quarta-feira, 12 de novembro de 2008

BLOG NOVO!

Gente, eu tomei fôlego, pensei, orei e decidi mudar de blog. É que através de um amigo americano conheci o sistema do typepad. Ele tem mais recursos e é mais elegante. Aqui vai o novo link (e já tem um post novo!): http://palavraplena.typepad.com

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O QUE A LITERATURA DE AUTO-AJUDA NÃO FALA


Ana (I Sm 1) ficou face a face com o atributo da soberania. Pôde vivenciar toda a luta, frustração e vergonha da esterilidade. Viu-se perante uma barreira intransponível – o ser humano perante uma vontade inflexível. O cosmos contra uma mulher. Aí se percebe que o poder da vida e da morte está nas mãos do Criador. A humanidade inteira, grandes e pequenos, homens e mulheres, ricos e pobres, todos devem sua origem e tempo de existência ao poder e determinação de um outro. Como disse o rei Davi: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”. Ana experimentou aquilo que poderíamos chamar de senso de criaturidade e dependência absoluta. Em seguida, percebeu como verdade não apenas abstrata, mas manifestada de modo concreto na vida, o fato de que riqueza e pobreza, honra e humilhação, são decretadas por Deus.

Nem sempre o que trabalha prospera e o que age com retidão é honrado. É fato que quando Deus decreta riqueza, costuma decretar trabalho, e quando decreta integridade, costuma decretar honra. Contudo, nem sempre as coisas funcionam assim. Análises podem ser feitas sobre o curso da vida do que prosperou e foi honrado. Causas da riqueza e da honra serão descobertas e virtudes serão encontradas. Porém, quem, a despeito de toda virtude e forma prudente e sábia de administrar a vida, pode ficar livre dos infortúnios que escapam ao controle humano? Lá estava o que trabalhou duro e prosperou alcançando de modo resoluto suas metas. Mas por que antes de prosperar não fez um acidente vascular cerebral ou o avião em que viajava não caiu? O que ele pode fazer pelas artérias do seu cérebro, ou o vôo de um MD 11 cruzando o Atlântico? Que biografia sobre a vida de homem de sucesso atribui a uma providência cheia de graça o fato de essas tragédias não terem interrompido a tal trajetória vitoriosa de vida? Ana foi curada de deixar cair no esquecimento o fato de que nossas vidas estão penduradas por um fio que se encontra na mão de um ser soberano.

Mais um trecho do meu novo livro: Enquanto o Sonho não Nasce: Por que Deus adia a Realização dos nossos Sonhos?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VENDO ATRAVÉS DA LÁGRIMA


O maior propósito de Deus para os seres humanos é que esses o conheçam e o desfrutem para sempre. Nisso consiste a maior felicidade de um homem, contemplá-lo e amá-lo, em razão da perfeição dos seus atributos. Cultuá-lo, por força da visão comovente da sua beleza. Sendo assim, a Bíblia nos ensina... que Deus usa o seu governo providencial para nos ensinar teologia. Mediante essa ação soberana, por meio da qual seus planos eternos são cumpridos (o que é chamado em teologia de providência), Deus usa o nosso sofrimento para que tenhamos uma visão da sua beleza que não teríamos de outra forma. É da vontade divina, portanto, que o homem, em muitas ocasiões, em vez de sair em busca de uma causa específica para a sua dor ou um propósito para o seu infortúnio (o que muita vezes é impossível e gera muito stress espiritual), busque investigar atentamente que aspecto das perfeições divinas Deus quer revelar. Deus está sempre falando de si mesmo ao homem.

Extraído do livro: Enquanto o Sonho não Nasce: Por que Deus adia a Realização dos nossos Sonhos?

sábado, 8 de novembro de 2008

O DONO REAL É DEUS

A Bíblia afirma, no Salmo 24 versículo 1: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. Tudo que a ética cristã tem a falar sobre economia e ecologia está alicerçado nessa passagem. Somos apenas administradores do que é de Deus. Não temos o direito de usar as produções humanas e naturais para a satisfação egoísta dos nossos desejos. O homem terá que usar a terra sem abusar da terra, se beneficiar da atividade profissional humana sem explorar o seu semelhante. A economia de mercado, por exemplo, terá que ser regulada, sim – pelo temor de Deus. É um insulto a Deus transformar em ídolos que nos escravizam as riquezas que nos foram dadas com uma dupla finalidade: o nosso aprazimento e meios de aprofundamento da relação com Ele.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

COMUNIDADE PALAVRA PLENA

Gostaria muito de saber quem está freqüentando o blog regularmente e manter uma relação mais estreita com esses amigos e irmãos. Acabei de criar a Comunidade Palavra Plena. Voltada para cristãos interessados em teologia reformada e no conhecimento da beleza de Deus.

Inscreva-se agora! Vai ser um prazer identificá-lo. Se possível, coloque uma foto.

Aqui vai o endereço: http://palavraplena.ning.com/

NÃO MATARÁS

Inscreva-se na rede cristã pela redução das mortes violentas no Rio. Assim a comunicação entre milhares de cristãos interessados pelo tema será facilitada.
http://naomataras.ning.com

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

REDE CRISTÃ DE COMBATE AO CRIME

VIOLÊNCIA NO ESTADO DO RIO: 2007-Jul 2008/Fonte: ISP

* HOMICÍDIO DOLOSO-9405

* AUTO DE RESISTÊNCIA-2149

* POLICIAIS MORTOS EM SERVIÇO-45

* LATROCÍNIO-320

* DESAPARECIDOS-7370

* FERIDOS-115.644

Esses são os números da violência no nosso Estado entre Janeiro de 2007 e Julho de 2008 (o ISP ainda não divulgou os números de Agosto, Setembro e Outubro). Os números do atual governo. Um governo que deve ser respeitado por nós, pois foi democraticamente eleito. Um governo que não é o responsável pelo início dessa tragédia social, que é histórica e endêmica. Mas, um governo que tem falhado. Por que?

A nós nos cabe procurar conhecer a resposta para essa pergunta. Quem sabe, oferecer ajuda mediante engajamento popular. E não apenas isso. Erguer a voz bradando: "Não matarás".

Esse blog é uma iniciativa do ministério que lidero há 11 anos. Durante todo esse período usei o Programa Palavra Plena para pregar o evangelho. Creio que chegou a hora de lutar pelo direito à vida ao lado do trabalho prioritário de anunciar a morte e ressurreição do Filho de Deus.

A partir de agora, você que se tornou membro do blog, estará recebendo informações sobre a segurança pública no Rio de Janeiro. O desejo é o de dar um enfoque cristão para o tema. Conto com sua participação e entusiasmo.

Pode ser que essa cidade ouça a voz de Deus através da Sua igreja e se arrependa da sua maldade. Nossas ruas estão cobertas de sangue. Deus não nos criou para isso.

Consulte a Rede Social do Palavra Plena: http://palavraplena.ning.com/

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

ESPANTADO COM O AMOR DE DEUS

Deus quer que aprendamos a reconhecer sua existência como fundamento da vida e o seu poder e amor como causas primárias de tudo aquilo que nos chega às mãos. Até porque ter alguém no cosmos para quem podemos dizer um racional “muito obrigado” nos momentos de prazer acrescenta um sabor à vida que só conhece aquele que vê uma declaração de amor em cada dádiva recebida. Por isso, Calvino costumava dizer que o ímpio come a comida e não sente o sabor, pois não a recebe com ações de graças.

A razão pela qual, portanto, Deus conduz-nos a apresentar nossas súplicas a ele reside no fato de que uma vez que estas tenham sido atendidas, transformam-se em cânticos de louvor. Por tudo isso, Deus, na sua infinita sabedoria e amor, suprime e adia o recebimento de algumas bênçãos, a fim de nos levar à oração. Depois de muita busca, contrição, lágrimas e reconhecimento da soberania divina sobre as nossas vidas, Ele nos concede a bênção tão ansiada. Deste modo, o que seria concebido como algo absolutamente natural passa a ser encarado como um milagre, pois desde o grão de arroz que nos chega à mesa até a salvação em Cristo, tudo é obra da graça divina. O cristão é alguém espantado com o amor de Deus.

Extraído do livro: Enquanto o Sonho não Nasce: Por que Deus Adia a Realização dos nossos Sonhos?
Lançamento: Próximo Natal

domingo, 2 de novembro de 2008

CANIÇO PENSANTE


Para onde quer que o homem lance o olhar contempla aquilo que pode representar a sua destruição. A condição do homem é trágica. Os cristãos sempre levaram em consideração esse fato. Para eles a vida de um incrédulo sempre foi um enigma, pois os que tem as certezas do evangelho não sabem como alguém pode viver sem uma esperança adequada - suficiente para atender às aspirações do espírito humano e baseada em evidência racional. Foi Pascal quem disse:

É preciso ter a alma muito elevada para compreender que não há... satisfação verdadeira e sólida; que todos os nossos prazeres não passam de vaidade, que os nossos males são infinitos; que, finalmente, a morte que nos ameaça a cada instante deve colocar-nos infalivelmente, dentro de poucos anos, na terrível necessidade de sermos eternos, ou aniquilados, ou infelizes.

Foi Pascal, como poucos pensadores, quem pôde descrever o caráter ambíguo da condição humana – sua grandeza e a sua miséria, que ironicamente, coincidem:

A grandeza do homem é grande na medida em que ele se conhece miserável. Uma árvore não se conhece miserável. É, pois, ser miserável conhecer-se miserável; mas, é ser grande conhecer que se é miserável. Todas essas misérias provam a sua grandeza. São misérias de grande senhor, misérias de um rei destronado... numa palavra, o homem conhece que é miserável. Ele é, pois, miserável, de vez que o é... o homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante.

Um caniço pensante! Um ser frágil e que o sabe. Como atender as demandas da alma de um ser racional e que se vê ao mesmo tempo exposto à tragédias das quais procura fugir com horror? Como lidar com o receio de ter que enterrar os filhos em lugar de ser enterrado por eles, de ser abandonado pelo que ama, se privar mediante morte do convívio com alguém estimado, perder a reputação, ser objeto de uma escaramuça, fazer um câncer, sofrer um acidente grave, presenciar uma terceira guerra mundial ou ver um asteróide se chocar contra o planeta terra e destruir toda a espécie humana e tudo aquilo que esta produziu, sem deixar registro algum de um poema ou composição musical? E isto sem ter ninguém do lado de fora para chorar. Será que as palavras que William Shakespeare põe nos lábios de um dos seus personagens estão com a resposta final?

Apaga-te, vela fugaz!
A vida não é senão uma caminhada
Sombria, um pobre ator
Que se pavoneia e gasta a sua hora
No cenário,
E logo ninguém mais o ouve;
Vem a ser um conto
Narrado por um idiota,
Cheio de ruído e fúria,
Que não significa nada.

O que Cristo trata de fazer nessa passagem é apresentar uma forma de o homem aprender a lidar com os seus temores. Ele não apresenta um mandamento tão além do que o homem julga ser capaz de alcançar, sem ao mesmo tempo revelar a razão de ser do mandamento. Cristo nunca pede do homem o que este não pode dar. Deus não deixaria os seres humanos sem uma saída para as suas preocupações, muitas das quais suficientemente fortes para deixar qualquer pessoa aturdida.

A partir do versículo 25 Cristo trata de apresentar os motivos para crer da razão iluminada pelo evangelho. Sim, há duas formas de usarmos a mente. A forma natural e a forma iluminada. A fé cristã não tem nada a dizer para aquele que rejeita o evangelho. O evangelho provê luz. Sem a luz do evangelho a mente humana terá que funcionar inevitavelmente sob a influência das trevas dos condicionamentos mais diferentes impostos pelo pecado. Sem o evangelho o homem natural pode até chegar à conclusão de que Deus existe. O que ele não conseguirá jamais será conceber um Deus confiável.

Aqui vai uma lição básica e que será enfatizada ao longo de toda essa exposição bíblica: o cristianismo exige o uso do cérebro. Cristo não nos chama para fazermos outra coisa que não seja pensar. Pensar a partir do evangelho. Um evangelho que ensina o homem a confiar no caráter de Deus.

Extraído do livro que estou para lançar no Natal: Ansiedade: Quando o Homem Duvida do Caráter de Deus

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A NECESSIDADE DE UMA CERTEZA METAFÍSICA


Viver ansioso é duvidar do caráter de Deus. O que determinará a extensão da ansiedade no coração de um homem não será o tamanho da ameaça à sua vida, mas o seu nível de confiança no caráter de Deus. Se este crê, será levado a fazer eco às palavras do grande apóstolo Paulo: “Se Deus é por nós quem será contra nós?” A ansiedade ao lado da ganância são algumas das conseqüências diretas e imediatas da falta de conhecimento de Deus. Cristo dizer "não andeis ansiosos” é o mesmo que dizer: “não duvidem de mim”.

Há pessoas, contudo, mais conseqüentes com o que crêem. Gente que ao chegar à conclusão de que Deus não é confiável, é levada a crer que afirmar que Deus não é confiável é negar a sua existência. Resta ficar entregue a um universo cujas ameaças à existência humana são de tal magnitude que, a resposta mais sensata à vida é a depressão metafísica, para a qual não há tratamento psicanalítico que dê jeito. O que pode conduzir ao que experimenta essa angústia existencial à tentativa sempre frustrante de tentar fugir da realidade mediante o uso de alguma droga ou a entrega a alguma espécie de diversão.

A forma como o universo está disposto exige do homem uma certeza metafísica - algo que esteja fora dessa vida, incapaz de estar sujeito ao estado de mudança e decadência de tudo o que nos cerca, capaz de lhe oferecer segurança à ameaça do não-ser. O supremo horror do homem. O tombo para a não-existência. Confesso que quando olho para uma noite estrelada e penso na seqüencia infindável do tempo, procuro alguém que possa me proteger da impessoalidade assustadora do espaço cósmico. Só com o Deus do evangelho esse universo que amedronta se transforma num lugar que encanta.

Extraído do livro que estou para publicar: Ansiedade: Quando o Homem Duvida do Caráter de Deus
Lançamento: Próximo Natal

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A DIMENSÃO MORAL DA ANSIEDADE


Há uma dimensão moral na ansiedade. Observe que Cristo apresenta como mandamento o chamado a não permitir que a ansiedade domine o coração dos seus discípulos: “... não andeis ansiosos pela vossa vida...”. A conexão entre o verso 25 e os anteriores é muito clara. No verso 24, por exemplo, Cristo fala de um homem divido entre o amor a Deus e o amor às riquezas, mostrando a completa impossibilidade de uma pessoa servir a dois deuses ao mesmo tempo. Lá está aquela pessoa exprimida entre o desejo de servir a Deus e o desejo de servir ao dinheiro. Uma escolha que desagradará a um deles terá que ser feita, pois tanto o dinheiro quanto Deus fazem exigências diametralmente opostas à alma. Deus quer que o ser humano prospere, acima de tudo, no campo do ser. O dinheiro só reconhece a prosperidade do ter. No reino de Deus vale quem é. No reino do dinheiro vale quem tem. Deus manda dar dinheiro e dele debochar. O dinheiro exige acúmulo e respeito. Acontece que o dinheiro possui certas vantagens em relação a Deus. Tal como Deus o dinheiro apresenta atributos de divindade. Faz promessas que o Deus cristão faz ao homem. Poder, fama e segurança são algumas das promessas que ele faz aos que prostrados o adorarem. O que o torna mais atraente como fonte de segurança é o fato de ele parecer mais concreto. Você pode tocá-lo. Uma vez que você o tenha poderá acioná-lo a qualquer hora. A escolha por uma dedicação integral de vida a ele é inevitável para aquele que não confia o suficiente no caráter de Deus. Esse é o ponto: quando não se confia no caráter de Deus vive-se em função de um ídolo que ofereça proteção, o que conduz inevitavelmente à ansiedade. É por isso que pessoas passam por cima de tudo e de todos por causa de dinheiro, e quando se vêem no meio de uma crise econômica, enfartam.

Extraído do livro que estou escrevendo agora: Ansiedade: Quando o Homem Duvida do Caráter de Deus.
Lançamento: Próximo Natal

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

OS ÁTOMOS DIZEM AMÉM

Permita-me dizer como me sinto perante a vida: considero-a como algo tão frágil, breve, duro e incerto que, só esta estrutura bem alicerçada de pensamento (cristianismo), baseada em promessas tão sinceras e capazes de satisfazer a mente de qualquer inquiridor, para que eu possa ter paz. Nesse mundo de doenças incuráveis, guerras, pestes, homicídios, asteróides sem direção e buracos negros, careço de me lembrar sempre que a parte inanimada e impessoal da vida está sujeita a parte pessoal. No Mar da Galiléia Cristo aquietou o mar e fez o vento cessar dizendo: “Mar, aquieta-te. Vento, cessa”. Todos os átomos do universo têm que dizer amém para Deus.

Extraído do livro: Ansiedade: Quando o Homem Duvida do Caráter de Deus.
Lançamento: próximo natal.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

ANSIEDADE: UM GIGANTE DA ALMA

A ansiedade é um dos gigantes da alma. Esse Golias que temos que derrubar e que pode ser derrubado com uma só pedrada. Basta que lhe acertemos na testa a promessa do cuidado divino pelo seu povo. Viver com medo é ser um escravo. É deixar de viver o presente por força das preocupações do futuro. É ser afetado no corpo e na alma por um sentimento especialmente presente na vida daqueles que pensam. Só os estúpidos para não se alarmarem com as ameaças concretas que cercam a vida de todos os seres humanos. Sem o conhecimento das verdades desse texto das Escrituras (Mateus 6: 25-34) jamais o homem poderá descansar. Jamais. A terapia poderá até mesmo ajudá-lo a entender a razão do seu pânico, mas não lhe oferecerá razão alguma para vencê-lo. É impossível seres racionais e finitos terem descanso sem uma referência pessoal e infinita de um amor através de cujo poder ilimitado possa cuidar daqueles com quem fez uma aliança.

Extraído do prefácio do livro: Ansiedade: Quando o Homem Duvida do Caráter de Deus.
Lançamento: Próximo natal.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

SEPARANDO TEMPO PARA SER SANTO

Separe tempo para ser santo:

A vida cristã é composta por duas partes. A primeira delas é a prática do cristianismo. Ela envolve a vida que é vivida para a glória de Deus e com todas as conseqüências que resultam dessa obsessão de tornar as perfeições de Deus conhecidas.

Esta vida para a glória de Deus, neste cenário de queda, sendo nós justos e pecadores ao mesmo tempo, pois como ressaltava Lutero, somo justos pela graça de Deus que nos imputou a justiça de Cristo e pecadores porque esta justiça ainda não foi completamente infundida em nossa vida, implica entre outras coisas, na necessidade do cristão viver o cristianismo num mundo que é avesso ao cristianismo sendo o crente imperfeitamente santo. Isso não e fácil. Por isso nós precisamos atentar para a outra parte da vida cristã - que é o preparo para a prática do cristianismo.

Muitas vezes, a igreja é eficaz em apresentar o que o crente deve fazer para viver uma vida agradável a Deus. Mas, muitas vezes a igreja não dá subsídios para que este possa praticar o cristianismo. Não lhe dá instrução acerca do como a vida cristã pode ser tornada viável.

Observe, como ilustração do ponto que estou enfatizando, como podemos ter uma idéia do que está sendo falado quando pensamos nas atividades esportivas. Há a competição propriamente dita, mas também todo um preparo de bastidor que é de fundamental importância para que o atleta seja bem sucedido. O cristianismo não foge a esta regra , ele exige de nós este preparo, vamos assim chamar de bastidor, para que a vida cristã seja vivida.

Neste sentido vale a pena enfatizar que ninguém consegue viver a vida cristã sem disciplina. E o que envolve então esta disciplina de vida, sem a qual ninguém vive a vida cristã na sua plenitude?

Há algumas coisas que, em geral, têm feito parte da tradição de espiritualidade cristã encontradas na vida dos maiores santos de Deus, daqueles a quem Deus, de uma forma toda especial, usou na história. É muito interessante observarmos como há características das biografias dos servos de Deus que são comuns às mais diferentes tradições da autêntica espiritualidade cristã.

Por exemplo, sabemos que estes homens separavam tempo para estar na presença de Deus, em solitude, orando. Aí está um elemento fundamental para que o cristão adquira fôlego para viver o cristianismo, que é uma vida de oração.

Não apenas uma vida de oração caracterizada pela decisão de separar momentos para que, em solitude, a face de Deus seja buscada, mas, também, a prática continua da presença de Deus, tal como Brother Lawrence enfatiza na sua "A Prática da Presença de Deus".

Um outro elemento fundamental no preparo para a vida cristã, é a leitura regular das sagradas escrituras. Tenho para mim que um dos exercícios espirituais mais deliciosos é a leitura da bíblia em espírito de oração. A leitura que é feita de tal maneira que a própria bíblia sugere o conteúdo da oração. Funciona da seguinte forma: Lá esta você lendo a bíblia e, de repente um versículo, uma frase, uma palavra salta do texto, atinge o seu coração e ali, você faz uma pausa para que, com base na verdade revelada, apresente uma suplica a Deus. Vale a pena, em conexão ao que acabei de dizer, que devemos também nos lembrar da necessidade do silêncio - a decisão de estar a sós com Deus.

A presença nas assembléias santas e solenes - o culto público (o que envolve a decisão humilde de parar, regularmente, para ouvir o pregador da verdade e participar da ceia do Senhor) - é outro elemento de fundamental importância para a solidificação da nossa vida espiritual. Não conheço uma só pessoa longe da igreja e cheia do Espírito Santo ao mesmo tempo.

Eu ainda incluiria a prática da meditação cristã - aquele exercício doce de ruminar a verdade, separar tempo para permitir que a palavra de Deus se torne nossa, se faça carne.

Vale a pena também lembrar a todos a importância dos votos espirituais e de estabelecermos metas para o nosso dia a dia que envolve, por exemplo, a decisão de nos abstermos daquelas coisas que estão nos trazendo prejuízo à vida cristã, por mais legítimas e inocentes que sejam.

Podemos acrescentar a comunhão cristã, o exercício humilde de procurar alguém para abrir o coração e falar das fraquezas, das tentações, dos sonhos, das lutas, das vitórias e das derrotas.

O que eu gostaria que você soubesse é que não basta saber o que você deve fazer. A Bíblia também nos dá subsídios para que saibamos como viabilizar a vida cristã. Estas práticas, a cerca das quais acabei de falar, fazem parte da biografia dos grandes servos e servas de Deus. Estes viviam uma vida caracterizada pela prática regular destas disciplinas espirituais.

Em suma, não se vive a vida cristã sem disciplina. Sem a decisão de se separar tempo para fortalecer a alma a fim de que o cristianismo seja vivido em sua plenitude.

Os irmãos puritanos do passado costumavam dizer: Separe tempo para ser santo.

Ps. Aqui vai minha gratidão à Kathy Pianni, pela transcrição dessa parte de uma mensagem minha no púlpito da Igreja da Barra.

sábado, 25 de outubro de 2008

O ESPANTO FILOSÓFICO

Uma característica do homem moderno é a incapacidade de se espantar com a vida. O grande pensador grego, Sócrates, costumava dizer que a filosofia nasce do espanto. Ninguém é filósofo se não for capaz de tomar sustos e se surpreender com o que vê. Para nós, homens e mulheres pós-modernos, após a revolução científica ter desvendado alguns dos segredos da natureza, parece que o que nos cerca perdeu o encanto e o caráter sobrenatural. Tudo se tornou natural para nós. Sentimos como se tivéssemos avançado de uma era mitológica, para uma filosófica e agora alcançamos a idade adulta onde só cremos no que os nossos sentidos captam. Sendo assim, damos tudo como líquido e certo. As coisas são do jeito que são devido a leis que operam de modo inexorável. Por isso, temos como natural o planeta dar volta em torno do sol, a mudança das estações, a temperatura da Terra, o funcionamento do corpo humano, entre tantos arranjos mais que levavam pensadores do passado a verem com assombro a presença de desígnio na natureza, o que implicava na existência de um ser pessoal por trás de tamanha complexidade. Como foi levado a dizer o reformador francês João Calvino:

Ademais, por isso que no conhecimento de Deus está posto o fim último da vida bem-aventurada, para que a ninguém cerrado fosse o acesso à felicidade, não só implantou (Deus) na mente humana essa semente de religião..., mas ainda de tal modo se há revelado em toda a obra da criação do mundo, e cada dia meridianamente Se manifesta, que não podem (eles) abrir os olhos sem serem forçados a contemplá-lo... quantas vezes volvemos os olhos para onde quer que seja, a glória se lhe estadeia... para todo e qualquer rumo a que dirijas os olhos, nenhum recanto há no mundo, por mínimo (que o seja), em que se não vejam a brilhar ao menos algumas centelhas da Sua glória. Nem podes, realmente, de um só relance contemplar quão latamente se estende esta amplíssima e formosíssima engrenagem, que não sejas de toda parte esmagado todo pela intensidade imensa de (seu) fulgor”.

Trecho livro: Enquanto o Sonho Não Nasce: Por que Deus Adia a Realização dos Nossos Sonhos?
Lançamento: Próximo natal.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A CIÊNCIA MAIS SUBLIME

Certamente Deus não usa problemas particulares que enfrentamos a fim de nos levar aos seus pés por um prazer sádico de nos ver humilhados. Não se trata de nenhum desejo de auto-afirmação sobre aqueles que ele mesmo criou.

Nenhum ser humano pode acrescentar glória ao ser de Deus. Deus independe de tudo e todos para amar e ser feliz: “Quem, pois, conheceu a mente do nosso Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e pare ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém”. Muito menos podemos aceitar a idéia de que Deus esteja em busca de um amor capaz apenas de buscá-lo em face da realidade da privação. Ele é suficientemente excelente para que os homens dele se aproximem pelo simples prazer de estar na sua presença. Como dizia Jonathan Edwards: “Os santos preferem o que eles já têm de Deus do que qualquer coisa do mundo... as visões que as vezes são dadas a eles da beleza e excelência de Deus são mais preciosas para eles do que todos os tesouros dos ímpios”.

O que podemos admitir é que Deus pode começar com o nosso egoísmo e terminar com o amor interessado acima de tudo na contemplação da sua beleza. É legítimo Deus usar as preocupações humanas a fim de que nos aproximemos do seu ser. Essa é a essência do amor aplicado com sabedoria: levar o objeto desse mesmo amor ao seu fim mais excelso pela via do caminho mais sábio. Nesse sentido, Deus revela sua infinita sabedoria ao usar nossas frustrações para que o busquemos em oração.

Tudo o que ele quer é que o tenhamos. Para que o tenhamos é necessário que o conheçamos. Para que o conheçamos é fundamental que busquemos a sua presença. A oração é a principal avenida para o conhecimento de Deus. Essa é a razão pela qual Deus cria no espírito humano esse senso de dependência absoluta a fim de que o homem o procure, e, em o procurando, encontre não apenas aquilo deseja, mas conheça o próprio Deus. Como foi levado a dizer num dos seus sermões o grande pregador inglês Charles Spurgeon:

“Nada é melhor para o desenvolvimento da mente do que a contemplação da divindade. Trata-se de um assunto tão vasto, que todos os pensamentos se perdem na sua imensidão; tão profundo que nosso orgulho desaparece em sua infinitude. Podemos compreender e aprender muitos outros temas; derivando deles uma certa satisfação pessoal e pensando enquanto seguimos o nosso caminho: “Olhe, sou sábio”. Mas, quando chegamos a essa ciência superior e descobrimos que nosso fio de prumo não consegue sondar sua profundidade e os nossos olhos de águia não podem ver sua altura, nos afastamos pensando que o homem vaidoso pode ser sábio, mas não passa de um potro selvagem; exclamando então solenemente: “Nasci ontem e nada sei”. Nenhum tema contemplativo tende a humilhar mais a mente do que os pensamentos sobre Deus.

Ao mesmo tempo porém que este assunto humilha a mente, ele também a expande.

Aquele que pensa com freqüência em Deus, terá a mente mais aberta do que alguém que apenas caminha penosamente por este estreito globo... o melhor estudo para expandir a mente é a ciência de Cristo, e Este crucificado, e o conhecimento da divindade na gloriosa Trindade. Nada alargará mais o intelecto, nada expandirá mais a alma do homem do que a investigação dedicada, ansiosa e contínua do grande tema da divindade.

Ao mesmo tempo que humilha e expande, este assunto é eminentemente consolador. Na contemplação de Cristo existe um bálsamo para cada ferida; na meditação sobre o Pai, há consolo para todas as tristezas, e na influência do Espírito Santo alívio para todas as mágoas. Você quer esquecer a sua tristeza? Quer livrar-se dos seus cuidados? Então, vá, atire-se no mais profundo mar da divindade de Deus; perca-se na sua imensidão, e sairá dele completamente refrescado e revigorado. Não conheço coisa que possa confortar mais a alma, acalmar as ondas de tristeza e da mágoa, pacificar os ventos da provação do que uma meditação piedosa a respeito da divindade. É para esse assunto que chamo a atenção nessa manhã..."


Conhecer a Deus, amá-lo com um amor santo e puro, é seu principal alvo para seres que, devido a constituição do seu próprio ser, não se satisfazem com nada que esteja aquém da contemplação da beleza perfeita. Lá está o homem, portanto, prostrado, plenamente cônscio da sua limitação, a suplicar a ajuda de um outro – o seu Criador. Um diálogo é estabelecido, um contato é feito e a fonte de toda a dádiva é conhecida. Ana, orando, conheceu a Deus numa medida em que até então não conhecia. Sua oração resultou de um anelo legítimo não cumprido. O anseio consciente do coração pode levar o que ora a encontrar aquilo que não estava procurando e que de tanto carecia – o próprio Deus.

Extraído do livro que estou nesse momento rescrevendo: Enquanto o Sonho Não Nasce: Por que Deus Adia a Realização dos Nossos Sonhos?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O DIREITO DE FAZER PERGUNTAS

Quando os céus parecem cerrados, orações não são ouvidas e desejos legítimos não são satisfeitos, perguntas emergem na mente de todos: por que Deus permite que vivamos a tristeza de ver dia após dia um anseio profundo do nosso coração não se realizar? Por que um Deus bom e Todo-poderoso permite que um filho fiel não realize um desejo que está em plena harmonia com a Sua Palavra?

É interessante observar como pessoas que não professam a fé cristã, em muitas ocasiões, importam para seus sistemas de pensamento problemas intelectuais que não lhes dizem respeito. Pessoas que não crêem na existência de um Deus infinito e pessoal, erguem questões acerca da razão da presença de tanta injustiça e dor no nosso planeta. Como se massa mais energia e mais acaso pudessem produzir um mundo onde crianças não morressem de leucemia. Mais absurdo ainda é, após terem chegado à conclusão de que a vida não tem sentido, tentarem ensinar aos outros que a vida não tem sentido. Que sentido tem isso? Há sentido em saber que a vida não tem sentido? O problema do sofrimento é um problema de quem crê. Quem não crê não tem que ficar levantando perguntas referentes às tragédias humanas. E aqui nos deparamos com um possível problema intelectual do sistema de pensamento cristão. Deus cerra a madre de mulheres que querem ter filhos, decreta o desemprego para homens que querem trabalhar e não deixa crescer igreja de pastores que desejam ampliar o tamanho do seu rebanho. Sim, a Bíblia ensina isso e podemos fazer a análise que for da situação, sendo capazes de chegar às conclusões mais naturais dos problemas que nos cercam que, lá no final dessas sucessões todas de causa e efeito, encontraremos a vontade soberana de um ser que não se deixa domesticar e que não saiu em busca de conselho ao decretar, nos tempos eternos, a criação dos céus e da terra. E aí está um problema: por que Deus assim o faz? No caso específico do texto que estamos analisando: por que Deus adia a realização de um sonho? Sim, esse é um problema nosso, do nosso sistema de fé. E ficamos felizes por ele existir, pois incomparavelmente pior seria se não tivéssemos o direito de fazer pergunta alguma sobre o porquê de mulheres não engravidarem pelo simples fato de vivermos em um mundo onde esse tipo de pergunta é uma completa sandice. Massa e energia não sabem nada de mulher chorando.

Extraído do livro que será relançado no próximo natal: Enquanto o Sonho Não Nasce: Por que Deus Adia a Realização dos Nossos Sonhos?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O DUPLO OLHAR

As Escrituras Sagradas nos oferecem uma base intelectual para fazermos uma dupla leitura de tudo aquilo que ocorre no mundo. Uma forma de analisarmos o que acontece na vida é mediante a investigação científica, levando em consideração as leis de causa e efeito que regem o universo. Para o cristianismo não é incompatível com a fé fazer uma leitura sociológica da queda do muro de Berlim, uma análise econômica da revolução russa ou até mesmo uma reflexão a partir de premissas psicológicas da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Isto porque a ação de Deus na histórica dá-se mediante as causas secundárias que Ele mesmo dispôs para a consecução de seus propósitos soberanos. Mas, qual seria a causa primária? Aquela que se constitui na raiz de todo processo histórico. Segundo o ensino esmagador de toda a Bíblia – a vontade soberana de Deus. Esta é a outra forma mediante a qual a mente equipada pela verdade bíblica lê os fatos da vida. Deus, a causa primária de todas as coisas age através das causas secundárias. Assim, ele usa a inveja dos irmãos de José para salvar Israel, a perseguição dos judeus para os cristãos primitivos levarem o evangelho para o mundo gentílico e a traição de Judas para que Cristo morresse em favor da sua igreja.

Extraído do livro Enquanto o Sonho Não Nasce: Por que Deus Adia a Realização dos Nossos Sonhos?, a ser relançado no próximo natal

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

HOJE O DIA RENDEU

Pela graça de Deus o dia de hoje foi proveitoso. Pude ler o meu jornal pela parte da manhã, estudar um pouco de sociologia e orar. Ainda encontrei tempo para malhar na academia. À tarde tive uma reunião com os voluntários do Rio de Paz e um membro do conselho consultivo. Planejamos o protesto do final do ano. Vem coisa por aí.

Na parte da noite preguei no Encontro Palavra Plena que temos toda segunda-feira, no centro do Rio. Falei sobre a declaração do leproso que o Senhor Jesus curou: "Se quiseres, podes purificar-me". Que beleza de afirmação teológica.

A vontade de Deus não está circunscrita ao seu poder em razão do fato de o seu poder ser ilimitado. Deus pode fazer tudo o que quer fazer. Quando a Bíblia diz que Deus é onipotente ela quer nos comunicar que Deus exerce pleno domínio sobre toda a sua criação. Nada, absolutamente nada, escapa ao seu controle. Ele só não pode fazer aquilo que é inerentemente impossível (fazer um círculo quadrado, por exemplo) e aquilo que vai de encontro ao seu caráter (mentir, por exemplo).

Sendo assim, os nossos problemas não são necessariamente inerentes à nossa existência. Não se tratam de males crônicos dos quais jamais nos livraremos porque Deus perdeu o controle da vida. Deus não é um tolo irresponsável, capaz de antever todos os males de um mundo que poderia escapar ao Seu controle e mesmo assim decidir criá-lo. Todos nós podemos dizer: "Se quiseres, podes". Sim, porque Deus não é apenas um Deus bem intencionado. Deus é um ser que pode fazer tudo aquilo que tenciona fazer. Por isso Ele é bem-aventurança eterna em si mesmo, pois Ele é tudo o que gostaria de ser e faz tudo o que gostaria de fazer. Não podemos conceber um Deus de quem sentimos pena. Um ser que encontra-se no céu roendo unhas torcendo para que as coisas dêem certo nesse planeta.

sábado, 18 de outubro de 2008

DO DIA 26 DE SETEMBRO ATÉ HOJE

Tenho que admitir que esses últimos dias têm representado um verdadeiro desafio para minha vida. Senti muito cansaço e tive que atravessar um deserto que, espero em Deus, nunca mais volte a enfrentá-lo. Por isso a dificuldade de parar para escrever. Perdi a inspiração e a mente ficou cansada. Foi uma pena, porque o blog tem sido bastante visitado. Mas, o tesouro habita em vaso de barro.

Vivo dias de novas descobertas intelectuais e a conseqüente necessidade de fazer uma ponte entre a teologia e as ciências sociais em geral, em especial, a política e a segurança pública. Tudo isso é resultado do Rio de Paz e o desafio de tentar entender esse mundo novo para dentro do qual o cristianismo me empurrou. Não dá para ver gente morrer todos os dias e ficar calado. E não quero que minha ação seja romântica e ingênua. Daí a necessidade de ler e conversar muito com gente do ramo.

Sinto-me apertado e exprimido por todos os lados:

Doutorado em teologia e a necessidade de obter uma formação em ciências sociais.

Pregação do evangelho e luta pela defesa dos direitos humanos.

Cuidado da família e cuidado da igreja.

Dedicação à igreja e cuidado dos parentes de vítima de homicídio.

Amor pela igreja no Brasil e decepção com seus membros.

Respeito às autoridades constituídas por Deus e indignação com sua incapacidade de cuidar da vida humana.

Aproveitamento das oportunidades de falar de Cristo e lutar pela defesa da vida humana e a necessidade de cuidar da minha vida espiritual e saúde.

Desejo de levar o evangelho para os povos e desejo de viver num Brasil mais justo.

Afirmação da graça de Deus perante às imperfeicoes da minha vida e o temor de não abusar do amor daquele que me amou e a si mesmo se entregou por mim.

O que está certo para mim neste exato ponto da minha vida:

Conhecer a Cristo foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Sem o cristianismo a vida é incompreensível. Com ele enxergamos tudo. Sem ele, resta a desatenta frieza surda do cosmos.

Separar Deus de religião é questão de sobrevivência espiritual. Quando olho com horror e espanto para as expressões religiosas, ergo o olhar para o céu e procuro divisar a beleza das belezas - minha divina delícia.

Sou pecador. Confio, portanto, mais na graça do que em performance religiosa.

Deus é gracioso. Tenciono, portanto, ser santo porque Ele é amável e bom para comigo.

Bom, estou aqui correndo. Hoje é véspera de domingo, o horário de verão começa amanhã e terei que ajustar o meu relógio para acordar mais cedo. Estou tomando uma série de decisões no ministério que vão ter grande repercussão em tudo o que faço. Aos poucos vou compartilhar contigo. Só para adiantar, vou investir tudo na comunicação pela internet. Creio que a televisão esteja para chegar ao fim no meu ministério. Estou com vontade de começar uma nova igreja, sem sair da minha, lá na Barra da Tijuca - igreja que tanto amo. Vou voltar a escrever. É minha intenção transformar, literalmente, todos os meus sermões em livros. Três serão lançados no natal.

Quando estava próximo dos 40, pedi a Deus, numa oração na praia de Piratininga em Niterói, que pudesse viver esses próximos anos, até ser levado pelos anjos de Deus para o seio de Abraão, com maior compromisso, entrega e nível de amor por Deus do que o que vivi na minha juventude. Espero que essa oração seja ouvida. Que eu possa provar do poder expulsivo de uma nova paixão. Que um novo amor por Cristo venha. Venha logo. E expulse todos os demais amores mundanos, que fazem guerra contra a alma. Como gostaria de ser batizado com o Espírito Santo, e, juntamente com uma geração de irmãos na fé corajosos e apaixonados por Cristo, ver o que os olhos da minha geração ainda não puderam testemunhar no Brasil - um copioso derramar do Espírito, com milhares sendo batizados ao mesmo tempo em todo o território nacional, e a igreja se levantando para mostrar para o mundo que o Senhor é Deus.

Bom dia do Senhor para você.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A FASE DOS FÓRUNS

Nesses últimos dias o que mais fiz foi participar de fóruns sobre segurança pública. Talvez, você que venha me acompanhando nesses últimos anos, esteja observando uma possível incoerência no meu ministério: o discurso monotemático. Só falar de um assunto. Cansei de denunciar o pregador de uma doutrina só. Quem tem me acompanhado mais de perto, entretanto, tem podido observar que continuo acreditando nas mesmas coisas. Para mim não há nada mais urgente e importante, no que tange ao que a igreja pode fazer pelo mundo, do que pregar o evangelho. É isso que tenho feito no púlpito da minha igreja. Nunca permitirei que ele seja politizado. Porém, nunca permitirei que pessoas sejam levadas a crer que falar sobre política é falar sobre o indecoroso e necessariamente sujo.

Ora, fazer política pode ser comparado à tentativa de se administrar um hospício, conforme disse o apologista cristão, Blaise Pascal. Não nego esse fato. Precisa ser afirmado, porém, que a causa final da política trata-se de algo nobre, santo e necessário. Veja o que o grande cientista político cristão, Johannes Althusius, foi levado a dizer sobre o tema: "A causa final da política é o desfrute de uma vida confortável, profícua e feliz, e do bem-estar comum... a causa final é também a conservação de uma sociedade humana que objetive uma vida na qual se possa adorar a Deus, sem erro e pacificamente". Isso é bonito, meu amigo. O cristão pode se filiar a um partido político, por exemplo.

Visando manter uma harmonia entre pregação e compromisso político, dei início a um trabalho evangelístico semanal no centro do Rio, realizei há poucos dias uma imersão, de um dia inteiro, com um grupo de 60 pessoas, na Confissão de Westminster e essa semana comecei um projeto ambicioso - os encontros para pastores e seminaristas. Segunda-feira passada falei manhã e tarde para eles sobre o tema Pregação e Pregadores: a Preparação de Sermões e a Entrega da Mensagem. Só para você ter uma idéia - nesse momento estou apresentando na minha igreja uma séria de mensagens sobre as metáforas e parábolas de Cristo. Simplesmente não tenho espaço para politizar a pregação, pois pregação expositiva em série, fiel ao texto bíblico, não permite esse tipo de coisa.

E, os fóruns? O que rolou? Bom, dois deles foram organizados por nós. Um, realizado no Sindicato dos Jornalistas, com os candidatos à prefeitura do Rio. O foco da discussão foi segurança pública. Nunca, até aquela data, na história das eleições municipais do Rio, um debate dessa natureza havia sido realizado. Em seguida, tivemos a honra de organizar, em parceria com a ONU, o segundo fórum sobre "Violência, Participação Popular e Defesa dos Direitos Humanos".

Esta semana participei, como convidado do IBASE e do CESEC, de um debate sobre o tema violência, realizado na Faculdade Cândido Mendes, com os candidatos ao governo do município do Rio. E, anteontem, o Jornal do Brasil me convidou, para participar do mesmo tipo de debate, só que agora com a presença de todos os candidatos (nos anteriores, os mais bem colocados nas pesquisas não apareceram) e para tratar do todo da administração municipal. Foi bom para a nossa causa, pois em ambos os encontros pude falar sobre a necessidade imperiosa de o prefeito enfrentar os dois problemas mais graves que estamos vivendo no campo da segurança pública, que são as execuções extra-judiciais e o domínio territorial armado por parte de narcotraficantes e milicianos.

Sabe qual a conclusão a que eu chego? Como foi bom no meu período de estudante de teologia, quando estava começando a conhecer a rainha de todas as ciências, não ter abraçado a teologia da libertação. Simplesmente fiquei com Lausanne 74 e a missão integral da igreja, tal como defendida por Rene Padilla, John Stott e Francis Schaeffer. Mais tarde, pela graça divina, mantive contato com a tradição calvinista, essa defensora da democracia, da liberdade e da lei. Promotora das artes e das ciências, fundadora das grandes universidades americanas (Yale, Princeton, Harvard) e proclamadora do evangelho de Cristo (Spurgeon, Whitefield, Edwards, entre outros), e, agora, me vejo falando sobre política (tenho que confessar, amando o tema) sem perder de vista o trabalho de evangelista. Profetizando contra a injustiça social e falando do evangelho para quem perdeu parente assassinado.

O desafio é "pregar o evangelho todo, para todo homem e para o homem todo".

terça-feira, 16 de setembro de 2008

ESTOU DE VOLTA

Desde que comecei o blog nunca fiquei tanto tempo sem postar uma mensagem. Não se trata de falta de estímulo, pois estou certo de que essas mensagens escritas pela internet têm um efeito salutar muito grande. Mas, simplesmente não tive tempo nem cabeça para escrever.

Passei por lutas. Batalhas difíceis que exigiram muito de mim. Tomei consciência dos meus pecados e da necessidade de ser um homem melhor. Não quero ter espírito público e fracassar ao mesmo tempo no relacionamento com o ser humano concreto que cruzou o meu caminho. Em outras palavras, não quero amar o Homem e não ser capaz de amar o homem.

Foi um período de novas tentações. Provas que tem a ver com o meu novo momento de vida e talvez a idade. Há lutas que são inerentes a certas fases de nossa vida. Os pecados da juventude, por exemplo, dão lugar aos pecados da meia-idade, que por sua vez são diferentes dos conflitos morais da velhice. O apóstolo Paulo diz: " Fuja dos pecados da mocidade...". "Satanás veleja com o vento", já dizia o pregador Puritano, Thomas Brooks.

Foi uma fase de perda. A morte da Cleyde Prado pegou a todos nós de surpresa. Ela estava fazendo pelo Rio de Paz muito mais do que muitos irmãos na fé que conheço - homens e mulheres que teimam divorciar ética privada de ética pública. Gente que no tempo da escravidão trataria de cuidar bem dos escravos, mas sem se envolver com a luta pelo término da escravidão.

A morte da Cleyde foi assim. Na noite de quarta-feira, estávamos juntos participando de uma das reuniões na Casa de Espanha do grupo montado pelo Rio de Paz, composto por pesquisadores, parentes de vítima, entre outros, que participa do Fórum Permanente de Segurança Pública. A cada quinze dias temos esses encontros no Instituto de Segurança Pública a fim de acompanharmos de perto tudo o que está acontecendo nessa esfera do governo. Naquele dia conversamos até às 10h30 da noite. A Cleyde teve uma ótima participação. No dia seguinte, na parte da manhã, recebo a notícia de que ela havia acabado de fazer um AVC. O quadro era irreversível. Na sexta ela viria a morrer. Obviamente, mais uma vez, fomos remetidos ao sentido da vida. O que somos? Pelo que lutamos? Nunca em toda a minha existência senti tanto a fragilidade da vida humana. Estamos pendurados por um fio. O orgulho, definitivamente, é o pecado que menos combina com a nossa condição de seres cuja vida passa como a nuvem. O principal dessa história é que mais uma voz que se levantava contra a violência foi silenciada no nosso país.

Nesse período de sumiço trabalhei muito. Viajei para João Pessoa, onde preguei duas vezes para os pastores da cidade, e, em um encontro com o prefeito, o secretário de segurança do estado e várias lideranças eclesiásticas, falei sobre o problema da violência no Brasil e a luta do Rio de Paz.

Realizamos também um fórum com os candidatos à prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Algo inédito, pois pela primeira vez, esses homens foram chamados para responder uma simples pergunta: como o prefeito pode colaborar para a redução das mortes violentas na nossa cidade?

Preguei bastante. Dei início a um antigo sonho. Estou pregando agora todas as segundas-feiras no centro da cidade. Creio que nunca mais sairei de lá. O meu desejo é o de contrabalançar o engajamento político-social com a obra de pregação da Palavra de Deus.

Li muito. Várias coisas ao mesmo tempo (algumas ainda não terminei). Desde a Ortodoxia de Chesterton, passando por Reasons for God do excelente Tim Keller, A República de Platão, A Política de Althusius, Sociologia de Giddens, até Os Princípios Políticos Aplicáveis a todos os Governos de Benjamin Constant. Fora outras coisas mais. Confesso que estou pensando em buscar uma preparação formal na área de Ciência Política. Lutar pela justiça no Brasil entrou para sempre no meu coração. Fico feliz por perceber quantas portas evangelísticas se abrem quando expressamos o verdadeiro amor cristão dessa forma. Ver brasileiro viver melhor e muita gente convertida ao cristianismo são coisas que me têm movido no momento.

Ontem recebi uma notícia maravilhosa. Através do trabalho do Rio de Paz, numa parceria que estamos desenvolvendo com o escritório do advogado João Tancredo (ex-presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ) conseguimos a primeira indenização para parente de vítima de homicídio. O Paulo Roberto, pai do menino João Roberto (morto por policiais da PM na Tijuca), receberá uma pensão do governo. É o início de uma enxurrada de pedidos de indenização que serão feitos pelo Rio de Paz. Assim, a justiça é feita e a omissão do poder público na área da segurança pública é confrontada.

Só para terminar. Estou amando minha esposa como nunca a amei. Tivemos recentemente dois dias maravilhosos em Porto de Galinhas. O melhor vinho não é oferecido por Cristo no início da festa. A igreja está indo muito bem. O Rio de Paz não matou a igreja. Pelo contrário. Hoje há um sentimento de relevância no ar. Os cultos estão lotados. E muitas portas foram abertas para a pregação das Escrituras Sagradas.

Agradeço a Deus pela sua paciência. Louvo o seu nome por essa graça que ama o feio e nos faz esquecer da tentativa de buscarmos provar a nossa inocência na presença de Deus, isto porque o evangelho nos ensina que, é mais sábio e verdadeiro confiar na misericórdia divina do que na nossa pureza de coração.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

CLEYDE PRADO: A FORÇA EXTRAÍDA DO LUTO



Gostaria de expressar toda a minha gratidão e admiração pelo trabalho da querida Cleyde Prado - essa amiga preciosa com quem tive o privilégio de conviver durante um ano e meio - o tempo exato de vida do movimento que presido, o Rio de Paz. Em todo esse período ela esteve ao nosso lado. Participou de praticamente todos os protestos que realizamos no Rio. O Rio de Paz sempre encontrou no movimento Gabriela Sou da Paz um parceiro leal.

A Cleyde tirou forças da dor e do luto para tentar impedir que tantas outras mães passassem pela incalculável dor que teve que experimentar em sua vida. Enxugou lágrima de muita gente. Homens e mulheres cuja angústia ela conhecia muito bem.

Cabe a todos nós andar em seus passos. Lutando pela vida, justiça e paz, num estado onde milhares são assassinados anualmente perante uma população que permanece em desalmado e covarde silêncio.

Em suma, se dependesse da Cleyde, o mal jamais haveria de triunfar nesse estado por causa do silêncio dos bons.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

EM BREVE NOTÍCIAS NOVAS

Tenho muita coisa para dividir com todos. Acabei de chegar de viagem. Em breve apresentarei um relato dos últimos dias (muita luta, lágrima, vitória, aprendizado e expectativa). Espero ainda essa semana postar no blog o sermão do domingo próximo.
Até breve.

domingo, 24 de agosto de 2008

OS JOGOS OLÍMPICOS

Eu não pude acompanhar esses jogos em razão do trabalho e de uma série de compromissos pessoais. Do que vi, gostaria de destacar as seguintes percepções:

1. O fato inegável de que com disciplina pessoal vai-se longe na vida.

2. O fato irrefutável de que "no pain no gain". Sem trabalho duro não se conquista nada (perdoa-me as duas obviedades, mas nunca é demais repeti-las no Brasil).

3. O voley brasileiro (apesar da derrota do masculino) é a pura demonstração dos princípios acima expostos. Quem conhece o investimento feito nesse esporte no Brasil, sabe do que estou falando. O problema do brasileiro não é genético, é cultural. Se fizermos a coisa com planejamento, metas claras, cronograma, disciplina, etc. vamos longe.

4. O futebol já revelou o contrário. O pouco preparo e escolhas erradas mostraram que talento sozinho não resolve.

5. A parte mais bonita da participação brasileira nos jogos é a beleza da mistura de raças, que demonstramos existir no nosso país quando nossos atletas estão juntos.

6. A China nos impressionou com o número de medalhas, mas poderia impressionar muito mais se respeitasse a declaração universal dos direitos humanos.

7. Não adianta o atleta chegar na frente da competição se não houve obediência às regras do jogo. Não adianta fundarmos impérios eclesiásticos, organizações que movimentam milhões e tornarmo-nos personalidades públicas se perdemos de vista o fato de que, os fins não justificam os meios.

8. Sou contra a organização de uma olimpíada no Brasil em 2016. Não porque seja contra esporte ou desconheça os benefícios sociais que uma competição dessa envergadura proporcionará para o país. Mas pelo fato de que, estes benefícios sociais jamais sobrepujarão os que adviriam de uma ampla mobilização para botarmos o Brasil em ordem, especialmente no campo dos direitos humanos. E mais, não podemos construir estádios antes de construírmos escolas e hospitais. É escarnecer da população organizar os jogos olímpicos antes de organizar o país.

9. A vida tem suas injustiças. Veja o caso do Diego Hipólito. Todos sabem que ele é um atleta excepcional. Mas, um atleta que falhou na hora em que não podia falhar. O erro cometido tratou-se de um caso isolado que não invalida sua qualidade como ginasta. Mas a vida é cruel nesse ponto. As vezes homens bons caem em pecado. Pecado que se torna público, mas que não depõe contra o todo da vida desses mesmos homens.

10. Chegar ao pódio de Deus, naquele santo dia em que todos teremos que prestar contas ao justo juiz do universo, deveria se constituir na preocupação diária de todos os cristãos. Que glória ser coroado por Deus na presença dos anjos e dos homens.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

PALAVRA PLENA "DOWNTOWN"

Na próxima segunda-feira darei início a um novo trabalho de pregação, agora no centro do Rio. Semanalmente teremos uma reunião com louvor e pregação às 18h15 na Avenida Rio Branco, 109/17º andar. É um tentativa minha, consciente, de tentar equilibrar o engajamento social (Rio de Paz) com o anúncio explícito do evangelho (já que o RDP trata-se do anúncio do evangelho através das boas obras). Espero que possa receber ali as muitas pessoas que tenho conhecido através do Rio de Paz, gente brilhante, porém sem igreja e sem Cristo, por cuja vida tenho sentido amor.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

ACONSELHAMENTO AOS PARENTES DE VÍTIMA DE HOMICÍDIO

Estamos montando um senhor time de psicólogos que estarão oferecendo serviço gratuito de aconselhamento aos parentes de vítima de homicídio. As reuniões já estão em andamento, e, em breve, os profissionais da área que porventura quiserem nos ajudar, poderão ter acesso no site do Rio de Paz às orientações básicas para o envolvimento nesse serviço voluntário.

PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO

Estaremos dando início hoje aos trabalhos que visam os pedidos de indenização para parentes de vítima de homicídio. Num grande escritório de advocacia da cidade, duas famílias recentemente atingidas por essa tragédia, estarão com o Rio de Paz, a fim de que possamos encaminhar o quanto antes esses justíssimos pedidos de indenização. Nem o Rio de Paz, nem os advogados que se colocaram à disposição para nos ajudar, receberão um centavo sequer dessas indenizações.

Com isso, estaremos fazendo justiça e estimulando o governo a economizar dinheiro investindo em segurança pública.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

TROCA DE EMAILS ENTRE AMIGOS: PASSAGENS DIFÍCEIS DA BÍBLIA

O PRIMEIRO EMAIL

Subject: ENC: [As vozes que fazem o Brasil] mandamentos de Deus


MANDAMENTOS DE DEUS


O sacerdote da Igreja
disse no seu sermão
que todo o povo de deus deve ler a biblia
e seguir os mandamentos lá escritos.

Será que posso mesmo?
Será que minha consciência permite?
Será que o Estado vai deixar?


Ezequiel 09:06 - Matai velhos, mancebos e virgens, criancinhas e mulheres, até exterminá-los

Êxodo 32:27- Então ele lhes disse: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho.

Números 31:17,18 - Agora, pois, matai todo o homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum homem, deitando-se com ele. Porém, todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós.

Deuteronômio 20:16,17 - Mas, das cidades destes povos, que o Senhor teu Deus te dá em herança, não permitirás que alguém fique vivo, mas passá-los-ás todos ao fio da espada;

Deuteronômio 2:33,34 - E o SENHOR NOSSO DEUS no-lo entregou, e o ferimos a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo. Também naquele tempo lhe tomamos todas as cidades, e fizemos perecer a todos, homens, mulheres e pequeninos, não deixando sobrevivente algum;

Deuteronômio 32:25 - Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor, tanto ao mancebo como à virgem, assim à criança de peito como ao homem idoso.

O SEGUNDO EMAIL

Antonio e ..., depois conversamos um pouco sobre as possibilidades de interpretação.

O TERCEIRO EMAIL


Meus tão estimados amigos,

Creio que todas essas passagens dificílimas devem ser vistas à luz do seu contexto histórico, textual e teológico mais amplo. O fato de Deus ser o “ Deus de Israel”, o que é admitido pelo próprio Cristo, não significa que ele seja um deus tribal, tal como o povo de Israel quis transformá-lo. A Bíblia destaca o fato de que Israel foi escolhido por Deus para que o próprio Deus fizesse uma ampla revelação de si mesmo e do seu infinito amor à humanidade. Poderia citar dezenas de textos bíblicos que ressaltam essa verdade.

Todos os textos mencionados nesse email fazem parte do livro de cabeceira de Cristo – o Antigo Testamento. O mesmo Cristo que nos ensinou a amar e perdoar. O Novo Testamento, escrito pelos que conviveram intimamente com Ele, serviu de base para a redação de todas as declarações existentes sobre direitos humanos. Creio, contudo, sinceramente, que amor de Deus e a sua justiça, jamais deveriam ser separados por nós. O textos que falam sobre a aplicação da pena capital no AT, refletem a decisão soberana de Deus de usar o seu povo como agente da Sua santa e perfeita justiça, a fim de restaurar a verdade e a paz. Os povos que foram julgados por Deus, através do povo de Israel em Canaã, praticavam o ritual de apresentar seus filhos primogênitos como sacrifício ao deus Baal. Isso causava indignação a Deus. Um Deus que não exige tolices dos homens.

É triste ter que admitir, mas todos nós, concordamos com o fato de que, o uso da força na perspectiva de fazer prevalecer a justiça é legítimo. Somos ou não somos gratos aos heróis da Segunda Guerra que salvaram a humanidade do Nazismo? Gostaria de não ter que admitir isso, pois amo a vida e não gosto de matar nem formiga. Mas, nenhum Estado subsiste sem o uso legítimo da força. Fazer o contrário pode significar covardia e falta de amor.

Em suma, Cristo não é Ghandi. O pacifismo (que não é o mesmo de ser pacificador) é impossível em um mundo como o nosso. Sendo assim, Deus pode ordenar que o seu povo aja como instrumento da sua justiça. Como diz o apóstolo Paulo na carta aos Romanos capítulo 13 versículos 3 e 4: “Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”.

Não nego o fato, porém, de que a Bíblia é a matéria-prima de todas as heresias, tal como o átomo é a matéria-prima de toda bomba atômica. Pessoas podem usar a Bíblia para matar. Pessoas pode usar a energia nuclear para matar. Mas, sem Bíblia e sem átomo resta-nos um vácuo pavoroso.

Antonio



sábado, 9 de agosto de 2008

A SABEDORIA PARA A SALVAÇÃO


Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela (Evangelho de Mateus 7 13-14)

INTRODUÇÃO
As escrituras sagradas ensinam com absoluta clareza, mediante o testemunho de diversos autores inspirados, que a maior necessidade humana é a necessidade de salvação. Os homens estão mortos nos "seus delitos e pecados". O que caracteriza esse estado de morte espiritual é a vida em pecado. A principal marca dessa vida em pecado é o fracasso da humanidade em amar. Não amamos a Deus e ao próximo. Isso é pecado. Significa viver uma espécie de vida diametralmente oposta a que Deus designou para o homem. Viver sem amar é viver a vida que o próprio Deus não vive. Deus, na sua santidade e justiça, não pode receber no seu reino e abençoar eternamente homens e mulheres que não amam. Ele tem que punir. Não cumprir a lei do amor é detestável aos olhos de Deus. Sendo assim, Deus adverte a todos, na sua Palavra, que um dia haverá de julgar os homens em razão dessa vida de não conformidade ao caráter de Deus.

Note que nada é arbitrário. Deus não pune o homem por mero capricho. Não se trata de excesso de meticulosidade. Muito menos exigir tolices ou punir pelo que é banal. Não. Ele julga os homens mediante a relação que estes mantém com a sua lei. Lei que exige que os homens amem uns aos outros e a Deus com todo o seu ser.

Como somos uns fracasso no campo do amor, encontramo-nos sob o justo juízo de Deus. Porém, esse mesmo Deus, por ser infinito em graça e misericórdia, abriu um caminho de salvação mediante a morte de Cristo: " E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4:12). Em Cristo o pecado do desamor, que se constitui uma verdadeira afronta a um Deus amável, excelente - criador e sustentador de todos, é tratado de modo adequado e cabal. Deus pune os nossos pecados na pessoa do seu Filho, e chama a todos os homens para que esses se arrependam e creiam nessa oferta graciosa de salvação.

Essa passagem do Evangelho de Mateus é uma advertência à humanidade. Nela, Deus, ajuda os homens a saber quais as principais verdades que os seres humanos precisam compreender a fim de que se tornem sábios para a salvação. Que verdades são essas?

1. TODOS DEVEMOS BUSCAR ATÉ OBTER A NOSSA SALVAÇÃO PESSOAL.
O Senhor Jesus diz: "Entrai...". Há um elemento de esperança nesse imperativo. A salvação é possível. Porém, essa salvação deve ser buscada até ser apropriada. É como entrar por uma porta. Sair de um lugar para outro. Isso envolve uma decisão que deságua em uma ação concreta. Trata-se de algo definido. Uma experiência real. É alguém chegar ao ponto de dizer: "Algo aconteceu comigo, entrei em uma outra esfera de vida, encontro-me em outro lugar".

O caminho é revelado como único. Trata-se de uma só porta. Há algo que inaugura a entrada nessa vida. Aquilo que se constitui no seu início.

2. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE ESSA EXPERIÊNCIA MONUMENTAL DE SALVAÇÃO, RESULTA DE UM AJUSTE DA NOSSA VIDA ÀS DEFINIDAS E CLARAS CONDIÇÕES ESTABELECIDAS POR DEUS PARA QUE O HOMEM SEJA SALVO.
Significa entrar por uma porta. Essa porta é chamada de estreita. Ela é estreita porque não é qualquer porta. Suas principais características resultam do que o próprio Deus determinou como caminho de redenção.

3. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE SOMENTE SOMOS DESPERTADOS PARA A BUSCA DA SALVAÇÃO QUANDO TOMAMOS CONSCIÊNCIA DO FATO DE QUE PESSOAS DIFERENTES, ANDAM POR ESTRADAS DIFERENTES E CAMINHAM PARA DESTINOS DIFERENTES.
Cristo dá ênfase ao fato de que todos estamos vivendo de uma determinada maneira. Essa vida que vivemos está conduzindo a cada ser humano para um fim que lhe é próprio.

4. TODOS DEVEMOS COMPREENDER O FATO DE QUE SEGUIR A OPINIÃO PÚBLICA QUANDO O ASSUNTO TEM A VER COM A RELAÇÃO DE DEUS COM O HOMEM SIGNIFICA ANDAR INEVITAVELMENTE PELO CAMINHO QUE CONDUZ A PERDIÇÃO.
Observe como milhares estão enganados. O que caracteriza a sua religião é a idéia de que não há muito o que mudar e renunciar. É a salvação da condição fácil e dos estilo de vida que não custa nada ao que o pratica.

5. TODOS DEVEMOS APLICAR CERTOS TESTES À NOSSA VIDA A FIM DE SABERMOS SE ESTAMOS NO CAMINHO DA SALVAÇÃO.
Que testes são esses? Primeiro, precisamos saber se entramos pela porta estreita. Segundo, se percebemos que fazemos parte de uma minoria. Terceiro, se esse caminho representa o exato oposto da forma como a maioria vive.

APLICAÇÃO

1. TOME A DECISÃO DE SER SALVO.

2. DEIXE OS TERMOS DESSA SALVAÇÃO SEREM DETERMINADOS PELO PRÓPRIO DEUS.

3. CONSIDERE A HORROR DA PERDIÇÃO ETERNA.

4. CONSIDERE A GLÓRIA QUE SE SEGUIRÁ A VIDA DE RENÚNCIA AO PECADO.

5. FIQUE COM DEUS E A SUA PALAVRA E NÃO COM A OPINIÃO PÚBLICA.

6. PROCURE SABER SE O SEU ESTILO DE VIDA DIFERE DE FATO DA FORMA COMO VIVEM A MAIORIA DOS SERES HUMANOS.

CONCLUSÃO
Pela graça divina um caminho de salvação foi aberto por Deus. Contudo, carecemos de sabedoria para sermos salvos. Sabedoria essa que dista anos luz daquilo que a maioria dos homens crê como necessário para que um ser humano seja salvo por Deus.

MORTOS CHEGAM A 1 500 NA GUERRA ENTRE A RÚSSIA E A GEÓRGIA



Essa é uma das fotos que começam a chegar da Geórgia. Mais cenas de desgraça. Mais uma guerra. Mais uma prova de que o veredicto divino sobre os homens é verdadeiro.

"Não há justo, nem sequer um,
não há quem entenda,
não há quem busque a Deus;
todos se extraviaram, à uma se
fizeram inúteis;
não há quem faça o bem, não há nem um sequer...
São os seus pés velozes para
derramar sangue,
nos seus caminhos há destruição
e miséria;
desconheceram o caminho da
paz,
não há temor de Deus diante de
seus olhos"
(Rm 3: 10-12, 15-18).

Venha me dizer que esse diagnóstico bíblico está equivocado. Por isso, os profetas e apóstolos tanto enfatizavam a necessidade de um Salvador, como também, de cada ser humano se arrepender dos seus pecados e crer em Cristo para sua redenção.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

PEDIDO DE ORAÇÃO

Não gosto que pessoas fiquem ocupadas comigo mais do que é devido. Nenhum pastor deveria conduzir seu ministério de uma tal maneira que sua vida se tornasse objeto da atenção de todos. Usar o púlpito, por exemplo, para falar mais da sua vida pessoal do que de Cristo, deveria ser considerado abominável para todo pregador.

Contudo, é bíblico um ministro do evangelho fazer pedidos de oração. Esse irmão aqui está precisando da oração intercessória da igreja de Cristo. Se lhe for possível, interceda pelas seguintes coisas:

-Que jamais o meu ministério fique dissociado da pregação do evangelho de Cristo. Que nenhum compromisso social e com a defesa dos direitos humanos nesse país me impeça de pregar Cristo, e, este, crucificado.

-Que eu faça o que é correto pelo motivo correto.

-Que nas ocasiões em que detectar imperfeições na minha vida, ou ser lembrado delas através de agentes humanos, que eu traga à minha memória o fato de que "Deus ama o crente não porque ele seja belo, mas que ele é belo porque Deus o ama", que "é preferível confiar mais na misericórdia divina do que na nossa inocência" e que "o coração quebrantado e contrito jamais será desprezado por Deus". Contudo, que essa grande provisão da graça, que a uma só vez silencia o inferno, a morte, a lei e a nossa consciência, não me dê o direito de "ser muito mau porque Deus é muito bom".

-Que Deus conceda a mim e à minha família proteção.

-Que o Espírito de Cristo me livre da arrogância, prepotência e orgulho que muitas vezes acompanham a vida daqueles que se sentem envolvidos com uma missão muito especial.

-Orem para que Deus envie gente que me auxilie.

-Que eu não desista de amar a igreja e sempre me lembre que devo muito a ela.

-Que eu mantenha uma vida devocional compatível com os grandes desafios que encontram-se diante de mim.

-Que Deus me livre dos pecados relacionados à sexo, dinheiro e poder.

-Que Deus me guie nesse nevoeiro em que me encontro, pois embora esteja certo do que estou fazendo, não sei para onde estou sendo levado pela providência divina.

-Que eu receba discernimento divino quanto à causa que abracei a fim de saber o que está por trás, sob todos os aspectos, da violência que hoje grassa nas nossas cidades.

-Que Deus conceda graça no diálogo que iniciamos ontem com a Secretária de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro. Sem dúvida essa foi a maior vitória do Rio de Paz. Estamos começando a sentar à mesa com os principais atores da segurança pública do nosso estado.

-Que Deus me dê graça nas entrevistas que tanto me extenuam.

-Que Deus guarde meu filho Matheus que está de partida para estudar fora do país.

-Que Deus socorra minha família nesses dias em que tenho sido tão falho com ela.

-Que Deus me ajude a conciliar a redação da tese de doutorado com a necessidade de estudar temas relacionados à sociologia, política e segurança pública.

-Que a minha igreja permaneça unida e saudável, pois se existe batalha espiritual (como creio) estamos sob o foco do inferno.

-Que em todos os contatos que tenho feito com centenas de não cristãos (nunca fiz tantas amizades em tão pouco tempo), haja no abrir da minha boca a palavra que revela a beleza da verdade de Cristo.

-Que eu saiba que não tem o direito de não ter esperança quem crê em um Deus "que tudo faz como lhe apraz", pois "Desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera".

Mil perdões, por tomar seu tempo com a minha pobre vida. Mas, preciso de você. Sou fraco, filho de Adão. Sinto-me diante de desafios que excedem as minhas forças e capacidade. Não está sendo fácil tentar ser "símplice como as pombas e prudente como as serpentes". Saber que devo me " acautelar dos homens" e que "fomos enviados como ovelhas para o meio de lobos". Quero crer nas pessoas, mas parece que muitas não são confiáveis. Contudo, muitas podem se aproximar da verdade mediante um juízo caritativo, que não precisa ser necessariamente ingênuo. Um voto de confiança e a boa disposição de procurar compreender antes de avaliar e condenar.

Espero que tudo represente a redução dos homicídios, a redescoberta por parte da igreja da sua missão profética-evangelística e o nome Santo de Cristo sendo glorificado em uma grande extensão, pois "não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos".

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

AS CENAS QUE SE FIXARAM NA MINHA MEMÓRIA

Os números da violência no Rio de Janeiro têm rosto. Por trás das estatísticas há uma multidão de gente que se foi e de gente que ficou. Homens e mulheres cuja a vida está marcada para sempre. Vivemos anos de insanidade, indiferença e maldade. Passo agora ao relato de parte do que vi e ouvi nos cemitérios, hospitais e lares enlutados que tenho visitado.

GABRIELA SOU DA PAZ
O meu primeiro encontro com o fundador do movimento Gabriela Sou da Paz deu-se em razão de um pedido que havia feito ao meu amigo de longa data, Jorge Antonio Barros. Estava começando a luta do Rio de Paz e queria saber quem era carioca do bem e com quem poderia contar. Ele sugeriu que procurasse o Carlos Santiago. Acontece que o Carlos Santiago e a Cleide Prado, os pais da Gabriela, morta numa troca de tiros no metrô da Tijuca, não são de fazer com que as pessoas fiquem com pena deles. São capazes de rir, mantém-se incansavelmente nas ruas na luta contra a impunidade e quase todos os dias levam palavras de encorajamento para pessoas que enfrentaram o drama pelo qual passaram. Porém, aqui e ali, ambos deixam passar algo da dor latente dos seus corações. Em um encontro sobre violência no ano passado na Casa Rui Barbosa, para o qual fomos convidados a falar como representantes e militantes da sociedade civil, eu o ouvi dizer para todos: “ Engana-se quem pensa que o tempo ajuda um pai esquecer-se de um filho que foi assassinado. A morte da minha filha Gabriela parece que ocorreu ontem”. No nosso primeiro contato, no centro do Rio, ele já dissera para mim: "Levaram meu maior bem".

A VIÚVA QUE PERDEU SEU ÚNICO FILHO
Conheci a dona Zely no enterro do seu filho, que fora assassinado no Andaraí. Corria a cerimônia fúnebre quando tomei fôlego e aproximei-me da mãe da vítima. Procurei me identificar e ela prontamente me recebeu. Eis o que ela falou para mim ao lado do caixão do seu filho: “Esse filho foi fruto de uma espera de 18 anos. Eu não conseguia engravidar. Quando o meu filho tinha 8 meses de vida meu marido morreu”. A morte do seu filho representou para ela - a perda do filho único de uma viúva. Quando o caixão estava para ser fechado eu a ouvi dizer: “Eu te amo meu filho. Você foi embora cedo, mas valeu a pena ter tido você”. Outro dia ela deixou um recado aos prantos na minha secretária eletrônica. Ela havia acabado de descobrir a autoria do crime e percebia a lentidão da justiça.

A ROSA 6001
Era o final de 2007. O Rio de Paz havia acabado de realizar um protesto na praia de Copacabana. Criamos a imagem surreal das 6 000 rosas penduradas de cabeça para baixo a fim de apontarmos para o absoluto nonsense das 6 000 vítimas de homicídio (que na verdade foram aproximadamente 10 000, pois só trabalhamos naquela data com homicídio doloso). Naquele mesmo dia morria, numa das trocas de tiro entre policiais e traficantes, a menina Fabiana, que brincava dentro de casa na frente do avô.

Cheguei ao cemitério do Caju quando o caixão já se encontrava do lado de fora da capela. A primeira cena com a qual me deparei foi a da avó gritando: “Fabiana, sai daí. Vamos para casa”. Ela gritava como se a sua voz pudesse dar vida ao corpo da neta. Aproximei-me da mãe. Tentei consolá-la. Ouvi dos seus lábios, em meio ao seu pranto, o apelo desesperado de uma mãe que aguardava o milagre que não aconteceu e que eu não podia realizar: “Moço, tira a minha filha dali. Ela não é para estar ali. Eu tinha um casal de filhos, agora só tenho um filho”. Em seguida, desmaiou.

A Fabiana é enterrada e no caminho de volta vejo-me ao lado de dois homens inconsoláveis. Aproximo-me deles. Identifico-me. Eles pronta e educadamente me recebem. Descubro que estou diante do pai e do avô que presenciou a cena do crime. Ouço o seu relato dramático: “No dia da sua morte a minha neta viu o seu protesto na televisão. Ela comentou com a minha esposa. ‘Veja vovó, 6 000 rosas porque 6 000 pessoas foram assassinadas”. Ao que a avó respondeu: ‘É minha filha, nós estamos vivendo em um mundo muito mau’. A avó não sabia que naquele mesmo dia, dentro de algumas poucas horas, a sua neta haveria de fazer parte dessa triste estatística. Ao saber da morte da neta, a avó no seu pranto falou: “A minha neta é a rosa 6 001”. O avô contou-me o que aconteceu no trajeto para o hospital. Não foi fácil sair da comunidade, pois alguém furara com tiros os pneus do carro que chegara para prestar socorro. A menina morreu em meio à sua inocente súplica, baseada no que Cristo ensinou aos seus discípulos: “Pai nosso que estás nos céus...”.

A VOZ QUE NÃO CANTA MAIS
Era uma terça-feira à noite e uma advogada da OAB solicitou-me por telefone que comparecesse ao enterro de um jovem que fora assassinado por policiais militares. Chego ao enterro no dia seguinte e deparo-me com a chegada de um ônibus repleto de jovens evangélicos, experimentando um misto de choque e incompreensão, pois morrera um rapaz excelente, membro de uma banda de música que gostava de cantar hinos de louvor a Deus. Aproximo-me do pai da namorada, um policial, que pôde testemunhar para mim sobre o caráter do rapaz: “Eu jamais deixaria minha filha de 15 anos namorar um rapaz em quem eu não confiasse. Ele era um rapaz maravilhoso”. A mãe da moça declarou: “Quando por algum motivo falávamos alguma coisa para orientá-lo ele costumava ouvir abaixando a cabeça”. Houve um pastor que disse para mim: “eu conheço toda a família dele. O menino era bom. O que fizeram com ele foi uma maldade". Um outro pastor afirmou em tom de desabafo: "Não aguento mais fazer enterro de gente assassinada”. Os amigos de infância quase que a uma só voz declaravam, “nós nunca o vimos envolvido com erro algum”.

Aqueles policiais mataram um menino inocente de 19 anos. Ficaram para trás um casal de irmãos inconsoláveis e os pais. Gente mansa e de coração humilde. A mãe lamenta a morte do sabiá de Deus (sabiá era o seu apelido), pois segundo ela o filho passava o dia inteiro cantando os hinos evangélicos que conhecia. Foi essa a pessoa que os policiais mataram, com um tiro na perna, outro no peito e um no alto da cabeça, fazendo-se de surdos para os apelos da vítima: “ Eu sou evangélico, moro na comunidade”. Como se não bastasse isso, arrumaram uma mochila e nela botaram 158 papelotes de cocaína, uma pistola 765 e uma granada, a fim de caracterizar a morte como resultante de um confronto entre polícia e marginal.

A AGONIA DO COPA D’OR
Era uma manhã quando ao consultar meus emails descubro que havia um recado do amigo Coronel da Polícia Militar, Carballo. Estava escrito algo mais ou menos assim, “ouça isso”. Era a entrevista do Paulo Roberto, pai do menino de 3 anos, morto na frente da mãe por policiais militares. Eu estava de cama e exausto das campanhas do Rio de Paz. Havia separado aquele dia para ficar em casa. Mas não pude. As declarações do pai me levaram a correr para o hospital onde ele e seu filho (já em estado de morte cerebral) se encontravam.

Apresento-me aos familiares que tratam de conduzir-me ao pai. Conversamos por aproximadamente uma hora. Procuro oferecer-lhe a única consolação de que dispunha: “Cristo disse no evangelho: ‘Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus’.

Subo para o quinto andar do hospital onde encontrava-se o menino, familiares, amigos e a mãe. Trato de consolá-la. Ela apresenta-me o relato dos seus últimos momentos ao lado do filho: “Quando vi o que estava acontecendo eu pedi para que ele se agachasse. Ele tão somente dizia, por que mamãe, por que mamãe?" Depois, o corpo desfalecido do filho, a roupa encharcada do sangue daquele que ela mesma gerara e a declaração do médico de que o filho havia levado um tiro na cabeça, que entrara pela nuca e alojara-se na fronte.

Alguém aparece e pede para que nos dirijamos para uma sala a fim de fazermos uma prece. Eu não podia ter idéia de que a sala nada mais era do que o exato local onde o João Roberto se encontrava. A mãe só gemia. O pai, aos prantos, em voz alta, dizia: “meu filho, como eu te amo. O que fizeram com você. Eu nunca vou te esquecer”. E lançou-se sobre o leito no qual o menino estava. A avó paterna levanta o lençol que cobria o corpo do João Roberto, pelo qual podia-se ver que ele ainda respirava, e exclama: “Veja, ele está cheio de fios no seu corpo”. Ao fundo, os médicos assistiam todo o horror estupefatos e visivelmente arrasados.

Essa semana, no dia 29 de Julho, eu estive na casa dos pais do João Roberto, na Tijuca. Estava programada para aquele dia uma festa que não pôde ser realizada. O momento de alegria para o qual o pai se preparara fazendo hora extra no taxi a fim de cobrir as despesas que excedia o que seu salário regular permitia realizar. Era para ser comemorado o aniversário de 4 anos do João Roberto. Passei ali 3 horas, tentado enxugar as lágrimas dos pais, da avó materna e as minhas. Era o segundo dia mais difícil de sua vidas.

O ENTERRO DO POLICIAL MORTO NA FONTE DA SAUDADE
O envolvimento com essa causa tem colocado-me em contato com vários policias, civis e militares. Meu pai foi policial civil e terminou sua carreira na polícia federal. Ele morreu faz 3 anos. Deixou para uma viúva e três filhos um modesto apartamento de dois quartos no bairro de Santa Rosa em Niterói. No encontro com esses policiais tenho encontrado o meu pai.

A morte ignóbil desses dois policiais, ocorrida recentemente na Fonte da Saudade, levou-me mais uma vez para as ruas e para o cemitério. Fomos para a Fonte da Saudade onde fixamos no local do crime, duas cruzes com os nomes dos policiais e uma faixa com a seguinte frase: “Mataram aqui dois seres humanos que trabalhavam em condições desumanas”. Antes disso, porém, participara da cerimônia que me fez irromper em prantos. O enterro de um dos policiais. Emoção, revolta e dor eram visíveis nas fisionomias dos oficiais tarimbados ali presentes. O comandante do policial morto chorava.

Vem a esposa. Ao ver o corpo do marido no caixão sente ânsia de vômito. Ela sai. Retorna. Só que agora com os filhos. A filha de 13 anos entra e ao levantar a cabeça e identificar a face do pai no caixão, recua, anda para trás, fugindo da cena que seus olhos recusavam-se a admitir. Começa a gritar: “Meu pai, quem matou meu pai?” O filho de 6 anos dá a volta e com o rosto todo molhado de lágrimas coloca-se ao lado do corpo do pai e o afaga. Um oficial da Polícia Militar, tido como um homem duro, sai visivelmente comovido e transtornado. Eu o faço parar e falo-lhe ao ouvido: “Procure administrar tudo isso com amor”.

Esse é o Rio de Janeiro desse início de século XXI. O Rio de Janeiro de sempre. Rio de sangue. Violento. Sedento de morte. Que faz seus moradores viverem ao mesmo tempo perante o cenário geográfico mais exuberante e o contexto social mais aterrorizante. Por que tantas mortes e como evitá-las? São muitas as respostas. Nós já as conhecemos. O Rio de Janeiro não precisa de mais análises sobre segurança pública. Muito menos sair em busca de soluções, pois essas também já existem. Tudo isso tem sido estudado exaustivamente e com competência. Poderia mencionar vários documentos com propostas exequíveis para a diminuição da violência. O que nos falta? Seja qual for a resposta que você e eu venhamos a dar para essa pergunta vital, uma coisa é certa: ela não deve se restringir apenas à vida dos outros, mas deve envolver a nossa vida. A sua e a minha - pois todos somos moradores desse estado, e todos, de uma forma direta ou indireta, podemos colaborar para o mal ou para o bem do lugar onde moramos.

terça-feira, 29 de julho de 2008

SAIU NO BLOG REPÓRTER DE CRIME DO GLOBO ONLINE

RIO DE PAZ
Libertação no lugar de uma política de confronto
Costumo dizer que ao longo de 26 anos na cobertura de temas ligados à segurança pública e criminalidade jamais encontrei movimento social mais inclusivo do que o do Rio de Paz, que luta pela redução dos homicídios no país e, especialmente no Rio de Janeiro, conquistou a mídia também por apresentar a estética da violência com cruzes, rosas, balões e faixas pretas. O movimento não apenas ouve representantes de todos os setores da sociedade - dos policiais aos acadêmicos - como é um dos poucos da sociedade civil que deu um sentido mais amplo e mais últil à expressão "direitos humanos". Outro dia, o líder do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, foi ao enterro de um PMs executados na Lagoa, onde a ONG colocou a faixa "Mataram aqui dois seres humanos que trabalhavam em condições desumanas".

Na semana passada, discretamente, o líder do Rio de Paz esteve reunido com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que concedeu espaço na sua agenda para ouvir o clamor do movimento. O encontro resultou num momento que considero histórico para a luta contra a violência no estado. O secretário aceitou a proposta de diálogo permanente entre a cúpula da segurança e a sociedade, por meio de um fórum organizado pelo Rio de Paz, periodicamente, com participação de representantes da sociedade, que inclui gente da polícia, da academia e da imprensa. Se este governo está aberto a ouvir a sociedade sobre que polícia ela quer, é possível também que a sociedade seja convocada a participar do processo de busca por soluções para a segurança e não fique mais na confortável posição de platéia, só cobrando providências do poder público.

Em artigo exclusivo para este blog, o líder do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, afirma que é preciso trocar a política de confronto por uma política de libertação, no combate ao crime nas favelas. No artigo, ele faz uma pergunta simples que já deveria ter sido respondida até mesmo por pesquisadores da área de segurança: "Por que não há um investigação séria e eficaz nas vias de acesso da cidade? Por que transferir o trabalho de apreensão para as comunidades pobres apenas?"

Conheça aqui e agora um pouco mais do pensamento de Antônio Carlos que já respondeu inclusive a perguntas de leitores do GLOBO sobre o movimento. Assim como eu, Costa não é contra o confronto entre polícia e criminosos, mas sim contra a transformação desse ponto na principal política da segurança pública.




"POR UMA POLÍTICA DE LIBERTAÇÃO

Fala-se muito sobre a chamada política de confronto do governo do estado do Rio de Janeiro. Após um ano e meio de muito confronto, marcado por baixas de civis inocentes e policiais, sem conseqüência significativa alguma para a diminuição do número de homicídios, que deve chegar em dezembro à marca de 21.000 em dois anos (se contarmos homicídio doloso, encontro de cadáver, auto de resistência, latrocínio, pessoas que foram assassinadas e que se encontram na categoria “desaparecidos” e policiais mortos), a população começa a perceber que seu apoio inicial ao confronto estava equivocado.

Um dos dramas da vida reside no fato de que em muitas ocasiões há um lado dialético na verdade. Os dois lados de uma mesma moeda que precisam ser levados em consideração. Uma sutileza que passa despercebida pelos que se recusam a pensar de modo duplo. C. S. Lewis, famoso autor das "Crônicas de Nárnia", costumava dizer que o erro vem aos pares. Extremos opostos que se nos apresentam, forçando-nos a fazer uma escolha entre ambos, quando na verdade a escolha de ambos os lados representará a opção pela meia verdade. Como diz o famoso médico e teólogo galês, Martin Lloyd-Jones: “Não há nada pior na busca pela verdade do que elevarmos à condição de verdade completa um aspecto da verdade”. Em suma, pessoas podem estar numa discussão apresentando pontos de vista diferentes sobre um determinado tema e ambas estarem erradas.

Só um completo desconhecedor da natureza humana para eliminar o confronto da política de segurança pública. Sendo o homem quem é o estado tem que se fazer valer do monopólio do uso da força. Nossa tendência ao mal tem que ser refreada ou pela força da persuasão racional ou pelo poder coercitivo do estado. A idéia de eliminarmos a responsabilidade humana em razão do histórico de miséria da vida do malfeitor, fará com que admitamos como normais crimes que nenhuma miséria é capaz de justificar. Contudo, a meta do combate à violência mediante o confronto pode ser alcançada de modos diferentes, adaptando os meios aos fins estabelecidos e às circunstâncias históricas.

A atual política de segurança do estado do Rio de Janeiro está equivocada por vários motivos. Os números da violência estão aí para mostrar que houve algum equivoco e que uma correção de rumo urgente precisa ser feita. Senão vejamos.

Há um erro estratégico, incompreensível mesmo para um leigo, de focar o combate ao tráfico e ao uso ilegal de armas na comunidade pobre e não no entorno da cidade do Rio de Janeiro. Sabe-se que essas drogas vêm pelas nossas estradas. Por que não há um investigação séria e eficaz nas vias de acesso da cidade? Por que transferir o trabalho de apreensão para as comunidades pobres apenas?

A idéia de que há um preço de vidas a ser pago pela população a fim de que a violência seja reduzida é moralmente incorreta e unilateral. Esse preço está sendo pago pelos pobres e não pela classe média. Quem tem morrido em troca de tiros entre policiais e traficantes é gente como a menina Fabiana da Mangueira e o menino Ramon de Guadalupe, e não as crianças do Novo Leblon e do Mandala na Barra da Tijuca. Não se combate a violência com o foco mais voltado para a morte do malfeitor do que a proteção da vítima. É imoral trocar tiro com armamento que fura parede de alvenaria sabendo que há criança dentro das casas que situam-se nas regiões onde ocorrem os conflitos.

A invasão sem a intenção de ocupar as áreas dominadas por narcotraficantes representa um desembarque da Normandia pela metade. A um custo altíssimo de vidas entra-se numa região, mata-se dezenas, traumatiza-se crianças, para no minuto seguinte voltar-se para batalhões e delegacias, deixando a mesmíssima área devastada totalmente desguarnecida. Um observador estrangeiro atento será levado a pensar que ou enlouquecemos, ou perdemos o senso de valor da vida humana, ou somos um povo atrasado sob todos os pontos de vista. Precisamos de uma política de libertação. O estado precisa fazer com a população pobre o que o exército colombiano fez com a ex-refém das Farc, Ingrid Betancourt: “Somos do exército da Colômbia, a senhora está livre”. A falta de uma perspectiva de ocupação tem levado os próprios integrantes das polícias à percepção frustrante de que estão “enxugando gelo”. Olha, eu vi gente graúda da nossa segurança pública expressando para mim essa semana essa terrível frustração.

A morte de garotos envolvidos com o tráfico sem a presença definitiva do estado em áreas dominadas pelo crime e a criação de condição para a chegada de políticas públicas nas comunidades pobres, é outro aspecto desse desperdício de tempo, recursos e vida. Sabe-se que para cada jovem morto há uma fila indiana de reservistas do crime prontos para substituir os que pereceram. Rapazes com uma demanda de auto-aceitação imensa. Sabedores do fato de que com um fuzil na mão vão poder levar as meninas para a cama, ter o destino de vidas humanas em suas mãos e comprar os bonés, tênis e roupas de grifes famosas. Tudo isso num contexto de ausência completa de uma referência paterna, colapso da experiência familiar, perda de valores, pobreza e evasão escolar. Sem o estado presente e oferecendo condições dignas de vida para esses jovens, nós vamos entrar para a história como cidadãos do estado que mais matou e menos realizou para a promoção da vida e paz.

Como esperamos vencer essa crise terrível, a maior que a minha geração enfrentou, com a condição de penúria em que se encontra a nossa polícia? Nossa polícia trabalha em circunstância desumana. Os policiais que tombaram na proteção dos moradores da Fonte da Saudade ganhavam menos do que o custo fixo de cada filho das famílias para as quais ofereciam segurança. Como pagar tão mal a homens que exercem função social de tamanha importância e que correm risco de vida tamanhos no exercício de sua profissão? Essa polícia carece de melhores salários. Soldo digno de atrair os melhores jovens da nossa sociedade para o exercício do ofício de policial. Essa polícia carece de ser melhor qualificada. Não se pode botar uma arma na mão de uma homem, dizer que ele tem o direito de usá-la com base em um pacto social que envolve o consentimento de milhões de seres humanos, e não prepará-lo para tarefa que envolve vida e morte. Essa polícia carece de homens que saibam comandar e inflamar seus comandados com altos ideais de serviço ao próximo.

Tudo isso depende de investimento. Essa semana soube através de gente importante da área da segurança pública do nosso estado que o Rio de Janeiro precisa de mais 10.000 policiais para um policiamento ostensivo à altura das demandas do estado. Sabe-se também, conforme acabei de mencionar, que o salário do policial deve ser aumentado. Perguntei: “Mas, porque esse investimento não é feito?” Em tom que me pareceu sincero e tomado de frustração ouvi meu interlocutor dizer: “O estado do Rio de Janeiro não tem dinheiro”. Pensei: “Meu Deus, essa gente tinha que vir a público e admitir isso. A população tem o direito de saber se o estado tem condição ou não de oferecer segurança para os seus cidadãos”. Porque das duas uma: ou vamos embora daqui por causa do medo, ou nos mobilizamos para salvar o Rio de Janeiro por causa do amor. Se é assim, o governo federal peca ao deixar o segundo estado em arrecadação da federação sob um massacre sistemático de vidas humanas, não oferecendo recursos para que os homens que estão à frente da secretaria de segurança pública possam trabalhar.

Sou um leigo sobre segurança pública. No início do ano passado eu não sabia a diferença entre Polícia Civil e Militar. Não sabia que a primeira é responsável pelo serviço investigativo (no Rio de Janeiro são elucidados menos de 2% da autoria de homicídio doloso) e a segunda pelo policiamento ostensivo. Mas, venho de dias nos quais entrevistei todo mundo. Falei com coronéis da PM, parente de vítima, jornalistas, pesquisadores, presidente do ISP, secretário de segurança e o próprio governador. Cheguei à essas conclusões. Gostaria de saber se estou errado, se sou alarmista ou ingênuo. Aguardo convencimento racional do meu possível erro de avaliação.

Nós só não podemos fazer o que é tão próprio do brasileiro, deixar para a amanhã o que devemos fazer hoje. Não há mais espaço para procrastinação. Não podemos decidir não decidir, permitir que a maldade dos perversos seja reforçada pela fraqueza dos virtuosos, tornando-nos assim cúmplices de um genocídio. A hora de agirmos com mais bom senso é agora, especialmente quando tomamos conhecimento do fato de que pode ser que um terceiro monstro esteja para nascer na nossa cidade, o pior de todos. Permitimos o narcotráfico e a milícia, e, agora, surge no cenário o envolvimento com o crime baseado em ideologia de libertação dos oprimidos dos centros urbanos. Imagine marginais treinados para infernizar a cidade e julgando com isso que estão salvando os pobres.

Ainda é tempo. Houve povos que enfrentaram problemas mais graves dos que os nossos e os superaram. Nossa geração pode vencer essa batalha da violência. Mas, para isso precisamos trocar a idéia de confronto pela idéia de libertação. E isso mediante a união de todos nós que amamos e nos orgulhamos do estado maravilhoso que Deus nos deu para habitar em paz.
Antônio Carlos Costa
Rio de Paz"