sábado, 29 de setembro de 2007

O CULTO IDEAL


Amanhã, milhares de pessoas no Brasil se dirigirão para os templos evangélicos. É domingo, dia em que nos reunimos para adorar a Deus. A relevância de uma reunião como essa é difícil de ser exagerada. A Bíblia ensina com muita clareza que os cristãos devem se reunir para adorar ao seu Criador. O poder de transformação de um encontro como este é fato incontestável e amplamente atestado pela história do cristianismo, sem mencionar nossa experiência pessoal.

Qual seria o culto ideal? Como os que freqüentam estes encontros podem aproveitá-los da melhor maneira, e os que são responsáveis pela sua organização, torná-los o mais bíblico, atraente e relevante possível?

1. Os pastores devem ter um texto bíblico para expor. A autoridade do ministro reside na autoridade da Palavra de Deus.

2. Os pastores devem subir ao púlpito com o texto bem estudado e um sermão bem redigido. O que seria um sermão bem redigido? Um sermão bem redigido tem uma introdução, na qual o texto é visto à luz do seu contexto, uma apresentação clara da verdade essencial contida no texto que o pregador anelar proclamar, uma defesa dessa mesma verdade, mediante a apresentação de proposições solidamente alicerçadas na Bíblia e defendidas mediante o uso de textos da própria Escritura que comprovam a doutrina, em seguida, este sermão deve ser aplicado, de uma tal maneira que, suas implicações práticas sejam observadas por todos, e, por fim, uma conclusão rápida.

3. Os pastores deveriam amanhecer com seus corações aquecidos pela verdade, suas consciências apaziguadas pela graça de Deus, seus pecados confessados e abandonados, e, em espírito de oração, se dirigirem para suas congregações, a fim de causar a clara impressão aos seus ouvintes de que acabaram de sair da presença de Deus.

4. Os pastores deveriam pregar como homens, anunciando a verdade de modo franco, claro, objetivo, educado, simples, sem afetação, evitando falar sobre si mesmos, mostrando a relevância do texto bíblico e de uma tal forma que as pessoas sejam levadas a crer que o pregador crê no prega.

5. Os músicos deveriam chegar cedo, a fim de ajustarem o som, separarem as letras que serão exibidas e orarem. Todos bem vestidos, em trajes apropriados, entoando as canções como adoradores e não como artistas, participando do momento da entrega da mensagem e atentos para a conclusão do culto a fim de que sua participação final seja condizente com a obra que o Espírito revelou na mensagem tencionar operar na vida da igreja.

6. Este culto deve abrir espaço para o exercício das principais formas de oração: adoração (onde Deus é adorado pelo que ele é), confissão de pecados (o culto a Deus produz inevitavelmente convicção de pecado. Neste momento a igreja pode ser orientada a confiar mais na misericórdia de Deus do que na sua inocência), ações de graça (onde Deus é louvado pelo que Ele faz), petição (onde os pedidos são apresentados a Deus) e oração de iluminação (onde o pastor pede juntamente com a igreja, que o texto bíblico a ser exposto, seja compreendido por todos).

7. Os avisos devem ser mínimos e breves.

8. Nenhuma exigência que a Bíblia não faz deve fazer parte do culto a Deus. A Confissão de Westminster ensina que idolatria não é apenas adorar a um deus falso, mas adorar ao Deus verdadeiro de uma forma diferente daquela que é prescrita na sua Palavra.

9. O culto deve ter como meta alimentar as ovelhas, em vez de entreter os bodes (Richard Lovelace).

10. A principal marca desta reunião é um senso de transcendência que se apodera do coração de todos. O objetivo não é entretenimento, mas comunhão com Deus. Há pastores e músicos que destróem este senso de transcendência por quererem parecer bem humorados.

11. Todos devem se dirigir para este tipo de encontro na firme expectativa de que o Espírito Santo pode cair sobre a congregação repentinamente.

12. A igreja deve ouvir mais do que cantar.

13. O dirigente do culto deve se lembrar que não está em casa para ficar saudando pessoas. O adorado é Deus.

Poderíamos falar muito mais. Quem sabe mais tarde escreva alguma coisa. Mas, penso que o que já vimos até aqui, caso fosse aplicado por todos nós em nossos cultos, faria com que nos dirigíssemos para a igreja no domingo com um enorme senso de privilégio.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

DOS DELITOS E DAS PENAS – BECCARIA (PARTE FINAL)


Chegamos a parte final desta obra tão oportuna para o presente momento da nossa história. Beccaria continua falando sobre como prevenir os crimes. É neste ponto que o jurista italiano enfatiza a necessidade de educação: O meio mais seguro, porém mais difícil, para prevenir os delitos é aperfeiçoar a educação. Por isso é levado a dizer: “Quereis prevenir os delitos? Fazei com que as luzes acompanhem a liberdade. Os males nascidos dos conhecimentos estão na razão inversa de sua difusão e os bens, na razão direta. Um impostor audacioso, que nunca é um homem vulgar, é adorado por um povo ignorante e vaiado por um povo esclarecido”. Como podemos ter democracia numa nação de analfabetos funcionais? Milhares de brasileiros não sabem interpretar texto. Certamente aí se encontra a razão pela qual uma parcela significativa da população prefere mais o assistencialismo governamental, do que a inserção da população carente na vida produtiva, geradora de riqueza, promotora da boa auto-estima e fomentadora de aperfeiçoamento pessoal. Esta é a razão de certos homens haverem sido reeleitos no Brasil. O motivo pelo qual a classe média apóia o crime para se livrar do crime, em vez de lutar pelas vias da democracia e do direito. Como diz Beccaria: "Não há homem esclarecido que não aprecie os pactos públicos, claros e úteis da segurança comum, ao comparar a pequena e inútil parcela de liberdade que sacrificou com a soma de todas as liberdades sacrificadas pelos outros homens, os quais, sem as leis, poderiam conspirar contra ele”. Só quem não estudou, não conhece história geral e é suficientemente estúpido para não apreciar a veracidade e o valor de uma afirmação como esta. A anarquia é um mal infernal.Quando a Bíblia pede que nos sujeitemos às autoridades, assim o faz, para a nossa preservação numa sociedade que desaprendeu a amar.

Mas, a educação não é suficiente. Carecemos de um Estado onde ninguém esteja solto, agindo na clandestinidade, sem ter a quem prestar contas ou quem observe sua conduta nas questões públicas: “A venalidade é mais difícil entre membros que se observam uma aos outros”. Como precisamos, entre outras coisas, de boas ouvidorias, de corregedores implacáveis e de um ministério público limpo e atento as demandas do povo.

As leis precisam gozar de qualidade, tanto quanto os homens públicos: “Que as leis sejam, pois, inexoráveis e inexoráveis sejam também seus executores nos casos particulares, mas que o legislador seja brando, humano e indulgente”. Quer dizer, que jamais passemos por cima das leis. Se queremos um conjunto de lei diferente, que lutemos para que nossos legisladores sejam o que há de melhor e executem com excelência o seu trabalho, promulgando leis justas. Mas, uma vez estabelecidas, que sejam cumpridas, a não ser que estas leis proíbam o que Deus exige, ou exijam o que Deus proíbe.

Estas leis, ao serem promulgadas, devem levar em consideração as circunstâncias históricas e a índole de uma nação. Isto é indiscutível no meu modo de ver. É fato que cada povo tem suas virtudes e o seus vícios: “Mais fortes e sensíveis devem ser as impressões sobre os espíritos endurecidos de um povo apenas emergido do estado selvagem... mas à medida que os espíritos se abrandam nos estados de sociedade, cresce a sensibilidade e, com ela, deve decrescer a força da pena, se houver que se manter constante a relação entre o objeto e a sensação”.

Beccaria conclui sua obra com uma declaração que, caso fosse levada a sério por esta nação, muitos problemas que enfrentamos seriam solucionados e muitas vidas poupadas: “Para que cada pena não seja uma violência de um ou de muitos contra um cidadão privado, deve ser essencialmente pública, rápida, necessária, a mínima possível nas circunstâncias dadas, proporcional aos delitos e ditadas pelas leis”. É tudo. Por que não lutarmos por este tipo de coisa? É a santidade da vida humana que está em jogo.

DOS DELITOS E DAS PENAS – BECCARIA (PARTE XII)


Chegamos agora à penúltima análise de obra de Beccaria. Talvez, ao lado do final do livro, a parte mais magistral da obra. Nesta seção, Beccaria trata da importância de prevenirmos o crime. Ele dá início à sua abordagem sobre o tema com uma declaração incontroversa: “É melhor prevenir os delitos do que puni-los. É este o escopo principal de toda boa legislação, que é a arte de conduzir os homens ao máximo de felicidade ou ao mínimo de infelicidade possível, conforme todos os cálculos dos bens e dos males da vida”. Num contexto em que a classe média brasileira encontra-se em busca de soluções simplistas no campo da segurança pública, em que muitos dizem que a solução está em termos mais “Carandirus” e que o negócio é tão somente matar o bandido, esta declaração nos traz à memória o fato de que melhor é prevenir a prática do crime do que punir o culpado. Note que ele não está falando que não se deve punir. O que não podemos fazer é fomentar a prática do crime, deixando de combater a miséria, perpetuando a cultura do vale tudo e mantendo leis frouxas (veja que esta é uma discussão que precisamos ter, especialmente aqueles que em nome dos direitos humanos, apóiam uma legislação penal que não exerce poder algum de coerção sobre o espírito humano: até que ponto leis que não infligem temor, não tornam a vida do candidato em potencial à prática do crime, mais exposta ainda ao sofrimento, já que se ele temesse a lei, não praticaria o que o conduz à trágica experiência de ter que parar numa prisão?), e mantermo-nos preocupados apenas em punir.

Beccaria é realista: “Não é possível reduzir a turbulenta atividade dos homens a uma ordem geométrica sem irregularidade e confusão”. Muitas vezes ficamos em busca de soluções que não tenham o elemento do trágico. Num mundo malvado como este, que se tornou complexo devido à nossa incapacidade de amar, jamais encontraremos soluções fáceis, e, que, deixem de trazer perplexidade e angústia à nossa alma, por vermos um mal ser solucionado a partir da adoção de um outro mal, como, por exemplo, diminuir a violência nas nossas cidades mediante a promulgação de leis mais rígidas, de aplicação rápida e certa, o que inevitavelmente trará mais sofrimento para o malfeitor. Confesso, que gostaria de viver num mundo onde as coisas não fossem assim.

As leis devem ser razoáveis. Não devemos botar os seres humanos num torno. Levá-los a viver uma vida contrária à natureza, remetendo-os assim, a prática de crimes que são categorizados como tais, por tão somente haverem sido estabelecidos de modo arbitrário como práticas ilegais. Não devemos legislar em cima de tolices. Diz Beccaria: “Proibir uma grande quantidade de ações diferentes não é prevenir os delitos que delas possam nascer, mas criar outros novos, é definir arbitrariamente a virtude, e o vício, que nos são apresentados como eternos e imutáveis... Para cada motivo que impele os homens a cometer um verdadeiro delito, há mil outros que os impelem a cometer aquelas ações indiferentes que as más leis chamam delitos; e se a probabilidade dos delitos é proporcional ao número dos motivos, ampliar a esfera dos delitos é aumentar a probabilidade de que sejam cometidos”.

Quando as leis são boas a ponto de serem úteis para a prevenção de delitos? Beccaria responde: “Quereis prevenir os delitos? Fazei com que as leis sejam claras, simples e que toda a força da nação se concentre em defendê-las e nenhuma parte dela seja empregada para destruí-las. Fazei com que as leis favoreçam menos as classes dos homens do que os próprios homens. Fazei com que os homens as temam, e temam só a elas. O temor das leis é salutar, mas o temor de homem a homem é fatal e fecundo em delitos”. Que luz uma declaração como esta lança sobre os nossos problemas no campo da segurança pública?

DOS DELITOS E DAS PENAS – BECCARIA (PARTE XI)


Um dos males que hoje enfrentamos no Brasil, tem relação com a crescente condescendência por parte de muitos brasileiros, com a ação de homens que agem à margem da lei. Diz Beccaria: “Dentro das fronteiras de um país não deve haver nenhum lugar independente das leis”.

Uma das maiores ameaças à nossa democracia, é a abertura que a classe média, ao lado de algumas das nossas instituições, têm dado a grupos que agem à revelia do Estado democrático de direito. O raciocínio segue a seguinte linha: como o Estado não está cumprindo suas obrigações em algumas áreas, deixemos a sociedade fazer o que é contrário à lei para que determinados problemas sejam remediados. Acontece que este tipo de pensamento representa o colapso do chamado pacto social. Estamos ligados uns aos outros mediante uma aliança que fizemos, cujo conteúdo encontra-se registrado nas leis do país. Qualquer tipo de ação que viole impunemente estas leis, remete-nos para um estado incipiente de anarquia, conduzindo-nos, sem que percebamos, a males imensamente maiores do que os que enfrentamos. Pior do que a ditadura é a anarquia.

O caminho da democracia, das conquistas sociais obtidas em obediência às leis do país, é muito mais custoso, mas caracterizado por conquistas mais sólidas e duradouras. Nosso desafio neste presente contexto de barbárie no Brasil, não é darmos o jeitinho brasileiro, pois este acaba criando dois estados dentro de um só, mas pressionarmos o poder público para que este faça a constituição federal ser cumprida.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

DOS DELITOS E DAS PENAS – BECCARIA (PARTE X)


Somente hoje pude retornar ao exame desta obra normativa sobre direito penal. Analisemos, portanto, mais algumas das declarações do grande jurista italiano, sobre um tema que, nós brasileiros, carecemos desesperadamente de conhecer melhor.

Na seção em que Beccaria trata dos delitos de difícil prova, há três declarações dignas do exame de todos nós: A primeira, tem relação com o fato de que o juiz não deve a priori ter como meta provar o delito, mas buscar a verdade. Nós brasileiros, tão fartos de impunidade, precisamos tomar cuidado para que, na ânsia de punirmos os culpados por tantos crimes graves que são cometidos livremente no nosso país, não caiamos no erro de querer moralizar as coisas mediante condenações precipitadas, nas quais a verdade não foi indiscutivelmente estabelecida.

A segunda declaração que me chama atenção é a seguinte: “Não se pode chamar precisamente justa (isto é, necessária) a pena de um delito, enquanto a lei, nas dadas circunstâncias de uma nação, não tenha aplicado os melhores meios possíveis para preveni-lo”. Poucas declarações ajustam-se de modo tão claro ao nosso momento. Percebe-se, especialmente na classe média brasileira, uma grande sede de vingança. Pessoas estão iradas pelos crimes bárbaros cometidos e que não foram punidos. O que nos esquecemos em muitas ocasiões, é que o contexto social em que vivemos expõe o brasileiro à prática do crime. Não quero com isto justificar a barbárie. Estupro acompanhado de morte, por exemplo, não pode encontrar sua justificativa na miséria. Contudo, vivemos em ambientes que fomentam os conflitos humanos. Outro dia pude ver isto no Maracanã. Centenas de pessoas se acotovelando para comprar ingresso. A hora do jogo se aproximando. E todos ansiosos por ver as filas imensas chegarem ao fim. Tudo desnecessário. Por que somente um guichê? Bom, num ambiente como este, é óbvio que conflitos ocorrem, como pude testemunhar naquele dia. Note que estou falando de fila para uma partida de futebol. Não estou falando sobre ratazana na cama de um favelado, esgoto à céu aberto, salário insuficiente, ausência de ordem estabelecida pelo Estado numa comunidade onde o poder público não se faz presente, etc.

Outra afirmação pertinente à nossa realidade: “Porque os homens só se arriscam na proporção da vantagem que lhes propicia o bom êxito de um empreendimento”. Há uma íntima relação entre crime e recompensa do crime. Esta contabilidade tem que se tornar, mediante as leis, profundamente desvantajosa para o criminoso. Esta é a questão: qual o limite que o Estado deve estabelecer para a extensão da punição prescrita pela lei, de uma tal maneira que, a dignidade humana do malfeitor seja respeitada e ao mesmo tempo a punição para o delito torne o crime um negócio arriscado demais, e, assim, inocentes não sofram?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Folha Online - Mundo - Milhares vão às ruas no maior protesto em 20 anos em Mianmar - 24/09/2007


Folha Online - Mundo - Milhares vão às ruas no maior protesto em 20 anos em Mianmar - 24/09/2007





A minha pergunta é a seguinte diante deste episódio, no qual monges budistas vão às ruas para protestar contra o regime político opressor que reina em seu país: Onde estão os pastores brasileiros neste contexto de guerra civil no Brasil?

Permita-me oferecer algumas respostas:

1. Guerreando nas estrelas, trancados em quartos escuros, amarrando os espíritos malignos nos lugares celestiais. Orar é imprescindível, mas quando falta água no seu condomínio, você evangeliza o síndico, clama por avivamento e amarra o espírito da falta d'água, ou vai à reunião dos condôminos?

2. Assistindo o desenho animado do Pica Pau com os filhos às 10h da manhã e prontos para levá-los à escola ao meio-dia, enquanto os trabalhadores da sua igreja suam para sustentá-los.

3. Filosofando sobre o problema do mal, deixando de seguir o exemplo de Cristo que, em vez de divagar sobre o mal, tratava de extirpá-lo.

4. Participando de mais um seminário sobre marketing religioso.

5. Descansando, por estarem exaustos, estufados, com uma barriga enorme que têm de carregar em razão de tantos almoços e jantares inúteis de que participam com os membros mais ricos da igreja.

6. Organizando mais uma festa gospel para mostrar para a sociedade o quanto a igreja cresceu e como os crentes são alegres.

7. Conversando com seus amigos pastores sobre as últimas da vida dos demais pastores, procurando encontrar defeitos na vida destes a fim de poderem conviver bem com sua mediocridade.

8. Visitando uma nova agência de automóvel para trocar de carro, afinal de contas eles são filhos do rei e bobo é o crente que não gosta de dinheiro. O curioso é que pesquisa recente do IBGE comprova que os evangélicos brasileiros estão entre as camadas mais pobres da população. Abaixo dos espíritas. Que beleza de teologia esta que enriquece o pastor e empobrece o crente.

9. Preparando a próxima cantata de natal.

10. Dormindo, porque têm o costume de ir para cama tarde, já que não dormem sem assistir o Programa do Jô.

Se você tem mais respostas a oferecer, acrescente aqui a sua opinião.

Ps. Não nego que nesta nação existam pastores melhores do que eu, que ganham menos do que eu ganho, que exercem seus ministérios em circunstâncias bem menos favoráveis do que as minhas e que apesar de tudo fazem mais do que faço. Tem muita gente boa neste país. O fato é que há muitos que se perderam. Sentem um estranho ressentimento pelo fato da vida lhes haver negado o sucesso que tanto queriam alcançar. Fazem teologia em torno das suas crises existenciais, num estado de absoluta incapacidade de deixarem a Bíblia falar e não os seus corações adoecidos. Homens que permanecem em silêncio num contexto em que uma nação sangra.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

ENTREVISTA RECENTE AO INSTITUTO JETRO

Combate à violência - Por que a Igreja não se envolve?
Entrevista com Antonio Carlos Costa
Publicado em 21.09.2007


Todo o país está acompanhando pela mídia as manifestações contra a violência que têm mobilizado e impactado milhares de pessoas, realizadas pelo Movimento Rio de Paz, como a ocorrida em 4 de agosto, quando a Praia de Copacabana amanheceu com 3 mil montes de areia cobertos por sacos pretos. O protesto representava os mortos pela violência no Rio de Janeiro no primeiro semestre do ano. O que muitos não sabem é que este ousado movimento, que tem se espalhado por todo o país, é dirigido por um pastor, e tem contado com centenas de evangélicos entre os seus manifestantes mais ativos.

O líder do Movimento Rio de Paz é o teólogo e pastor presbiteriano Antonio Carlos Costa, nosso entrevistado. Antonio Carlos preside a Escola de Pastores (Niterói) e a Escola Teológica Reformada (Rio de Janeiro). Preside também o Palavra Plena Ministérios. Nesta entrevista, o pastor fala sobre a falta de envolvimento da Igreja em ações contra a violência, paralisada muitas vezes pelo conformismo e pela aceitação dos maus dias como um cumprimento profético e sinal dos últimos tempos. Antonio Carlos alerta a igreja para o seu potencial de transformação e mobilização social em defesa da vida e dos valores cristãos.

De forma geral, como você avalia atuação da liderança evangélica brasileira no combate à violência?


Antonio Carlos - Nossa igreja não percebeu ainda que a violência é o problema social mais grave no atual momento da nossa história. Nossa média anual de homicídio está entre as maiores do mundo. Na Itália, só para que tenhamos uma idéia, para cada 100 mil pessoas, 1 é assassinada. No Chile esta estatística vai para 1,7, nos Estados Unidos, 5,6. Já no Brasil encontramo-nos na surreal marca de 27 brasileiros mortos mediante homicídio para cada 100 mil pessoas.

Por que a Igreja não se envolve?

Antonio Carlos - Estou certo que esta apatia é reflexo da nossa falta de compaixão, carência de instrução do púlpito, escatologia profundamente pessimista que não vem acompanhada de um conceito de graça comum, ceticismo quanto às instituições brasileiras, ausência de uma cultura de participação popular e medo.

Há aqueles que, vendo a questão da violência cada vez mais fora de controle, apontam para o fim dos tempos, aceitando que esta é a realidade e que de fato ficará cada vez pior. Você acredita que esta perspectiva tem influenciado um certo conformismo dos cristãos?

Antonio Carlos - Conforme acabei de dizer, parte do problema relaciona-se à nossa escatologia. Julgamos que as profecias estão se cumprindo, o mundo não tem jeito, as nossas instituições não têm esperança e até mesmo nos alegramos quando vemos tudo isto anunciando o fim dos tempos. Peço, contudo, que consideremos as seguintes questões: E se as gerações passadas de cristãos tivessem pensado assim? E se William Wilberforce, na Inglaterra, tivesse agido com a mesma irresponsabilidade e pessimismo, recusando-se a lutar pela causa do término da escravidão no seu país? E se Martin Luther King julgasse que como o mundo jaz no maligno, não fazia sentido em ele ir às ruas e lutar pelos direitos civis dos negros americanos? Você age assim quando no seu condomínio ocorre algum problema, como falta de luz, por exemplo? Hoje, somos herdeiros de conquistas sociais levadas a cabo por homens e mulheres que, embora acreditassem nas profecias bíblicas, julgavam que este mundo não tem que ser necessariamente tão ruim quanto possa ser. Esta gente cria que os valores do reino dos céus podem ser trazidos numa certa medida para este mundo. Julgavam que igreja não pode se calar quando a vida humana é explorada e privada dos seus direitos inalienáveis. Que todos saibamos: O Espírito Santo jamais será derramado sobre uma igreja de desalmados.

O senhor acredita que há algo que somente a igreja pode fazer e mudar neste contexto de impunidade, injustiça e violência? E haveria coisas também que, por outro lado, fogem totalmente da alçada e da possibilidade de ação dos líderes cristãos?

Antonio Carlos - A igreja é o setor da sociedade de mais fácil mobilização para a luta. Somos milhares, nos reunimos todos os domingos, a comunicação entre nós é rápida e carregamos (ou deveríamos carregar) no peito fatores predisponentes para a ação, como os valores do reino dos céus. Tenho observado no Rio de Janeiro a dificuldade das ONGs e movimentos sociais de reunir gente. Eles têm boas idéias, mas não tem povo. Um milhão de evangélicos sistematicamente nas ruas das nossas cidades, mudaria a história do nosso país, num contexto em que o poder público carece de apoio popular e força emprestada pela sociedade, já que os interesses escusos das nossas instituições fazem com que o que deve ser feito seja abortado no nascedouro, e isto quando o poder público decide fazer alguma coisa.

De forma prática, como um pastor, em sua igreja local, pode agir e mobilizar os membros e a liderança para fazerem a diferença na cidade e na comunidade em que atuam, na luta contra a violência?

Antonio Carlos - O primeiro desafio é o da instrução, o da base teológica. Sem entendimento não há esperança. Nosso povo é muito ignorante quanto a estas questões. Em conexão a isto, carecemos de informação sobre o funcionamento do Estado. Saber quais os canais de expressão democrática das aspirações do povo. Tudo isto deve ser falado com paixão. Uma mensagem como esta nos lábios de um pastor que prega como quem não crê no que afirma não tocará corda do coração de ninguém. Em seguida, tendo sido dada a base intelectual e as emoções tangidas pela verdade, a igreja pode se organizar para a luta. Dividindo tarefas, procurando se inteirar da situação para que sua ação não seja ingênua, indo para as ruas numa atitude de protesto, coletando assinaturas para mudanças na legislação, socorrendo os parentes das vítimas, exigindo o cumprimento da constituição federal, tirando as crianças das ruas e conduzindo-as para a escola, entre tantas outras ações mais.

Há efetiva participação das igrejas no movimento que você preside, o Rio de Paz, apesar de ser um movimento sem vínculos religiosos?

Antonio Carlos - Deus tem os sete mil que não se curvaram a Baal sempre. Por isso não estamos sós e hoje contamos com a ajuda de muitos evangélicos. Esta é a minha esperança. Dos mil que deitaram no calçadão de Copacabana em protesto contra a violência no Rio, 95% eram cristãos protestantes. Oro para que estes que estão prontos para agir se organizem para a luta pacífica, ordeira e democrática contra a violência no Brasil. E quem sabe, a partir daí enfrentarem outras afrontas mais à santidade da vida humana, como por exemplo a miséria, o ensino péssimo, o colapso do serviço de assistência médica, o tratamento desumano que nossos presos recebem nas nossas penitenciárias, entre outros absurdos mais. Lamentavelmente, a maior parte da igreja permanece num silêncio criminoso e parece que só partirá para a ação quando a tragédia atingir a sua vida.

Aqui na cidade de Londrina, tivemos a tristeza de perder recentemente um de nossos pastores, que foi assassinado dentro da própria igreja, enquanto dirigia uma vigília com alguns irmãos, que oravam justamente contra a violência na cidade. Que mensagem o senhor deixaria aos pastores que têm de fato almejado fazer a diferença e conduzir o povo com uma mensagem de esperança em meio a um contexto tão trágico?

Antonio Carlos - Que tirem os olhos do quadro desalentador do ponto de vista social e político e olhem para aquele que é poderoso para destruir, mediante o trabalho da igreja, as estruturas do mal. O nosso Deus reina. Ele não se encontra num trono roendo unhas, torcendo para que as coisas dêem certo. Mudanças históricas profundas podem ocorrer subitamente. Num piscar de olhos, o muro de Berlim desmorona e todos querem saber como pôde acontecer. A mão que sustenta o universo pode agir em nosso favor ao oferecermos nossos lábios a Deus para clamar: "Não matarás".

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O QUE ME LEVA A PROTESTAR


Neste final de semana, surgiu uma polêmica em torno das passeatas da Zonal Sul do Rio. Alguém disse que há hipocrisia nestas manifestações, devido ao fato de muitos destes manifestantes serem usuários de drogas. Não sei com que base uma afirmação como esta foi feita. Qual a prova? Caso haja este tipo de coisa, certamente estamos diante de uma grande incoerência. Não se pode combater o mal sendo ao mesmo tempo um dos seus fomentadores. Quem compra droga colabora com toda esta desgraça da violência.

Confesso que não me senti atingido pelo comentário feito. Os protestos do Rio de Paz não ocorrem dentro do formato de uma passeata. Eles são estáticos. Trabalhamos com coisas, mais do que com gente. É mais fácil fincar cruzes e plantar rosas em Copacabana em favor da paz e da justiça do que tirar os cariocas de casa para clamar contra a violência. Em geral, só nos envolvemos no Rio de Janeiro na luta contra a barbárie quando a tragédia atinge nossa família. Fazemos parte de uma geração que um dia haverá de se envergonhar por haver lidado com tudo isto da mesma forma que o povo alemão lidou com o Nazismo na sua própria terra. Até hoje esta gente cora de vergonha quando se lembra que seus antepassados patrocinaram todo aquele horror. Só que a nossa situação é pior. Não temos um Hitler a frente do governo. Não vivemos num estado totalitário que cerceia nossa liberdade de expressão. Permanecemos calados num contexto em que vivemos num Estado democrático de direito, tendo assim, liberdade de abrir os lábios em favor da vida.

No meu caso, o que tenho a dizer, é que estou pagando um preço pessoal alto pelo meu envolvimento com tudo isto. Estava para sair do Brasil para dar seqüencia a redação da minha tese de doutorado, com tudo pago, tenho dupla cidadania, por ser cidadão europeu posso morar em qualquer nação da Comunidade Européia, minha família nunca foi atingida pela tragédia, não faço o que faço movido pela dor da perda de um parente que teve a vida interrompida pelo crime, não sou profissional de ONG e nada me obrigava a sair de casa para protestar e expressar solidariedade por parentes de vítimas que até então não conhecia, e hoje amo. O que me obrigava era um sentimento de vergonha por conviver com tudo isto sem protestar, associado a um amor, que gostaria que fosse maior, por aqueles que viveram a experiência de enterrar parentes que tiveram a vida ceifada pelo crime.

Tenho virado madrugadas inteiras trabalhando, pois é neste período do dia que montamos nosso protesto. Em Recife, na Praia da Boa Viagem, quando ficamos mil cruzes na areia, a chuva forte e o vento vinham rasgando da direção do mar. Em Brasília, na ocasião em que estendemos seis quilômetros de varal, com quinze mil lenços, lembrando a morte do mesmo número de brasileiros só neste ano, o frio da noite e o sol escaldante do dia, racharam nossos lábios e queimaram nossa pele. Em São Paulo, em cima do viaduto do Minhocão, espalhamos na madrugada, sob um frio intenso, duas mil e quinhentas mudas de plantas da Mata Atlântica, lembrando os paulistas assassinados em 2007. Em Belo Horizonte idem. Vai passar uma noite de inverno na Praça do Papa, lá no alto da Avenida Afonso Pena, fincando no gramado mil e novecentas cruzes. O dia amanhece, e com ele um batalhão de fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas fazendo perguntas para um homem exausto e que é forçado a falar sobre aquilo que jamais estudou. Alguém disse que minha fala tem sido tensa. Que eu deveria falar com mais calma. Mas como não ficar tenso quando somos forçados a falar sobre aquilo que mal entendemos, apenas percebemos como imoral e inaceitável? Como não passar tensão na fala quando somos sabedores que temos que tomar cuidado com o que vamos falar, pois sabemos que estamos tocando no interesse dos muitos que lucram com o crime? Como não nos indignarmos e expressarmos isto no tom de voz quando vemos o espetáculo sangrento de milhares de seres humanos abatidos como animais, famílias inteiras destroçadas pela dor da saudade e uma sociedade que se reúne para sambar e cantar, mas que é incapaz de se organizar para dar um fim a esta doença social crônica?

Dizem que meus telefones estão grampeados, que a P2 (policiais que agem à paisana) tem estado nos nossos protestos (até pouco tempo atrás não sabia o que era isto. Para ser franco, acho que eles estão certos, pois poderíamos estar sendo movidos por motivos nada humanitários e democráticos), que a Polícia Federal tentou nos intimidar ao botar policiais armados, com duas viaturas, a nos fotografar no nosso último protesto em Copacabana. Meus filhos, minha esposa e eu não andamos com segurança. Temos que cruzar regularmente as vias mais violentas e menos patrulhadas da nossa cidade. Isto é vida? Não sou canditado a nada. Política para mim é administrar um hospício. Necessária, porém longe de oferecer solução plena para os problemas do homem. Depois de termos resolvido todos os nossos males sociais, continuaremos morrendo, não por bala perdida, mas pela presença do vírus da morte que está inoculado em todos os de nossa raça. Por isto sou pregador do evangelho de Cristo, sem o qual, "o homem é uma piada trágica num contexto de total absurdo cósmico". O que me move é o sonho de não tornarmos no Rio de Janeiro a vida mais difícil do que já é. Não é fácil administrar os problemas comuns da vida. Adoecemos, envelhecemos e morremos. Lidar com tudo isto sob a mira de homens armados com armas de guerra, capazes de fazer com que um tiro perfaça uma trajetória de dois quilômetros, com um índice de letalidade de mais de 90%, potentes o suficiente para furar parede de alvenaria, é o fim, é o nonsense total.

O que quero tão somente enfatizar é que tem gente indo para às ruas porque ama. Este exemplo precisa ser seguido por mais cidadãos desta cidade. Dizem que somos ingênuos. Não me canso de repetir: um milhão de ingênuos sistematicamente nas ruas do Rio de Janeiro dariam um fim a morte de tantos seres humanos. Chegou a hora da nossa sociedade emprestar força ao poder público a fim de que este faça o que precisa ser feito e que muitas vezes não consegue realizar por força da falência das nossas instituições.

O que é hipocrisia é ficarmos em casa filosofando sobre a tragédia, assistindo o faroeste pela televisão, culpando o poder público, enquanto permanecemos inertes, nos comportando como uma socieadade de desalmados, e agindo como nossos vizinhos na Venezuela, Chile e Argentina não agem mais. Esta gente, tal como franceses, americanos, ingleses, entre outros, aprendeu antes de nós que, conquistas sociais são também obtidas nas ruas.

Que saiamos do entorpecimento desta droga chamada egoísmo e façamos algo para que vidas sejam preservadas.

sábado, 15 de setembro de 2007

SERMÃO DE AMANHÃ

ORANDO NO ESPÍRITO DO EVANGELHO
LUCAS 11: 1-4


INTRODUÇÃO
Como o homem deve se aproximar diante de Deus através da oração? Esta é a grande questão que é tratada pelo Senhor Jesus Cristo nesta passagem. Sendo assim, o que o nosso amado Salvador tenciona fazer é mostrar o conteúdo da oração daquele que ora de acordo com a vontade de Deus. Os seres humanos, em geral, oram. Não é só privilégio dos cristãos fazer orações a Deus. Porém, é evidente que pessoas podem fazer os tipos mais diferentes de oração. Muitas, profundamente egoístas e reveladoras de um conceito bastante pobre de Deus. Na chamada oração do Pai Nosso nos deparamos com o conteúdo da oração verdadeira. A oração que flui do coração do evangelho. Aquela que agrada a Deus e representa a expressão humana de tudo aquilo que Deus quer dar para os seus amados filhos.

Nesta seção gloriosa do Evangelho de Lucas, Cristo retrata a comunhão do homem com o seu Criador na sua mais verdadeira e bela expressão. Aqui vemos o crente de joelhos na presença do seu Deus. O Senhor Jesus retrata Deus como é e o homem como deve ser. Tudo o que ele tenciona fazer e ajudar o homem na sua súplica a saber quem é Deus e como o homem deve ser. Trata-se de uma passagem profundamente reveladora do caráter de Deus e do homem santo.

DOUTRINA: DEUS QUER QUE NOSSAS ORAÇÕES SE AJUSTEM À REVELAÇÃO QUE ELE FAZ DE SI MESMO NO EVANGELHO DO SEU FILHO JESUS CRISTO.

PERGUNTA CHAVE: QUANDO ORAMOS SEGUNDO A REVELAÇÃO DO EVANGELHO?

1. ORAMOS SEGUNDO O EVANGELHO QUANDO NOS APROXIMAMOS DE DEUS TAL COMO UM FILHO SE APROXIMA DO SEU PAI.
Cristo veio para tirar a fobia de Deus do coração do homem. O ser humano sem a revelação do evangelho crê enquanto treme, pois ninguém conhece Deus como Pai, na plenitude do significado divino dessa paternidade, a não ser que o conheça através de Cristo.

O Deus que Cristo revela é bom. Quer que nos aproximemos dele com confiança e como quem sabe que está diante daquele que mais o ama no universo.

Deus, portanto, é apresentado como alguém que tem prazer em ver seus filhos se relacionando com ele absolutamente seguros do seu amor. O Deus cristão gosta de ser chamado de Pai.

2. ORAMOS SEGUNDO O EVANGELHO QUANDO EM NOSSA ORAÇÃO EXPRESSAMOS INTERESSE PELA GLÓRIA DE DEUS.
Deus não pode crescer em nenhum dos seus atributos. Ele é perfeito em todas as suas virtudes. Pedir para que o nome de Deus seja santificado, por motivos óbvios, não significa suplicar para que Deus cresça em santidade. O problema reside no fato de que nem todos têm o nome de Deus como santo. Milhares não se relacionam com o nome de Deus movidos por encanto, assombro, amor e louvor.

O seu nome é a revelação que Deus fez de si mesmo a nós. Trata-se, entre outras coisas, da revelação das suas perfeições. Esse nome revela um Deus absolutamente amável. Por que Deus é amável? Ele é amável por ser infinitamente santo. Sua infinidade qualifica todas as suas virtudes. Significa dizer que nenhum dos seus atributos sofre qualquer espécie de limitação. O mais encantador e assombroso, contudo, é o fato de Ele ser infinitamente santo. Apartado do mal moral. Os seus atributos morais são justamente a causa maior do seu caráter amável ou da sua amabilidade. Na sua santidade Deus abomina o mal, expressa sua vontade reta aos homens e vindica sua santidade julgando os que se recusam viver a vida que Deus vive.

Sua santidade reside acima de tudo no amor que Deus tem pelo seu santo nome. Por amar sua excelências, Deus age sempre de modo consistente consigo mesmo. Jamais pode negar-se a si mesmo - deixar de agir de uma maneira que não seja consistente com a sua santidade.

O homem santo quando ora, manifesta a dor do seu coração, por ver tantas pessoas menosprezando o nome do ser mais amável do universo.

3. ORAMOS SEGUNDO O EVANGELHO QUANDO EXPRESSAMOS INTERESSE PELO CUMPRIMENTO DA VONTADE DE DEUS EM TODO O UNIVERSO.
Há uma preocupação com a glória de Deus – “santificado seja o teu nome”. Porém, orar de acordo com a revelação do evangelho é expressar preocupação com o nome de Deus e a sua vontade. “Venha o teu reino” significa suplicar a Deus pelo cumprimento pleno da sua vontade na vida de suas criaturas. É a percepção de que ser tão amável assim, deve reinar sobre tudo e todos para todo sempre. É uma expressão de confiança profunda. É a firme convicção que o curso completo da história está em boas mãos.

Aqui vemos o reconhecimento de que há um plano eterno em andamento na história. Está espécie de Deus jamais criaria as coisas e os seres racionais sem um plano. O crente anela pelo desdobrar deste plano santo, sábio e infalível. É inimaginável, um homem que conheceu a Deus e o evangelho do seu Filho, não expressar este tipo de preocupação.

4. ORAMOS SEGUNDO O EVANGELHO QUANDO EXPRESSAMOS NA PRESENÇA DE DEUS, COM CONFIANÇA NO SEU CUIDADO PROVIDENTE, NOSSAS REAIS NECESSIDADES NESTE MUNDO CAÍDO.
O Deus a quem o Senhor Jesus chama de Pai, é um Deus interessado no suprimento das necessidades fundamentais dos seus amados filhos neste mundo caído. São três as necessidades que o Senhor Jesus expressa:

Em primeiro lugar, devemos orar como quem sabe que Deus tem interesse no suprimento das nossas necessidades físicas: “O pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia”. Deus decretou criar o homem para uma vida de dependência diária. Por que foi assim? Certamente para que jamais nos sentíssemos inclinados à auto-suficiência. Deus dispôs as coisas de uma tal maneira que só conseguimos descansar pela fé. O evangelho, contudo, nos ensina que não precisamos viver ansiosos, pois Deus é o Deus da providência: “... dá-nos de dia em dia”.

Em segundo lugar, devemos orar como quem sabe que Deus tem interesse em nos dar alívio de todo fardo de culpa: “... perdoa-nos os nossos pecados...”. Que fardo é a culpa! O Senhor Jesus nos ensina nesta oração evangélica (a oração que brota do espírito do evangelho) que o Pai é obcecado pela idéia de nos ofertar perdão. Este perdão, no entanto, impõe uma obrigação moral: “... pois também nós perdoamos a todo o que nos deve”. Trata-se de uma oração que nos conduz a cura das nossas relações humanas a partir da compreensão de que é impossível um ser humano ter a experiência do amor perdoador de Deus e não manifestar nas suas relações pessoais o mesmo tipo de tratamento gracioso.

Em terceiro lugar, devemos orar como quem sabe que Deus tem interesse em impedir que sejamos derrubados pela tentação. Quanta graça! Todo este amor e acesso através da oração é revelado a seres tentáveis. Homens e mulheres que podem ouvir o diabo e duvidar de ser tão amável. Mas, esta é uma realidade. Neste mundo caído estamos sujeitos a negar o amor, a seguir a mentira e atentar contra a nossa própria vida julgando que estamos fazendo o melhor para a obtenção da nossa felicidade.

O suprimento das necessidades integrais do homem é o que Cristo nos promete nesta passagem.

APLICAÇÃO

1. PROCURE COMEÇAR SUAS ORAÇÕES NÃO COM OS SEUS PROBLEMAS, MAS COM MEDITAÇÃO E LOUVOR.
A primeira coisa a fazer é chamá-lo de Pai. Fique algum tempo aí antes de avançar. Deixe o sentido desta palavra ganhar corpo em seu coração. E adore. Assim, você dará a Deus a honra que lhe é devida e verá seus problemas na peerspectiva correta.

2. FAÇA UMA AVALIAÇÃO DA ESPÉCIE DE DEUS A QUEM VOCÊ ORA.
Não ore como os pagãos. Você é crente. Foi levado a crer em certas coisas. Ore ao Deus excelente que Cristo revelou. Não permita que sua oração se torne medíocre e incerta por causa do tipo de Deus em que você foi levado a crer.

3. EXPRESSE NA SUA SÚPLICA PREOCUPAÇÃO PELA CAUSA DE CRISTO.
Ore para que o nome de Deus seja santificado e que o Seu reino venha. Que haja um toque de indignação na sua súplica. Que você expresse agonia na presença de Deus por viver num mundo onde pessoas não amam a fonte de tudo o que é belo, santo e bom.

4. SUPLIQUE POR AQUILO QUE DE FATO VOCÊ PRECISA.
Você precisa de pão, perdão e proteção. Seu corpo precisa de alimento, sua alma precisa de perdão e seu coração precisa de proteção. Caso contrário, seu corpo perecerá, sua comunhão com Deus será rompida e seu coração seguirá ao que é perverso. Não gaste tempo com tolices. Que sua oração esteja à altura das suas reais necessidades.

5. TRATE DE SER UMA PESSOA DE ORAÇÃO.
Conhecer o conteúdo dessa oração, com todas as suas promessas e a revelação deste Deus tão amável e não orar, é uma completa contradição.

CONCLUSÃO
Na oração do Pai Nosso o Senhor Jesus não apenas nos ensina a orar, mas revela quem Deus é e quem somos. Que oremos à luz desta revelação. Em orando assim, oraremos como quem sabe quem Deus é e o homem como é e deve ser.

Antônio Carlos Costa
Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca
Rio, 15 de setembro de 2007

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

CRIMINALIDADE NO BRASIL: CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

No dia 19 de agosto do corrente ano, o jornal O Globo, publicou o resultado de uma pesquisa sobre a criminalidade no Brasil. Observe os dados (com algumas considerações minhas):

1. Há uma média de 41 000 homicídios no Brasil, dos quais 36 000 são por armas de fogo. Comentário: O Estado precisa tirar a arma da mão daquele que não tem o direito de portá-la. Carecemos de uma campanha sobre o uso de arma de fogo análoga às que são feitas contra o cigarro. Perdemos o plebiscito? que pelo menos afirmemos que o uso de arma de fogo é um perigo.

2. Nos Estados Unidos para cada 100 mil habitantes, 739 estão presos. No Brasil esta estatística cai para 191. Comentário: No Brasil mata-se mais e pune-se menos.

3. Em geral, o brasileiro não aciona a polícia, por medo e descrença. Comentário: precisamos dar tudo para o policial (bons salários, treinamento, etc.) e exigir tudo. Penas severas deveriam ser aplicadas a agentes do poder público que traíram a confiança da sociedade.

4. Para cada 3 brasileiros 1 diz ter sido vítima de assalto, 58% não deixam filho sair à noite, 53% não andam sozinhos no seu próprio bairro depois que escurece, famílias acabam tomando a decisão de sair de bairros onde impera a violência, em razão da insegurança pública o valor dos imóveis despenca. Comentário: nosso maior desafio social está no campo da segurança pública. A garantia do direito à vida é o compromisso social prioritário do Estado democrático de direito.

5. Nos Estados Unidos 64% dos homicídios são esclarecidos, em São Paulo 12% e no Rio 2,7%. Comentário: o trabalho da polícia não pode ser avaliado tão somente pelo número de pessoas mortas em confronto e armas apreendidas, mas pela qualidade do seu trabalho preventivo, investigativo e serviço de inteligência. Tal número de crimes sem esclarecimento, serve de grande estímulo para que facínoras continuem a matar.

A reportagem ainda destaca o custo social da violência, o fato de que não há uma correlação absoluta entre pobreza e violência (o que concordo inteiramente e me leva a crer que, enquanto dermos um tratamento paternalista a este problema, continuaremos dizendo que a miséria explica o estupro acompanhado do esquartejamento e morte da moça adolescente, cuja vida foi interrompida por um marginal) e a verdade de que temos que aumentar o risco do criminoso (o crime não pode compensar).

Você que faz parte desta geração, composta por homens e mulheres que convivem pacificamente com tudo isto: você não sente vergonha não?

terça-feira, 11 de setembro de 2007

LYA LUFT E O RIO DE PAZ


Domingo último, uma amiga da igreja, entregou-me um recorte da revista VEJA do dia 27 de março de 2007, trazendo um comentário feito pela articulista Lya Luft, acerca da profecia dramatizada das cruzes na Praia de Copacabana:

"A bela idéia de colocar 700 cruzes na Praia de Copacabana simbolizando os mortos por violência no Rio em apenas alguns dias devia ser repetida por todo o país. Em praias, praças, ruas, parques. Lá estariam, vigilantes, as vítimas dessas mortes tão evitáveis, a nos alertar de que, com vontade real de acabar com essa guerra civil, o terror sem remédio terá remédio".

Fica aí a sugestão. Por que não realizarmos este tipo de manifestação pública em todo o Brasil? Será que já não chegou a hora de fazermos o sangue do brasileiro custar caro? Esta é uma forma pacífica, criativa, ordeira e contundente de gritarmos: "Não matarás". E para tal, não faço nenhuma questão de exercer controle sobre nada. Tudo isto pode ser levado a efeito sem um poder central, de forma espontânea e apaixonada, através da participação de cidadãos brasileiros, que acreditam no valor incalculável da vida humana.

Fica aqui minha expressão de gratidão pelo artigo dessa querida escritora brasileira, com quem nunca tive o privilégio de trocar uma só palavra. Uma mulher que revela um interesse pela vida que não tenho encontrado em muitos daqueles que dizem haver tido um encontro com Deus no nosso país.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O CAOS DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

No dia 23 de agosto do corrente ano, ocorreu na cidade de Ponte Nova, Minas Gerais, uma tragédia que deveria ter parado o Brasil. Um incêndio em uma cadeia matou 25 presos. De acordo com a polícia tudo resultou de uma briga entre grupos rivais no presídio. Parlamentares e integrantes do Poder Judiciário, contudo, já haviam alertado sobre riscos de problemas em Ponte Nova. Segundo reportagem do jornal O Globo do dia 24 de agosto de 2007, o Tribunal de Justiça chegara a enviar um ofício ao governo classificando a situação na cadeia de "insustentável", com risco iminente de fugas e rebeliões. Juízes da Comarca vinham alertando para os problemas no local. Um ofício foi encaminhado à Secretaria Estadual de Defesa Social, em março, a presidência do Tribunal chamou a atenção para a situação carcerária de Ponte Nova. A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia visitou a cadeia em maio, quando tomou conhecimento de três mortes entre o fim do ano passado e início deste ano, e alertou sobre o risco, assim como os jornais locais já vinham fazendo. Segundo reportagem do referido jornal, na época, os deputados receberam lista com 22 nomes de presos, que estariam marcados para morrer. Nove destes estavam entre os mortos.

Veja o que o representante da Pastoral Carcerária de Ponte Nova, Gilson de Oliveira, declarou: "Foi uma tragédia anunciada... o delegado disse que não teve muito o que fazer porque, quando a polícia pôde atuar, os corpos da cela invadida já estavam sendo queimados, carbonizados. Uma imagem terrível, a porta de entrada do inferno". A cadeia, que tem capacidade para 87 presos estava com 173.

Considerações sobre este absurdo, esta afronta à dignidade humana e aos céus:

1. A lei não prescreve para os presos brasileiros este tipo de punição. O que está ocorrendo no sistema carcerário brasileiro é fora da lei. Aqui não vai discurso de quem quer dar regalia para bandido, conforme costuma-se dizer. Não. A impunidade é uma praga. Mas, que a punição seja ao mesmo tempo suficientemente dura para impedir a prática de novos crimes, e indiscutivelmente justa a ponto de não infligirmos sobre a vida do preso um sofrimento que desrespeita a santidade da vida humana.

2. O Brasil é um país sem linha de responsabilidade. Uma "tragédia anunciada". E ninguém será punido. Carros explodem o pneu em buraco de estrada e pessoas morrem, idosos perecem sem assistência médica em hospital, marquise desaba sobre a cabeça de pedestre, e ninguém é responsabilizado.

3. Muitos destes presos que são bestializados nos nossos presídios, já passaram por uma obra profunda de transformação pessoal mediante o trabalho de assistência social e religiosa. Em muitas ocasiões, homens que se arrependeram do que fizeram, prontos para voltar a viver, tencionando recuperar o tempo perdido, e, que tiveram a vida interrompida pelo descaso do Estado.

4. Carecemos de aproximadamente 250 novos presídios no Brasil. Nossa massa carcerária vive uma vida que canis brasileiros não permitem que seus cães vivam. Para não mencionar os 550 000 mandados de prisão expedidos pela justiça brasileira e que ainda não foram cumpridos. Tudo isto representa: criminosos fora da cadeia e presos vivendo confinados, sujeitos a uma espécie de vida que fomenta a revolta e o crime.

5. A CPI do Sistema Carcerário da Câmara, pedida pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA)(criada em 22 de maio último) tem que ir adiante no seu trabalho de investigação. O Brasil não pode assistir impassível a existência de campos de concentração em seu território.

6. Homens e mulheres de classe média que não gritam contra esta crueldade, são os mesmos que subornam policiais para que seus filhos presos por envolvimento com tráfico de drogas não sejam estuprados nos nossos presídios. Preste atenção, o mal que você tolera pode se voltar um dia contra sua vida.

Em suma, mais Carandirus é inadmissível.

DADOS DA CRIMINALIDADE NO RIO

As pesquisas sobre letalidade costumam trabalhar em termos de número de pessoas assassinadas para cada grupo de 100 mil seres humanos. É óbvio que uma média mensal de 1000 assassinatos no Estado de Alagoas é diferente de uma média análoga no Rio de Janeiro, que é muito mais povoado.

Na Itália, para cada 100 mil italianos, 1 é assassinado. No Chile, 1,7. Nos EUA, 5,6. No Rio de Janeiro a estatística é a seguinte: 49,9 para cada 100 mil cidadãos fluminenses. Entre jovens de 15 a 24 anos, é de 102,8. Na capital, a taxa de jovens mortos é de 131,3 para cada 100 mil moradores.

Conclusão: estamos vivendo um genocídio. Estudos mostram que estes jovens, em geral, são do sexo masculino, negros, pobres e fora do colégio.

A REFORMA DO CÓDIGO PENAL

É fato fora de controvérsia que parte da causa da violência urbana que impera no Brasil tem como uma de suas matrizes a miséria. Veja, contudo, este depoimento extraído da série do jornal O Globo intitulada "Democracia Roubada": "Deseperada, a mãe, Maria Firmina Alves, queria negociar com os traficantes a libertação da filha Fabiana Alves Fonseca, de 19 anos, mas só conseguiu o corpo esquartejado de volta, resgatado por policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais.

- A mãe contou que subiu o morro e foi perguntando pela filha a um e outro até que disseram que o corpo da menina estava num lugar conhecido como Santuário, onde o tráfico executa suas vítimas. Quando ela chegou já encontrou o corpo de Fabiana. A cabeça estava junto ao pé, sem um braço, o corpo cheio de marcas de tiros. Ela saiu dali e foi pedir a ajuda da polícia - conta a promotora Vera Regina de Almeida... que ouviu o depoimento da mãe.

Conclusão: a outra matriz deste ambiente de barbárie é a impunidade. Não há miséria que justifique um crime como este. Nenhum estado se sustém sem o elemento da coerção. Sem que os infratores da lei temam. O regime de progressão da pena precisa ser revisto. Não pelo desejo de vingança de uma sociedade que quer "olho por olho e dente por dente", mas pelo anelo de um povo que quer ver a taxa brutal de criminalidade em nosso país cair, em decorrência da existência de leis suficientemente duras a ponto de levar o criminoso a desistir da prática do crime.

domingo, 9 de setembro de 2007

PARA UMA VIDA FRUTÍFERA - II

Aqui vai mais uma lista de princípios que julgo imprescindíveis para que vivamos uma vida que produza fruto. Sei que não dependemos de desempenho para sermos amados por Deus, contudo, viver de uma tal maneira que pessoas vivam melhor por meio da nossa vida, e, assim, o nome do nosso Deus seja glorificado, é algo desejável. Se não faz com que mereçamos o amor de Deus, é uma boa forma de expressarmos nossa gratidão pela obra da sua graça em nós. Vamos lá:

19. Viva como quem sabe que um dia haverá de prestar contas ao justo juiz do universo. Pense na chegada deste grande dia. Sua realidade é uma exigência da razão. É inconcebível que no fim da história não haja diferença entre ter vivido uma vida de serviço ao próximo e a Deus, e haver vivido uma vida imersa no egoísmo. A santidade de Deus exige que ocorra um dia o estabelecimento pleno da diferença entre ser justo e injusto. Tenha como meta da sua existência não chegar diante do trono da graça de mãos vazias.

20. Repila das suas atividades a intenção de viver para responder pessoas, despertando em seus corações inveja quanto à sua vida. Tem gente que se esgota no trabalho, faz o que Deus nunca pediu, matricula-se em cursos de que não carece, entre tantas outras iniciativas mais, tão somente, para mostrar para alguém ou para um certo grupo o seu valor como pessoa. Que desperdício! Deus não cobrará jamais de você o não haver correspondido às exigências dessa gente ou não ter vencido a competição da performance. O que ele pede de você e de mim é que vivamos para agradá-lo, mesmo que isto represente menos diplomas, igrejas abertas, dinheiro ganho e fama alcançada.

21. Tenha como dia perdido aquele em que você não buscou a face de Deus em oração e comunhão com a sua Palavra. A melhor parte da vida é estar na presença de Deus.

22. Separe um amigo com o qual você possa abrir o seu coração regularmente. Não administre, especialmente, suas tentações sozinho.

23. Creia que o novo pode se iniciar de um modo súbito e surpreendente em sua vida. Hoje, a graça de Deus pode vir sobre você e torná-lo um ser humano mais bonito. Nunca permita que a vida o leve a crer que as coisas cristalizaram de tal maneira na sua vida que não há mais esperança de transformação. Aqui vai uma dica: sempre que este sentimento de desesperança o acometer, saiba que é do inferno. O Espírito Santo nunca trabalha dando-nos a impressão que todas as portas estão irremediavelmente fechadas.

24. Viva o presente. Não permita que os remorsos, nostalgia e frustração referentes ao passado, ou, o medo e ansiedades referentes ao futuro, o impeçam de viver o presente.

25. Ame seus inimigos. Desenvolva a habilidade de transformar opositores em amigos.

26. Perdoe. Quando não perdoamos colocamos o objeto da nossa amargura dentro de um cárcere, sendo que o carcereiro somos nós.

Espero amanhã falar sobre os ardis do adversário de nossa alma.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

NOTÍCIAS SOBRE O REVERENDO ANTONIO ELIAS

Ontem estive na casa do reverendo. Neste momento ele tem que se submeter diariamente a três sessões de diálise. Ele está sendo provado. Até o mês passado, com seus 97 anos de idade, nunca o vi solicitando ajuda de ninguém para sentar ou levantar. Simplesmente não precisava. Agora, não consegue fazer nada sem a ajuda das pessoas. E permanecendo completamente lúcido, continuando a amar a vida.

Mais uma vez, apesar das limitações físicas, fraquezas e dores, ele encontrou tempo para me instruir e consolar. Conversamos muito sobre a nossa fé e a igreja de Cristo. Perguntei a ele: "que conselho o senhor daria para um ministro?" Ele respondeu: "Que seja pastor". Ou seja, que se dedique ao ministério como prioridade da sua vida.

Ontem ele me disse: "esta história de que o evangelho ensina que o bom crente não sofre é pura balela". Pessoas estão pregando neste país um evangelho que desprepara a igreja para enfrentar as lutas deste mundo caído.

Hoje retornarei à sua casa para ler para ele trechos de relatos de calvinistas que tiveram a experiência do batismo com o Espírito Santo. Espero que juntos, ele e eu, nesses momentos tão distintos de vida que estamos vivendo, possamos ser poderosamente visitados pelo poder de Deus.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

FAMÍLIA, IGREJA E ESTADO


Na minha última postagem havia expressado o meu desejo de dar continuidade no dia seguinte ao artigo sobre "Vida Frutífera". Não pude. Lá vai o relato destes últimos dias. Na noite daquela quarta-feira fui ao Maracanã com meu filho mais novo. Botafogo e Flamengo. Em breve vou fazer uma postagem com a torcida do Botafogo cantando o hino: "E ninguém cala". Voltemos à realidade. Na quinta-feira, almocei com um dos membros do conselho consultivo do Rio de Paz, o ótimo sociólogo, Ignacio Cano, professsor da UERJ. Foi uma das mais proveitosas reuniões que pude ter nos últimos dias sobre o nosso movimento. No período da noite, participei do fórum realizado pelo jornal O Globo sobre a maravilhosa reportagem da série, Democracia Roubada, que relata o sofrimento e insegurança dos moradores das favelas do Rio de Janeiro. Após o encontro, permaneci na redação do jornal, conversando com o Jorge Antonio Barros até de madrugada. O Jorge é um excelente jornalista, membro do conselho consultivo do Rio de Paz e irmão na fé. Que conversa boa, franca e eivada do conteúdo do cristianismo.Foi um dia ganho. Este amigo tem se revelado também como uma ótima fonte de consulta.

Na sexta, o que houve de mais importante, foi minha visita ao reverendo Antonio Elias. Meu amigo e pastor. Este pai espiritual, não somente meu, mas de tantos, está carecendo da nossa intercessão perante o nosso Deus. Ele contou-me que nunca havia pensado em toda a sua vida que um dia haveria de passar pelo vale da sombra da morte. E ele passou, ao ter que ficar internado no CTI, com um grave problema renal, e, infelizmente, lamento dizer que nosso tão amado pastor de 97 anos de idade,ainda encontra-se no vale, com suas sessões diárias de diálise. Pela graça de Deus, contudo, o reverendo permanece inabalável. Ele disse-me que é seu desejo que no próximo dia 27 haja um culto de ação de graça pela sua vida. Sua vontade é que muito louvor a Deus seja entoado, e, que de um modo especial, a fidelidade de Deus seja exaltada. Lembro-me do hino que diz: "Passam-se os dias, as horas se passam, passam por ti e por mim, transes de morte por fim nos esperam, vem tanto a ti quanto a mim".

Sábado, parti cedo para um compromisso de pregação em Governador Valadares (MG). Que viagem cansativa e ao mesmo tempo proveitosa. Pude conhecer gente preciosa. Entre elas o doutor Einstein. É isto mesmo. Einstein. Ele tem outros irmãos. Quatro, me parece. Um chama-se Lindon Johnson, outro, Di Estefano, e por aí vai. Esse médico e irmão na fé trata-se de uma pessoa amável. Bem humorado, inteligente, crente, gosta do grupos de rock progressivo da década de 70 - Emerson, Lake and Palmer, Triumvirat e Renaissance. No Rio, torce pelo o Botafogo. Na teologia, tem preferência por Martyn Lloyd-Jones. Um santo, portanto! Nunca pensei que fosse encontrar um dia em minha vida alguém com estes gostos todos. É, Deus não elegeu apenas a mim para gostar do que é bom!

Preguei duas vezes no domingo em igrejas diferentes. Pela manhã falei na Sexta Igreja Presbiteriana sobre o texto de Mateus 6 ("Não andeis ansiosos"), e, na parte da noite preguei na Primeira Igreja Presbiteriana sobre o tema: "A Fé sem Obras é Morta". Procurei enfatizar a verdade de que muito embora sejamos justificados pela graça de Deus mediante a fé somente, a fé que pela graça justifica precisa ser justificada pelas obras. Existe a fé dos regenerados e a fé que Tiago chama de "fé dos demônios". Estes crêem e não amam. Crêem enquanto tremem. Já os verdadeiros crentes crêem e amam. Não apenas acreditam em Deus, mas amam a Deus, vêem excelência em Deus, por isto fixaram seus afetos em Deus. Deus é alguém com quem os regenerados se relacionam. O seu grande amigo ("Abraão foi chamado de amigo de Deus"). Por isto, estão prontos para entregar seu Isaque a este mesmo Deus.

Cheguei de Governador Valadares na segunda-feira. Li os jornais atrasados. Fui malhar na academia, assisti com a família a um filme que muito me comoveu (depois falo sobre ele) e a noite caí no sono. Veio a terça-feira e fui orar e malhar bem cedo. Retornei para casa a fim de preparar a mensagem da noite sobre a epístola aos colossenses. Na parte da tarde conversei com a equipe de pastores e a noite fiz minha exposição bíblica. Dormi tarde, pois após o culto, a pedido da minha esposa, participei da despedida de um casal da nossa igreja que vai morar nos Estados Unidos.

Hoje, tive que ir para o Consulado de Portugal, onde passei a manhã inteira, a fim de dar entrada na cidadania portuguesa dos meus dois filhos. Bom, não sei se você sabe, além de carioca, torcedor do Botafogo, sou também cidadão português. Daí a minha liberdade para fazer piada de português. Eu já te contei aquela do português que chegou numa festa de 15 anos, com uma maletinha, dizendo que só iria ficar 3 meses? Você sabia que quando o Brasil foi para a Antártica, Portugal foi para a Brahma? Chega. Não vou esgotar meu repertório de piada de português. E, saiba que minhas piadas não vão de encontro ao orgulho que tenho de fazer parte desta nação desbravadora dos mares, com sua culinária imbatível e a beleza de sua natureza. Nação da qual vieram meus antepassados. Tá bom, só mais uma. Você sabia que na ocasião em que o "cinema 180 graus" matou centenas de pessoas em Portugal, imediatamente os portugueses trataram de diminuir a temperatura?

Na parte da tarde de hoje tivemos uma reunião do Rio de Paz e da ONU no Palácio Itamaraty no centro do Rio. Em breve (23-24/10) realizaremos um fórum, em parceria com a ONU,sobre "Violência, Participação Popular e Defesa dos Direitos Humanos". Após o encontro, parti para o Viva Rio a fim de falar com o bom católico, Tião Santos, que deve fazer parte do conselho consultivo do Rio de Paz. Mais um encontro muito instrutivo.

E, agora, quase dez e meia da noite estou escrevendo este texto para o blog. Amanhã, terei um dia delicioso, se Deus permitir. Irei à praia de manhã, à tarde vou ler Thomas Hobbes (Leviatã) e à noite, a entrega completa à irracionalidade - irei ao Maracanã com o Matheus e o Pedro para ver Botafogo e Palmeiras.

Aí está um pouco da minha vida. Um pouco da luta de procurar andar com Deus num mundo caído, servir a causa do evangelho e a causa da justiça social, cuidar dos interesses da família, da igreja e do Estado. Que o nosso Deus e Pai, ajude a você e a mim, a mantermos uma agenda equilibrada. Uma agenda que seja expressão do compromisso com o que cremos e sabemos ser verdadeiro. Sei que não é fácil. Em muitas ocasiões sinto o coração apertado por causa do temor de haver perdido o equilíbrio. Mas, em Cristo (meu texto de ontem) "estão ocultos todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria". Nele, podemos encontrar direção. Basta orar, antes de agir.