foi minha visita ao reverendo Antonio Elias. Meu amigo e pastor. Este pai espiritual, não somente meu, mas de tantos, está carecendo da nossa intercessão perante o nosso Deus. Ele contou-me que nunca havia pensado em toda a sua vida que um dia haveria de passar pelo vale da sombra da morte. E ele passou, ao ter que ficar internado no CTI, com um grave problema renal, e, infelizmente, lamento dizer que nosso tão amado pastor de 97 anos de idade,ainda encontra-se no vale, com suas sessões diárias de diálise. Pela graça de Deus, contudo, o reverendo permanece inabalável. Ele disse-me que é seu desejo que no próximo dia 27 haja um culto de ação de graça pela sua vida. Sua vontade é que muito louvor a Deus seja entoado, e, que de um modo especial, a fidelidade de Deus seja exaltada. Lembro-me do hino que diz: "Passam-se os dias, as horas se passam, passam por ti e por mim, transes de morte por fim nos esperam, vem tanto a ti quanto a mim".

Sábado, parti cedo para um compromisso de pregação em Governador Valadares (MG). Que viagem cansativa e ao mesmo tempo proveitosa. Pude conhecer gente preciosa. Entre elas o doutor Einstein. É isto mesmo. Einstein. Ele tem outros irmãos. Quatro, me parece. Um chama-se Lindon Johnson, outro, Di Estefano, e por aí vai. Esse médico e irmão na fé trata-se de uma pessoa amável. Bem humorado, inteligente, crente, gosta do grupos de rock progressivo da década de 70 - Emerson, Lake and Palmer, Triumvirat e Renaissance. No Rio, torce pelo o Botafogo. Na teologia, tem preferência por Martyn Lloyd-Jones. Um santo, portanto! Nunca pensei que fosse encontrar um dia em minha vida alguém com estes gostos todos. É, Deus não elegeu apenas a mim para gostar do que é bom!

Preguei duas vezes no domingo em igrejas diferentes. Pela manhã falei na Sexta Igreja Presbiteriana sobre o texto de Mateus 6 ("Não andeis ansiosos"), e, na parte da noite preguei na Primeira Igreja Presbiteriana sobre o tema: "A Fé sem Obras é Morta". Procurei enfatizar a verdade de que muito embora sejamos justificados pela graça de Deus mediante a fé somente, a fé que pela graça justifica precisa ser justificada pelas obras. Existe a fé dos regenerados e a fé que Tiago chama de "fé dos demônios". Estes crêem e não amam. Crêem enquanto tremem. Já os verdadeiros crentes crêem e amam. Não apenas acreditam em Deus, mas amam a Deus, vêem excelência em Deus, por isto fixaram seus afetos em Deus. Deus é alguém com quem os regenerados se relacionam. O seu grande amigo ("Abraão foi chamado de amigo de Deus"). Por isto, estão prontos para entregar seu Isaque a este mesmo Deus.

Cheguei de Governador Valadares na segunda-feira. Li os jornais atrasados. Fui malhar na academia, assisti com a família a um filme que muito me comoveu (depois falo sobre ele) e a noite caí no sono. Veio a terça-feira e fui orar e malhar bem cedo. Retornei para casa a fim de preparar a mensagem da noite sobre a epístola aos colossenses. Na parte da tarde conversei com a equipe de pastores e a noite fiz minha exposição bíblica. Dormi tarde, pois após o culto, a pedido da minha esposa, participei da despedida de um casal da nossa igreja que vai morar nos Estados Unidos.

Hoje, tive que ir para o Consulado de Portugal, onde passei a manhã inteira, a fim de dar entrada na cidadania portuguesa dos meus dois filhos. Bom, não sei se você sabe, além de carioca, torcedor do Botafogo, sou também cidadão português. Daí a minha liberdade para fazer piada de português. Eu já te contei aquela do português que chegou numa festa de 15 anos, com uma maletinha, dizendo que só iria ficar 3 meses? Você sabia que quando o Brasil foi para a Antártica, Portugal foi para a Brahma? Chega. Não vou esgotar meu repertório de piada de português. E, saiba que minhas piadas não vão de encontro ao orgulho que tenho de fazer parte desta nação desbravadora dos mares, com sua culinária imbatível e a beleza de sua natureza. Nação da qual vieram meus antepassados. Tá bom, só mais uma. Você sabia que na ocasião em que o "cinema 180 graus" matou centenas de pessoas em Portugal, imediatamente os portugueses trataram de diminuir a temperatura?

Na parte da tarde de hoje tivemos uma reunião do Rio de Paz e da ONU no Palácio Itamaraty no centro do Rio. Em breve (23-24/10) realizaremos um fórum, em parceria com a ONU,sobre "Violência, Participação Popular e Defesa dos Direitos Humanos". Após o encontro, parti para o Viva Rio a fim de falar com o bom católico, Tião Santos, que deve fazer parte do conselho consultivo do Rio de Paz. Mais um encontro muito instrutivo.

E, agora, quase dez e meia da noite estou escrevendo este texto para o blog. Amanhã, terei um dia delicioso, se Deus permitir. Irei à praia de manhã, à tarde vou ler Thomas Hobbes (Leviatã) e à noite, a entrega completa à irracionalidade - irei ao Maracanã com o Matheus e o Pedro para ver Botafogo e Palmeiras.

Aí está um pouco da minha vida. Um pouco da luta de procurar andar com Deus num mundo caído, servir a causa do evangelho e a causa da justiça social, cuidar dos interesses da família, da igreja e do Estado. Que o nosso Deus e Pai, ajude a você e a mim, a mantermos uma agenda equilibrada. Uma agenda que seja expressão do compromisso com o que cremos e sabemos ser verdadeiro. Sei que não é fácil. Em muitas ocasiões sinto o coração apertado por causa do temor de haver perdido o equilíbrio. Mas, em Cristo (meu texto de ontem) "estão ocultos todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria". Nele, podemos encontrar direção. Basta orar, antes de agir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário