domingo, 24 de agosto de 2008

OS JOGOS OLÍMPICOS

Eu não pude acompanhar esses jogos em razão do trabalho e de uma série de compromissos pessoais. Do que vi, gostaria de destacar as seguintes percepções:

1. O fato inegável de que com disciplina pessoal vai-se longe na vida.

2. O fato irrefutável de que "no pain no gain". Sem trabalho duro não se conquista nada (perdoa-me as duas obviedades, mas nunca é demais repeti-las no Brasil).

3. O voley brasileiro (apesar da derrota do masculino) é a pura demonstração dos princípios acima expostos. Quem conhece o investimento feito nesse esporte no Brasil, sabe do que estou falando. O problema do brasileiro não é genético, é cultural. Se fizermos a coisa com planejamento, metas claras, cronograma, disciplina, etc. vamos longe.

4. O futebol já revelou o contrário. O pouco preparo e escolhas erradas mostraram que talento sozinho não resolve.

5. A parte mais bonita da participação brasileira nos jogos é a beleza da mistura de raças, que demonstramos existir no nosso país quando nossos atletas estão juntos.

6. A China nos impressionou com o número de medalhas, mas poderia impressionar muito mais se respeitasse a declaração universal dos direitos humanos.

7. Não adianta o atleta chegar na frente da competição se não houve obediência às regras do jogo. Não adianta fundarmos impérios eclesiásticos, organizações que movimentam milhões e tornarmo-nos personalidades públicas se perdemos de vista o fato de que, os fins não justificam os meios.

8. Sou contra a organização de uma olimpíada no Brasil em 2016. Não porque seja contra esporte ou desconheça os benefícios sociais que uma competição dessa envergadura proporcionará para o país. Mas pelo fato de que, estes benefícios sociais jamais sobrepujarão os que adviriam de uma ampla mobilização para botarmos o Brasil em ordem, especialmente no campo dos direitos humanos. E mais, não podemos construir estádios antes de construírmos escolas e hospitais. É escarnecer da população organizar os jogos olímpicos antes de organizar o país.

9. A vida tem suas injustiças. Veja o caso do Diego Hipólito. Todos sabem que ele é um atleta excepcional. Mas, um atleta que falhou na hora em que não podia falhar. O erro cometido tratou-se de um caso isolado que não invalida sua qualidade como ginasta. Mas a vida é cruel nesse ponto. As vezes homens bons caem em pecado. Pecado que se torna público, mas que não depõe contra o todo da vida desses mesmos homens.

10. Chegar ao pódio de Deus, naquele santo dia em que todos teremos que prestar contas ao justo juiz do universo, deveria se constituir na preocupação diária de todos os cristãos. Que glória ser coroado por Deus na presença dos anjos e dos homens.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

PALAVRA PLENA "DOWNTOWN"

Na próxima segunda-feira darei início a um novo trabalho de pregação, agora no centro do Rio. Semanalmente teremos uma reunião com louvor e pregação às 18h15 na Avenida Rio Branco, 109/17º andar. É um tentativa minha, consciente, de tentar equilibrar o engajamento social (Rio de Paz) com o anúncio explícito do evangelho (já que o RDP trata-se do anúncio do evangelho através das boas obras). Espero que possa receber ali as muitas pessoas que tenho conhecido através do Rio de Paz, gente brilhante, porém sem igreja e sem Cristo, por cuja vida tenho sentido amor.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

ACONSELHAMENTO AOS PARENTES DE VÍTIMA DE HOMICÍDIO

Estamos montando um senhor time de psicólogos que estarão oferecendo serviço gratuito de aconselhamento aos parentes de vítima de homicídio. As reuniões já estão em andamento, e, em breve, os profissionais da área que porventura quiserem nos ajudar, poderão ter acesso no site do Rio de Paz às orientações básicas para o envolvimento nesse serviço voluntário.

PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO

Estaremos dando início hoje aos trabalhos que visam os pedidos de indenização para parentes de vítima de homicídio. Num grande escritório de advocacia da cidade, duas famílias recentemente atingidas por essa tragédia, estarão com o Rio de Paz, a fim de que possamos encaminhar o quanto antes esses justíssimos pedidos de indenização. Nem o Rio de Paz, nem os advogados que se colocaram à disposição para nos ajudar, receberão um centavo sequer dessas indenizações.

Com isso, estaremos fazendo justiça e estimulando o governo a economizar dinheiro investindo em segurança pública.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TROCA DE EMAILS ENTRE AMIGOS: PASSAGENS DIFÍCEIS DA BÍBLIA

O PRIMEIRO EMAIL

Subject: ENC: [As vozes que fazem o Brasil] mandamentos de Deus


MANDAMENTOS DE DEUS


O sacerdote da Igreja
disse no seu sermão
que todo o povo de deus deve ler a biblia
e seguir os mandamentos lá escritos.

Será que posso mesmo?
Será que minha consciência permite?
Será que o Estado vai deixar?


Ezequiel 09:06 - Matai velhos, mancebos e virgens, criancinhas e mulheres, até exterminá-los

Êxodo 32:27- Então ele lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho.

Números 31:17,18 - Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele. Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós.

Deuteronômio 20:16,17 - Mas, das cidades destes povos, que o Senhor teu Deus te dá em herança, não permitirás que alguém fique vivo, mas passá-los-ás todos ao fio da espada;

Deuteronômio 2:33,34 - E o SENHOR NOSSO DEUS no-lo entregou, e o ferimos a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo. Também naquele tempo lhe tomamos todas as cidades, e fizemos perecer a todos, homens, mulheres e pequeninos, não deixando sobrevivente algum;

Deuteronômio 32:25 - Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor, tanto ao mancebo como à virgem, assim à criança de peito como ao homem idoso.

O SEGUNDO EMAIL

Antonio e ..., depois conversamos um pouco sobre as possibilidades de interpretação.

O TERCEIRO EMAIL


Meus tão estimados amigos,

Creio que todas essas passagens dificílimas devem ser vistas à luz do seu contexto histórico, textual e teológico mais amplo. O fato de Deus ser o “ Deus de Israel”, o que é admitido pelo próprio Cristo, não significa que ele seja um deus tribal, tal como o povo de Israel quis transformá-lo. A Bíblia destaca o fato de que Israel foi escolhido por Deus para que o próprio Deus fizesse uma ampla revelação de si mesmo e do seu infinito amor à humanidade. Poderia citar dezenas de textos bíblicos que ressaltam essa verdade.

Todos os textos mencionados nesse email fazem parte do livro de cabeceira de Cristo – o Antigo Testamento. O mesmo Cristo que nos ensinou a amar e perdoar. O Novo Testamento, escrito pelos que conviveram intimamente com Ele, serviu de base para a redação de todas as declarações existentes sobre direitos humanos. Creio, contudo, sinceramente, que amor de Deus e a sua justiça, jamais deveriam ser separados por nós. O textos que falam sobre a aplicação da pena capital no AT, refletem a decisão soberana de Deus de usar o seu povo como agente da Sua santa e perfeita justiça, a fim de restaurar a verdade e a paz. Os povos que foram julgados por Deus, através do povo de Israel em Canaã, praticavam o ritual de apresentar seus filhos primogênitos como sacrifício ao deus Baal. Isso causava indignação a Deus. Um Deus que não exige tolices dos homens.

É triste ter que admitir, mas todos nós, concordamos com o fato de que, o uso da força na perspectiva de fazer prevalecer a justiça é legítimo. Somos ou não somos gratos aos heróis da Segunda Guerra que salvaram a humanidade do Nazismo? Gostaria de não ter que admitir isso, pois amo a vida e não gosto de matar nem formiga. Mas, nenhum Estado subsiste sem o uso legítimo da força. Fazer o contrário pode significar covardia e falta de amor.

Em suma, Cristo não é Ghandi. O pacifismo (que não é o mesmo de ser pacificador) é impossível em um mundo como o nosso. Sendo assim, Deus pode ordenar que o seu povo aja como instrumento da sua justiça. Como diz o apóstolo Paulo na carta aos Romanos capítulo 13 versículos 3 e 4: “Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”.

Não nego o fato, porém, de que a Bíblia é a matéria-prima de todas as heresias, tal como o átomo é a matéria-prima de toda bomba atômica. Pessoas podem usar a Bíblia para matar. Pessoas pode usar a energia nuclear para matar. Mas, sem Bíblia e sem átomo resta-nos um vácuo pavoroso.

Antonio



sábado, 9 de agosto de 2008

A SABEDORIA PARA A SALVAÇÃO


Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Evangelho de Mateus 7 13-14)

INTRODUÇÃO
As escrituras sagradas ensinam com absoluta clareza, mediante o testemunho de diversos autores inspirados, que a maior necessidade humana é a necessidade de salvação. Os homens estão mortos nos "seus delitos e pecados". O que caracteriza esse estado de morte espiritual é a vida em pecado. A principal marca dessa vida em pecado é o fracasso da humanidade em amar. Não amamos a Deus e ao próximo. Isso é pecado. Significa viver uma espécie de vida diametralmente oposta a que Deus designou para o homem. Viver sem amar é viver a vida que o próprio Deus não vive. Deus, na sua santidade e justiça, não pode receber no seu reino e abençoar eternamente homens e mulheres que não amam. Ele tem que punir. Não cumprir a lei do amor é detestável aos olhos de Deus. Sendo assim, Deus adverte a todos, na sua Palavra, que um dia haverá de julgar os homens em razão dessa vida de não conformidade ao caráter de Deus.

Note que nada é arbitrário. Deus não pune o homem por mero capricho. Não se trata de excesso de meticulosidade. Muito menos exigir tolices ou punir pelo que é banal. Não. Ele julga os homens mediante a relação que estes mantém com a sua lei. Lei que exige que os homens amem uns aos outros e a Deus com todo o seu ser.

Como somos uns fracasso no campo do amor, encontramo-nos sob o justo juízo de Deus. Porém, esse mesmo Deus, por ser infinito em graça e misericórdia, abriu um caminho de salvação mediante a morte de Cristo: " E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4:12). Em Cristo o pecado do desamor, que se constitui uma verdadeira afronta a um Deus amável, excelente - criador e sustentador de todos, é tratado de modo adequado e cabal. Deus pune os nossos pecados na pessoa do seu Filho, e chama a todos os homens para que esses se arrependam e creiam nessa oferta graciosa de salvação.

Essa passagem do Evangelho de Mateus é uma advertência à humanidade. Nela, Deus, ajuda os homens a saber quais as principais verdades que os seres humanos precisam compreender a fim de que se tornem sábios para a salvação. Que verdades são essas?

1. TODOS DEVEMOS BUSCAR ATÉ OBTER A NOSSA SALVAÇÃO PESSOAL.
O Senhor Jesus diz: "Entrai...". Há um elemento de esperança nesse imperativo. A salvação é possível. Porém, essa salvação deve ser buscada até ser apropriada. É como entrar por uma porta. Sair de um lugar para outro. Isso envolve uma decisão que deságua em uma ação concreta. Trata-se de algo definido. Uma experiência real. É alguém chegar ao ponto de dizer: "Algo aconteceu comigo, entrei em uma outra esfera de vida, encontro-me em outro lugar".

O caminho é revelado como único. Trata-se de uma só porta. Há algo que inaugura a entrada nessa vida. Aquilo que se constitui no seu início.

2. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE ESSA EXPERIÊNCIA MONUMENTAL DE SALVAÇÃO, RESULTA DE UM AJUSTE DA NOSSA VIDA ÀS DEFINIDAS E CLARAS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS POR DEUS PARA QUE O HOMEM SEJA SALVO.
Significa entrar por uma porta. Essa porta é chamada de estreita. Ela é estreita porque não é qualquer porta. Suas principais características resultam do que o próprio Deus determinou como caminho de redenção.

3. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE SOMENTE SOMOS DESPERTADOS PARA A BUSCA DA SALVAÇÃO QUANDO TOMAMOS CONSCIÊNCIA DO FATO DE QUE PESSOAS DIFERENTES, ANDAM POR ESTRADAS DIFERENTES E CAMINHAM PARA DESTINOS DIFERENTES.
Cristo dá ênfase ao fato de que todos estamos vivendo de uma determinada maneira. Essa vida que vivemos está conduzindo a cada ser humano para um fim que lhe é próprio.

4. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE SEGUIR A OPINIÃO PÚBLICA QUANDO O ASSUNTO TEM A VER COM A RELAÇÃO DE DEUS COM O HOMEM SIGNIFICA ANDAR INEVITAVELMENTE PELO CAMINHO QUE CONDUZ A PERDIÇÃO.
Observe como milhares estão enganados. O que caracteriza a sua religião é a idéia de que não há muito o que mudar e renunciar. É a salvação da condição fácil e dos estilo de vida que não custa nada ao que o pratica.

5. TODOS DEVEMOS APLICAR CERTOS TESTES À NOSSA VIDA A FIM DE SABERMOS SE ESTAMOS NO CAMINHO DA SALVAÇÃO.
Que testes são esses? Primeiro, precisamos saber se entramos pela porta estreita. Segundo, se percebemos que fazemos parte de uma minoria. Terceiro, se esse caminho representa o exato oposto da forma como a maioria vive.

APLICAÇÃO

1. TOME A DECISÃO DE SER SALVO.

2. DEIXE OS TERMOS DESSA SALVAÇÃO SEREM DETERMINADOS PELO PRÓPRIO DEUS.

3. CONSIDERE A HORROR DA PERDIÇÃO ETERNA.

4. CONSIDERE A GLÓRIA QUE SE SEGUIRÁ A VIDA DE RENÚNCIA AO PECADO.

5. FIQUE COM DEUS E A SUA PALAVRA E NÃO COM A OPINIÃO PÚBLICA.

6. PROCURE SABER SE O SEU ESTILO DE VIDA DIFERE DE FATO DA FORMA COMO VIVEM A MAIORIA DOS SERES HUMANOS.

CONCLUSÃO
Pela graça divina um caminho de salvação foi aberto por Deus. Contudo, carecemos de sabedoria para sermos salvos. Sabedoria essa que dista anos luz daquilo que a maioria dos homens crê como necessário para que um ser humano seja salvo por Deus.

MORTOS CHEGAM A 1 500 NA GUERRA ENTRE A RÚSSIA E A GEÓRGIA



Essa é uma das fotos que começam a chegar da Geórgia. Mais cenas de desgraça. Mais uma guerra. Mais uma prova de que o veredicto divino sobre os homens é verdadeiro.

"Não há justo, nem sequer um,
não há quem entenda,
não há quem busque a Deus;
todos se extraviaram, à uma se
fizeram inúteis;
não há quem faça o bem, não há nem um sequer...
São os seus pés velozes para
derramar sangue,
nos seus caminhos há destruição
e miséria;
desconheceram o caminho da
paz,
não há temor de Deus diante de
seus olhos"
(Rm 3: 10-12, 15-18).

Venha me dizer que esse diagnóstico bíblico está equivocado. Por isso, os profetas e apóstolos tanto enfatizavam a necessidade de um Salvador, como também, de cada ser humano se arrepender dos seus pecados e crer em Cristo para sua redenção.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

PEDIDO DE ORAÇÃO

Não gosto que pessoas fiquem ocupadas comigo mais do que é devido. Nenhum pastor deveria conduzir seu ministério de uma tal maneira que sua vida se tornasse objeto da atenção de todos. Usar o púlpito, por exemplo, para falar mais da sua vida pessoal do que de Cristo, deveria ser considerado abominável para todo pregador.

Contudo, é bíblico um ministro do evangelho fazer pedidos de oração. Esse irmão aqui está precisando da oração intercessória da igreja de Cristo. Se lhe for possível, interceda pelas seguintes coisas:

-Que jamais o meu ministério fique dissociado da pregação do evangelho de Cristo. Que nenhum compromisso social e com a defesa dos direitos humanos nesse país me impeça de pregar Cristo, e, este, crucificado.

-Que eu faça o que é correto pelo motivo correto.

-Que nas ocasiões em que detectar imperfeições na minha vida, ou ser lembrado delas através de agentes humanos, que eu traga à minha memória o fato de que "Deus ama o crente não porque ele seja belo, mas que ele é belo porque Deus o ama", que "é preferível confiar mais na misericórdia divina do que na nossa inocência" e que "o coração quebrantado e contrito jamais será desprezado por Deus". Contudo, que essa grande provisão da graça, que a uma só vez silencia o inferno, a morte, a lei e a nossa consciência, não me dê o direito de "ser muito mau porque Deus é muito bom".

-Que Deus conceda a mim e à minha família proteção.

-Que o Espírito de Cristo me livre da arrogância, prepotência e orgulho que muitas vezes acompanham a vida daqueles que se sentem envolvidos com uma missão muito especial.

-Orem para que Deus envie gente que me auxilie.

-Que eu não desista de amar a igreja e sempre me lembre que devo muito a ela.

-Que eu mantenha uma vida devocional compatível com os grandes desafios que encontram-se diante de mim.

-Que Deus me livre dos pecados relacionados à sexo, dinheiro e poder.

-Que Deus me guie nesse nevoeiro em que me encontro, pois embora esteja certo do que estou fazendo, não sei para onde estou sendo levado pela providência divina.

-Que eu receba discernimento divino quanto à causa que abracei a fim de saber o que está por trás, sob todos os aspectos, da violência que hoje grassa nas nossas cidades.

-Que Deus conceda graça no diálogo que iniciamos ontem com a Secretária de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro. Sem dúvida essa foi a maior vitória do Rio de Paz. Estamos começando a sentar à mesa com os principais atores da segurança pública do nosso estado.

-Que Deus me dê graça nas entrevistas que tanto me extenuam.

-Que Deus guarde meu filho Matheus que está de partida para estudar fora do país.

-Que Deus socorra minha família nesses dias em que tenho sido tão falho com ela.

-Que Deus me ajude a conciliar a redação da tese de doutorado com a necessidade de estudar temas relacionados à sociologia, política e segurança pública.

-Que a minha igreja permaneça unida e saudável, pois se existe batalha espiritual (como creio) estamos sob o foco do inferno.

-Que em todos os contatos que tenho feito com centenas de não cristãos (nunca fiz tantas amizades em tão pouco tempo), haja no abrir da minha boca a palavra que revela a beleza da verdade de Cristo.

-Que eu saiba que não tem o direito de não ter esperança quem crê em um Deus "que tudo faz como lhe apraz", pois "Desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera".

Mil perdões, por tomar seu tempo com a minha pobre vida. Mas, preciso de você. Sou fraco, filho de Adão. Sinto-me diante de desafios que excedem as minhas forças e capacidade. Não está sendo fácil tentar ser "símplice como as pombas e prudente como as serpentes". Saber que devo me " acautelar dos homens" e que "fomos enviados como ovelhas para o meio de lobos". Quero crer nas pessoas, mas parece que muitas não são confiáveis. Contudo, muitas podem se aproximar da verdade mediante um juízo caritativo, que não precisa ser necessariamente ingênuo. Um voto de confiança e a boa disposição de procurar compreender antes de avaliar e condenar.

Espero que tudo represente a redução dos homicídios, a redescoberta por parte da igreja da sua missão profética-evangelística e o nome Santo de Cristo sendo glorificado em uma grande extensão, pois "não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos".

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AS CENAS QUE SE FIXARAM NA MINHA MEMÓRIA

Os números da violência no Rio de Janeiro têm rosto. Por trás das estatísticas há uma multidão de gente que se foi e de gente que ficou. Homens e mulheres cuja a vida está marcada para sempre. Vivemos anos de insanidade, indiferença e maldade. Passo agora ao relato de parte do que vi e ouvi nos cemitérios, hospitais e lares enlutados que tenho visitado.

GABRIELA SOU DA PAZ
O meu primeiro encontro com o fundador do movimento Gabriela Sou da Paz deu-se em razão de um pedido que havia feito ao meu amigo de longa data, Jorge Antonio Barros. Estava começando a luta do Rio de Paz e queria saber quem era carioca do bem e com quem poderia contar. Ele sugeriu que procurasse o Carlos Santiago. Acontece que o Carlos Santiago e a Cleide Prado, os pais da Gabriela, morta numa troca de tiros no metrô da Tijuca, não são de fazer com que as pessoas fiquem com pena deles. São capazes de rir, mantém-se incansavelmente nas ruas na luta contra a impunidade e quase todos os dias levam palavras de encorajamento para pessoas que enfrentaram o drama pelo qual passaram. Porém, aqui e ali, ambos deixam passar algo da dor latente dos seus corações. Em um encontro sobre violência no ano passado na Casa Rui Barbosa, para o qual fomos convidados a falar como representantes e militantes da sociedade civil, eu o ouvi dizer para todos: “ Engana-se quem pensa que o tempo ajuda um pai esquecer-se de um filho que foi assassinado. A morte da minha filha Gabriela parece que ocorreu ontem”. No nosso primeiro contato, no centro do Rio, ele já dissera para mim: "Levaram meu maior bem".

A VIÚVA QUE PERDEU SEU ÚNICO FILHO
Conheci a dona Zely no enterro do seu filho, que fora assassinado no Andaraí. Corria a cerimônia fúnebre quando tomei fôlego e aproximei-me da mãe da vítima. Procurei me identificar e ela prontamente me recebeu. Eis o que ela falou para mim ao lado do caixão do seu filho: “Esse filho foi fruto de uma espera de 18 anos. Eu não conseguia engravidar. Quando o meu filho tinha 8 meses de vida meu marido morreu”. A morte do seu filho representou para ela - a perda do filho único de uma viúva. Quando o caixão estava para ser fechado eu a ouvi dizer: “Eu te amo meu filho. Você foi embora cedo, mas valeu a pena ter tido você”. Outro dia ela deixou um recado aos prantos na minha secretária eletrônica. Ela havia acabado de descobrir a autoria do crime e percebia a lentidão da justiça.

A ROSA 6001
Era o final de 2007. O Rio de Paz havia acabado de realizar um protesto na praia de Copacabana. Criamos a imagem surreal das 6 000 rosas penduradas de cabeça para baixo a fim de apontarmos para o absoluto nonsense das 6 000 vítimas de homicídio (que na verdade foram aproximadamente 10 000, pois só trabalhamos naquela data com homicídio doloso). Naquele mesmo dia morria, numa das trocas de tiro entre policiais e traficantes, a menina Fabiana, que brincava dentro de casa na frente do avô.

Cheguei ao cemitério do Caju quando o caixão já se encontrava do lado de fora da capela. A primeira cena com a qual me deparei foi a da avó gritando: “Fabiana, sai daí. Vamos para casa”. Ela gritava como se a sua voz pudesse dar vida ao corpo da neta. Aproximei-me da mãe. Tentei consolá-la. Ouvi dos seus lábios, em meio ao seu pranto, o apelo desesperado de uma mãe que aguardava o milagre que não aconteceu e que eu não podia realizar: “Moço, tira a minha filha dali. Ela não é para estar ali. Eu tinha um casal de filhos, agora só tenho um filho”. Em seguida, desmaiou.

A Fabiana é enterrada e no caminho de volta vejo-me ao lado de dois homens inconsoláveis. Aproximo-me deles. Identifico-me. Eles pronta e educadamente me recebem. Descubro que estou diante do pai e do avô que presenciou a cena do crime. Ouço o seu relato dramático: “No dia da sua morte a minha neta viu o seu protesto na televisão. Ela comentou com a minha esposa. ‘Veja vovó, 6 000 rosas porque 6 000 pessoas foram assassinadas”. Ao que a avó respondeu: ‘É minha filha, nós estamos vivendo em um mundo muito mau’. A avó não sabia que naquele mesmo dia, dentro de algumas poucas horas, a sua neta haveria de fazer parte dessa triste estatística. Ao saber da morte da neta, a avó no seu pranto falou: “A minha neta é a rosa 6 001”. O avô contou-me o que aconteceu no trajeto para o hospital. Não foi fácil sair da comunidade, pois alguém furara com tiros os pneus do carro que chegara para prestar socorro. A menina morreu em meio à sua inocente súplica, baseada no que Cristo ensinou aos seus discípulos: “Pai nosso que estás nos céus...”.

A VOZ QUE NÃO CANTA MAIS
Era uma terça-feira à noite e uma advogada da OAB solicitou-me por telefone que comparecesse ao enterro de um jovem que fora assassinado por policiais militares. Chego ao enterro no dia seguinte e deparo-me com a chegada de um ônibus repleto de jovens evangélicos, experimentando um misto de choque e incompreensão, pois morrera um rapaz excelente, membro de uma banda de música que gostava de cantar hinos de louvor a Deus. Aproximo-me do pai da namorada, um policial, que pôde testemunhar para mim sobre o caráter do rapaz: “Eu jamais deixaria minha filha de 15 anos namorar um rapaz em quem eu não confiasse. Ele era um rapaz maravilhoso”. A mãe da moça declarou: “Quando por algum motivo falávamos alguma coisa para orientá-lo ele costumava ouvir abaixando a cabeça”. Houve um pastor que disse para mim: “eu conheço toda a família dele. O menino era bom. O que fizeram com ele foi uma maldade". Um outro pastor afirmou em tom de desabafo: "Não aguento mais fazer enterro de gente assassinada”. Os amigos de infância quase que a uma só voz declaravam, “nós nunca o vimos envolvido com erro algum”.

Aqueles policiais mataram um menino inocente de 19 anos. Ficaram para trás um casal de irmãos inconsoláveis e os pais. Gente mansa e de coração humilde. A mãe lamenta a morte do sabiá de Deus (sabiá era o seu apelido), pois segundo ela o filho passava o dia inteiro cantando os hinos evangélicos que conhecia. Foi essa a pessoa que os policiais mataram, com um tiro na perna, outro no peito e um no alto da cabeça, fazendo-se de surdos para os apelos da vítima: “ Eu sou evangélico, moro na comunidade”. Como se não bastasse isso, arrumaram uma mochila e nela botaram 158 papelotes de cocaína, uma pistola 765 e uma granada, a fim de caracterizar a morte como resultante de um confronto entre polícia e marginal.

A AGONIA DO COPA D’OR
Era uma manhã quando ao consultar meus emails descubro que havia um recado do amigo Coronel da Polícia Militar, Carballo. Estava escrito algo mais ou menos assim, “ouça isso”. Era a entrevista do Paulo Roberto, pai do menino de 3 anos, morto na frente da mãe por policiais militares. Eu estava de cama e exausto das campanhas do Rio de Paz. Havia separado aquele dia para ficar em casa. Mas não pude. As declarações do pai me levaram a correr para o hospital onde ele e seu filho (já em estado de morte cerebral) se encontravam.

Apresento-me aos familiares que tratam de conduzir-me ao pai. Conversamos por aproximadamente uma hora. Procuro oferecer-lhe a única consolação de que dispunha: “Cristo disse no evangelho: ‘Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus’.

Subo para o quinto andar do hospital onde encontrava-se o menino, familiares, amigos e a mãe. Trato de consolá-la. Ela apresenta-me o relato dos seus últimos momentos ao lado do filho: “Quando vi o que estava acontecendo eu pedi para que ele se agachasse. Ele tão somente dizia, por que mamãe, por que mamãe?" Depois, o corpo desfalecido do filho, a roupa encharcada do sangue daquele que ela mesma gerara e a declaração do médico de que o filho havia levado um tiro na cabeça, que entrara pela nuca e alojara-se na fronte.

Alguém aparece e pede para que nos dirijamos para uma sala a fim de fazermos uma prece. Eu não podia ter idéia de que a sala nada mais era do que o exato local onde o João Roberto se encontrava. A mãe só gemia. O pai, aos prantos, em voz alta, dizia: “meu filho, como eu te amo. O que fizeram com você. Eu nunca vou te esquecer”. E lançou-se sobre o leito no qual o menino estava. A avó paterna levanta o lençol que cobria o corpo do João Roberto, pelo qual podia-se ver que ele ainda respirava, e exclama: “Veja, ele está cheio de fios no seu corpo”. Ao fundo, os médicos assistiam todo o horror estupefatos e visivelmente arrasados.

Essa semana, no dia 29 de Julho, eu estive na casa dos pais do João Roberto, na Tijuca. Estava programada para aquele dia uma festa que não pôde ser realizada. O momento de alegria para o qual o pai se preparara fazendo hora extra no taxi a fim de cobrir as despesas que excedia o que seu salário regular permitia realizar. Era para ser comemorado o aniversário de 4 anos do João Roberto. Passei ali 3 horas, tentado enxugar as lágrimas dos pais, da avó materna e as minhas. Era o segundo dia mais difícil de sua vidas.

O ENTERRO DO POLICIAL MORTO NA FONTE DA SAUDADE
O envolvimento com essa causa tem colocado-me em contato com vários policias, civis e militares. Meu pai foi policial civil e terminou sua carreira na polícia federal. Ele morreu faz 3 anos. Deixou para uma viúva e três filhos um modesto apartamento de dois quartos no bairro de Santa Rosa em Niterói. No encontro com esses policiais tenho encontrado o meu pai.

A morte ignóbil desses dois policiais, ocorrida recentemente na Fonte da Saudade, levou-me mais uma vez para as ruas e para o cemitério. Fomos para a Fonte da Saudade onde fixamos no local do crime, duas cruzes com os nomes dos policiais e uma faixa com a seguinte frase: “Mataram aqui dois seres humanos que trabalhavam em condições desumanas”. Antes disso, porém, participara da cerimônia que me fez irromper em prantos. O enterro de um dos policiais. Emoção, revolta e dor eram visíveis nas fisionomias dos oficiais tarimbados ali presentes. O comandante do policial morto chorava.

Vem a esposa. Ao ver o corpo do marido no caixão sente ânsia de vômito. Ela sai. Retorna. Só que agora com os filhos. A filha de 13 anos entra e ao levantar a cabeça e identificar a face do pai no caixão, recua, anda para trás, fugindo da cena que seus olhos recusavam-se a admitir. Começa a gritar: “Meu pai, quem matou meu pai?” O filho de 6 anos dá a volta e com o rosto todo molhado de lágrimas coloca-se ao lado do corpo do pai e o afaga. Um oficial da Polícia Militar, tido como um homem duro, sai visivelmente comovido e transtornado. Eu o faço parar e falo-lhe ao ouvido: “Procure administrar tudo isso com amor”.

Esse é o Rio de Janeiro desse início de século XXI. O Rio de Janeiro de sempre. Rio de sangue. Violento. Sedento de morte. Que faz seus moradores viverem ao mesmo tempo perante o cenário geográfico mais exuberante e o contexto social mais aterrorizante. Por que tantas mortes e como evitá-las? São muitas as respostas. Nós já as conhecemos. O Rio de Janeiro não precisa de mais análises sobre segurança pública. Muito menos sair em busca de soluções, pois essas também já existem. Tudo isso tem sido estudado exaustivamente e com competência. Poderia mencionar vários documentos com propostas exequíveis para a diminuição da violência. O que nos falta? Seja qual for a resposta que você e eu venhamos a dar para essa pergunta vital, uma coisa é certa: ela não deve se restringir apenas à vida dos outros, mas deve envolver a nossa vida. A sua e a minha - pois todos somos moradores desse estado, e todos, de uma forma direta ou indireta, podemos colaborar para o mal ou para o bem do lugar onde moramos.