domingo, 30 de março de 2008

A MISSÃO DE REVELAR A BELEZA DE DEUS AO MUNDO - MT 5: 13-16

INTRODUÇÃO
Contexto: Cristo descreve o caráter do cristão e em seguida apresenta a missão da igreja no mundo se utilizando de duas metáforas – a metáfora do sal e a da luz.
Propósito: Revelar o que a igreja representará para a sociedade (mundo, terra) se viver a vida crista: a vidas das pessoas ganhará sabor, será preservada e receberá luz.
Pergunta: O que esta metáforas nos ensinam a fim de que façamos tamanha diferença na sociedade?
1. O estado de saúde de toda e qualquer sociedade é grave.
2. A igreja é essencialmente diferente da sociedade não cristã.
3. O mundo pode ser transformado parcialmente mediante o contato com a igreja.
4. A diferença da igreja em relação ao mundo consiste acima de tudo na prática do cristianismo.
5. A principal vocação da igreja no mundo é glorificar a Deus mediante a prática da verdade.
Façamos, portanto, uma análise de cada ponto na perspectiva de extrairmos de ambas as metáforas o que é necessário para que façamos diferença no mundo.

1. O ESTADO DE SAÚDE DE TODA E QUALQUER SOCIEDADE É GRAVE.
Nada pode ser pior para a missão da igreja no mundo do que um falso e superficial diagnóstico da saúde das sociedades humanas. Se o nosso diagnóstico for incorreto aplicaremos soluções insatisfatórias e não nos prepararemos adequadamente para o cumprimento da nossa missão.
O Senhor Jesus compara as sociedades humanas a algo que se deteriora, alguma coisa que se encontra desprovida de sabor e permeada por trevas. Uma pergunta se impõe a todos nós: em que consiste estas trevas? O que há de tão equivocado com o mundo a ponto de Cristo descrevê-lo como carente de luz? De acordo com o ensino integral das Sagradas Escrituras chegamos aonde chegamos em razão dos seguintes fatores:

1.1. O homem, num ponto do tempo, se afastou do seu Criador tornando-se errado no âmago do seu próprio ser.

1.2. O homem, a partir de todos os condicionamentos impostos ao seu ser pela queda, cria uma realidade para si na qual possa viver.

1.3. Essa realidade socialmente construída está baseada em premissas falsas.

1.3.1. Deus é arbitrário, alguém de quem devemos ter medo e de cuja pessoa devemos nos afastar.
1.3.2. O homem deve viver uma vida autônomia em relação a Deus.
1.3.3. O ser humano deve procurar a todo o custo ser feliz à sua maneira.
1.3.4. Na perspectiva de ser feliz o ser humano deve fugir da consideração de todo o horror que cerca a sua vida.
1.3.5. A natureza é autônoma.
1.3.6. O próximo é o principal inimigo do homem abaixo de Deus.

1.4. A realidade socialmente construída precisa ser mantida mediante coerção.

1.5. A realidade socialmente construída (mundo) é internalizada nos seres humanos mediante os papéis e valores que lhes são impostos desde a infância.

Desse modo, podemos perguntar: em que mundo passamos a viver e quais as conseqüências de tudo isso para as nossa vidas?

- Criamos uma realidade relativa, por isso, frágil.
- Forjamos um ambiente não natural para nós seres humanos.
- Transformamos a vida em sociedade num cenário de injustiça.
- Banimos o verdadeiro Deus da nossa vida.
- Passamos a viver num mundo profundamente esquizofrênico, palco das manifestações da graça comum do Criador e das realizações desalmadas dos homens.
- Tudo isso encontra-se sob a ira de Deus.

Agora, podemos começar a entender o porquê de as metáforas de Cristo fazerem uma descrição tão negativa da vida. As duas grande guerras, por exemplo, estão aí para mostrar que Cristo não estava exagerando.

2. A IGREJA É (E NÃO, DEVE SER) ESSENCIALMENTE DIFERENTE DA SOCIEDADE NÃO CRISTÃ.
O que o Senhor Jesus enfatiza é o fato de que onde houver uma verdadeira igreja ali haverá a presença de um grupo de seres humanos vivendo uma vida distinta da vida que é vida pelos que não pertencem a ela: “vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo”.
Esta antítese é inevitável. Nunca a verdadeira igreja poderá ser de tal modo identificada com o mundo a ponto de não se perceber nenhuma diferença essencial entre ela e o mundo. Nunca o mundo terá moralmente evoluído tanto a ponto de ser confundido com a verdadeira igreja. Esta é uma dupla realidade da qual não podemos fugir. Mundo e igreja são como ouro e barro, não se misturam. O ouro pode ate ficar sujo de barro, mas jamais perderá seu valor e o que o distingue do barro.
A igreja é essencialmente diferente do mundo porque conhece a Deus. E, por conhecer a Deus, reflete os resultados dessa relação. É impossível um homem conhecer a Deus e isso não afetar o seu ser e conduta. De igual modo, é impossível um homem conhecer a Deus e este encontro não torná-lo diferente daqueles que não o encontraram:
- Este encontro vai afetar sua mente. Ele jamais vai voltar a pensar da mesma maneira. Seu raciocínio se dará a partir de premissas verdadeiras. Essa pessoa passará a pensar melhor.
- Esse encontro vai afetar suas emoções. Sim, ele passará a amar o que não amava. Especialmente, esse homem amará a Deus, e, por amar a Deus, amará o que Deus ama por amor a Deus.
- Esse encontro afetará sua vontade. Como suas afeições foram alteradas, fortes impulsos para uma vida de santidade passarão a governar o seu ser. A árvore dará o seu respectivo fruto.

3. O MUNDO PODE SER TRANSFORMADO MEDIANTE O CONTATO COM A IGREJA.
O nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos apresenta uma lei do mundo espiritual: onde houver uma verdadeira igreja ali estabelece-se a possibilidade de transformação humana. O que Cristo está dizendo é que o que é insosso pode se tornar saboroso, o que tende a apodrecer pode ser conservado e o que está na escuridão pode ser iluminado.
O que isto pode representar em termos de transformação no mundo?
- Pessoas podem vir a se converter.
- Instituições podem ser humanizadas.
- Até mesmo revoluções podem ocorrer.
- Sociedades inteiras podem ter seu rumo de vida alterado.
- Seres humanos podem viver melhor.
- A ciência pode ser disseminada.
- A educação pode ser promovida.
Enfim, não se pode contar o que pode acontecer numa sociedade a partir da inserção no seu seio da verdadeira igreja de Cristo.
Por que essas mudanças podem ocorrer? Porque a igreja estará mostrando os efeitos da verdade na sua própria vida. Pessoas perceberão que viver com Cristo é melhor. Não, não é esse o ponto, o ponto é que pessoas perceberão que não há vida sem Cristo. Os homens descobrirão a causa dos seus problemas, a raiz da sua infelicidade e procurarão o verdadeiro remédio para as suas enfermidades.

4. A DIFERENCA DA IGREJA EM RELAÇÃO AO MUNDO CONSISTE ACIMA DE TUDO NA PRÁTICA DO CRISTIANISMO.
O mundo terá os seus olhos abertos para a verdade que a igreja proclama mediante a coerência de vida desta. A verdadeira igreja manifesta seu ser essencial e o que a distingue do mundo através da prática da verdade: “... para que vejam as vossas boas obras...”.
A verdadeira igreja vive o que prega. É justamente essa ausência de inconsistência que sacode o mundo do seu sono e traz luz às trevas. É interessante observar o quanto Cristo dá destaque ao elemento da proclamação verbal. Ele termina o seu ministério chamando a igreja para falar: “... ide... e pregai”. Boa obra, contudo, é mais do que falar verbalmente. É falar com os lábios e com a vida.
Não se trata de uma obra qualquer. É uma boa obra. Uma obra caracterizada pela presença de verdade. Ela glorifica a Deus. É tudo o que ela quer – glorificar a Deus. Seus propósitos, portanto, são santos. Trata-se de uma obra prescrita pela palavra de Deus. Na é o homem na sua visão tacanha decidindo fazer o que é bom. É o homem decidindo fazer o que é bom, porém, à luz da Palavra de Deus.
Os incrédulos glorificam ao Pai porque suas vidas são afetadas para melhor por meio do contato com a igreja. Essas pessoas são levadas a dizer: “Deus, obrigado pela vida dessa gente”. A boas obras da igreja abrem os céus para os incrédulos contemplaram a face daquele que torna a vida dos homens bela.

5. A PRINCIPAL VOCAÇÃO DA IGREJA NO MUNDO É GLORIFICAR O PAI ATRAVÉS DA PRÁTICA DA VERDADE.
A principal missão da igreja no mundo é viver o evangelho. Isto envolve pregar o evangelho nos campos missionários, mas, acima de tudo, consiste em encarnar a vida de Cristo. Se a igreja perder de vista que sua principal vocação é viver o cristianismo, o mundo se encherá de missionários que não vivem o que pregam. Homens e mulheres que recomendam ao próximo uma vida que eles próprios não conhecem nem de longe.
Essa prática da verdade deve ter um fim: a glória de Deus. É isso que torna o ministério da igreja profundamente emocionante. A igreja é a única instituição no mundo cuja atividade consiste em revelar a beleza de Deus.

APLICAÇÃO

1. A IGREJA DEVERIA APRENDER COM CRISTO A FAZER O REAL DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE SAÚDE DO MUNDO.

2. A IGREJA DEVE COMPREENDER QUE O SEU ESTILP DE VIDA TRATA-SE DE UMA VERDADEIRA CONTRA-CULTURA CRISTÃ.

3. A IGREJA DEVERIA SER MAIS OTIMISTA COM RESPEITO AO SEU PODER DE TRANSFORMAÇÃO NA VIDA DOS SERES HUMANOS.

4. A IGREJA DEVERIA COMPREENDER QUE MAIS IMPORTANTE QUE GRITAR PALAVRAS É TORNAR SEUS ESTILO DE VIDA UM GRITO DA VERDADE.

5. A IGREJA DEVERIA RESGATAR O SENSO DE PRIVILÉGIO DE ESTAR ENVOLVIDA EM TÃO GLORIOSA MISSÃO: TORNAR DEUS CONHECIDO DOS HOMENS ATRAVÉS DE UMA VIDA QUE É VIVIDA PARA A GLÓRIA DO PAI.

CONCLUSÃO
Poderíamos concluir dizendo que Cristo está ensinando que o mundo seria um inferno sem a verdadeira igreja. Um lugar desprovido de sabor, onde tudo se deteriora e encontra-se em trevas.
Que sejamos verdadeira igreja para esse mundo.

ANTONIO CARLOS COSTA
IGREJA PRESBITERIANA DA BARRA
RIO, 29 DE MARÇO DE 2008

quinta-feira, 27 de março de 2008

ENTREVISTA AO PORTAL DO VOLUNTÁRIO

1- Na sua opinião, o que é e qual a importância do Manifesto Rio de Paz pela Redução de Homicídios?

Resposta: O Manifesto Rio de Paz pela Redução de Homicídio trata-se de um apelo ao poder público por parte de uma sociedade que está cansada de enterrar os seus mortos por assassinato, que não suporta mais viver com medo e exige que a constituição federal seja cumprida no seu item mais elementar que é o direito de todo ser humano à vida. Seu conteúdo envolve 15 medidas que precisam ser tomadas para que haja um queda no número de homicídios no Brasil, que hoje encontra-se na casa dos 50 000 por ano. O valor de uma campanha como essa reside no fato de que parte da sociedade civil brasileira está se organizando em torno de um documento cujas propostas são factíveis e pertinentes a fim de fazer mover o braço do estado, sem cuja ajuda jamais sairemos desse caos.

2- Quando e como começou a ser pensado o Manifesto?

Resposta: O manifesto começou a ser redigido no final do ano passado após o contato com algumas das principais autoridades em segurança pública do nosso país (meio acadêmico, policiais, jornalistas, poder público, entre outros) e um fórum que o Rio de Paz realizou em parceria com a ONU sobre o problema da violência. Seu conteúdo deve-se de modo especial ao trabalho do Ignácio Cano da UERJ, Elizabeth Sussekind da PUC-Rio, Jorge Antônio Barros do jornal O Globo e eu.

3- Como foram discutidas as propostas que compõem o Manifesto?

Resposta: Um texto base foi enviado pelo Ignácio, em seguida eu o ampliei e o submeti à apreciação do Jorge Antonio (que após algumas dicas importantes tratou de publicá-lo numa edição do mês de Dezembro do referido jornal) e, por fim, a Elizabeth fez os acertos finais, mudando algumas palavras e agrupando itens. Somos devedores a um mundo de gente. Mas estas pessoas trabalharam de modo especial na confecção do manifesto.

4- Quais medidas do projeto são mais polêmicas, na sua opinião?

Resposta: O manifesto representa quase que na sua totalidade a apresentação de muita obviedade. É isto que nos chama a atenção nesse presente momento da nossa história: como que medidas tão óbvias não são postas em pratica a fim de salvar a vida de milhares de brasileiros? O manifesto só se tornará polêmico para aqueles cujos interesses corporativistas terão que ser confrontados, pois há um preço a ser pago por todos nós para que essa taxa imoral de homicídio caia no Brasil.

5- Quais dessas medidas você considera mais difíceis de serem executadas?

Resposta: O grau de dificuldade para implementação dessas medidas é proporcional ao nível de nosso interesse pela vida do povo brasileiro. Se houver grande interesse, por exemplo, na vida do pobre, jovem, negro, cuja idade varia de 14 a 25 anos, do sexo masculino e fora da escola, não haverá problema em tornar essas reivindicações uma realidade. Estes são os que mais morrem no Brasil de hoje. Tenho para mim que a classe média há muito já teria reagido se os seus filhos fizessem parte dessa estatística na mesma extensão em que os pobres fazem.


6- O texto do Manifesto se refere à fiscalização do cumprimento das medidas propostas. Como será feita essa fiscalização?

Resposta: Os milhares que estão assinando o manifesto estão fazendo parte do nosso banco de dados, prontos para serem acionados via internet. Um lobby do bem será feito por nós em Brasília. Continuaremos os protestos nas ruas do Brasil, com a diferença de que agora estaremos representando os milhares que assinaram o documento. Pessoas do Rio de Paz serão designadas para acompanharem passo a passo as ações do poder público no campo da segurança pública. Não aceitaremos procrastinação. Deixar para amanhã o que devemos fazer hoje (tão comum na nossa cultura) representará a morte de muita gente.



7- Qual a espectativa do movimento para o recolhimento das assinaturas? Existe alguma data limite para este recolhimento?

Resposta: Não há nenhuma data limite. O que queremos é um milhão de assinaturas no mínimo. Quando esse dia chegar rumaremos para Brasília. Creio que isto acontecerá esse ano. E quanto mais rápido melhor, pois isso expressará o fato de que a queda na taxa de letalidade no Brasil é um anelo de todo o povo brasileiro.

8- O Movimento Rio de Paz começou há cerca de um ano no Rio de Janeiro e se espalhou para todo o Brasil. A iniciativa do Manifesto é de interesse de todo o país, ou está mais restrita ao universo dos cariocas?

Resposta: O Rio de Paz começou com a preocupação de salvar os cariocas desse massacre histórico de vidas humanas. Paramos para estudar o assunto. E descobrimos que o problema da violência não está circunscrito ao estado do Rio de Janeiro, mas trata-se de uma tragédia que envolve os principais estados brasileiros. Por isso realizamos protestos em Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Recife. Hoje o nosso sonho é ver brasileiro parar de morrer.

9- Que outras iniciativas do Movimento merecem destaque?

Resposta: Todo o trabalho de conscientização da população que temos desenvolvido mediante os fóruns que realizamos em parceria com a ONU e os debates em plena luz do dia, ao ar livre, na praia de Copacabana. Os protestos que despertam a consciência da população e chamam a atenção da mídia e do poder público, sempre de modo pacífico, são igualmente importantes. Mas, espero um dia pode falar de milhares de crianças pobres matriculadas em escolas com padrão de excelência de primeiro mundo.

10- O Movimento não tem vínculo com nunhuma instituição política. Quem são os parceiros do Rio de Paz?

Resposta: O Rio de Paz não pode, em razão do seu próprio estatuto, ter vínculos políticos ou receber recursos do estado. Queremos independência de tudo e de todos para erguemos a voz em favor da vida no Brasil. Espero nunca acontecer de não podermos falar o que pensamos porque dependemos de verba pública para sobreviver. Permita-me dizer que o Rio de Paz tem vivido da famosa “vaquinha”. É um bocado de gente próxima a nós que ajuda a pagar as contas dos protestos dando alguma coisa bastante módica.


11- Qual a importância do trabalho voluntário para o movimento? Qual o número de voluntários que trabalham para o projeto?

Resposta: A importância do voluntário deve-se ao fato de que não temos recursos hoje para investir em pessoal, dependendo assim da boa vontade das pessoas. São eles que ajudam na hora da “vaquinha”, montam os protestos de madrugada para que quando o dia amanhecer esteja tudo pronto, nos socorrem na divulgação do manifesto e haverão de um dia nos auxiliar nos projetos sociais que vamos desenvolver. Hoje temos umas 50 pessoas prontas para entrar em ação a qualquer hora e duas que são mantidas pelo Rio de Paz para trabalho de tempo integral. Mas, posso garantir que temos milhares, literalmente milhares, de simpatizantes.


12- O Rio de Paz se notabilizou e ganhou espaço na mídia pela criatividade dos seus protestos (como as cruzes e as rosas nas areias de Copacabana, por exemplo). Quais são os objetivos dessas campanhas?

Resposta: Sensibilizar a população para que a cultura de banalização da vida humana no Brasil seja combatida frontalmente. Espero que nosso trabalho leve milhares a gritar quando brasileiro for explorado ou desrespeitado na sua dignidade de ser humano.

13- Segundo o Rio de Paz, “A violência é o problema social mais grave do nosso país”. O que está sendo feito, hoje, nos diversos setores da sociedade para reverter este quadro?


Resposta: A violência é o principal problema social do Brasil porque envolve um valor inegociável e que se constitui na razão de ser da organização do estado democrático de direito - o direito à vida. E esse valor não está sendo respeitado no Brasil num nível inaceitável. Quanto às ações contra a violência, houve o PAC do governo federal. Excelente iniciativa. Não é perfeita, mas já é alguma coisa. Contudo, sem os 15 pontos do manifesto não há esperança de queda na taxa de letalidade no Brasil.

14- Na sua opinião, o brasileiro, em especial o carioca, “já se acostumou com a violência”, como muitos afirmam?

Resposta: Sofremos de uma patologia social no Brasil que se manifesta de duas formas: a primeira, a prática ativa do crime. A segunda, a indiferença, a falta de espanto, lágrimas e ação. Mas, há milhares que querem participar e não sabem como. O Rio de Paz visa criar esta oportunidade de participação cívica a partir da organização da sociedade civil visando a defesa dos direitos humanos.

15- Qual a relação entre violência e desigualdade social, para você?

Resposta: Que há uma relação isso é inegável. O garoto pobre é facilmente envolvido por traficantes que propõe salários que não se encontram no mercado de trabalho. Ganha-se no tráfico em uma semana o que se costuma ganhar em um mês de trabalho duro. Mas, essa relação não deve ser vista em termos absolutos. Caso contrário não teríamos explicação para os jovens pobres que não se envolveram com o crime. Estes são em maior número do que os que se envolveram. Como explicar? Ouso dar uma resposta sem base em dado estatístico algum. Falo a partir do que percebo. Religião, educação e família são o que mais contribui para manter um jovem pobre longe do crime.

domingo, 23 de março de 2008

O CORDEIRO DE DEUS

Hoje o meu texto nas pregações dessa manhã foi o que se encontra no Evangelho de João capítulo 1 versículo 29: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Esta extraordinária declaração de João Batista sumaria todo o cristianismo. A mensagem central do evangelho está contida nesse testemunho acerca da pessoa bendita do Salvador.

Uma das ênfases que pude dar na exposição dessa passagem relaciona-se ao fato de Cristo ser chamado de "o cordeiro de Deus". Que beleza de verdade. Em um mundo onde os seres humanos estão sempre com uma oferta nas mãos para comprar o favor da divindade, o cristianismo apregoa um Deus que é o ofertante. Um ofertante cuja oferta é o seu próprio filho. Uma oferta que se faz necessária em razão da natureza santa desse mesmo Deus. Uma santidade que exige que as demandas da sua justiça sejam antes satisfeitas a fim de que homens e mulheres recebam um perdão que seja justo. Essa história se impõe como verdadeira em razão da sua beleza. Que deus pode ser comparado a esse Deus?

segunda-feira, 17 de março de 2008

O DESEJO DE FAZER TUDO BEM FEITO

Esse final de semana representou para mim a volta à vida normal. Vida deliciosa. Amada. Estudei, orei, preguei, reencontrei os irmãos amados e ainda assisti ao jogo do Botafogo. Fogão 3 a 2! E no dia do aniversário do Pedro, meu filho mais velho.

Essa semana será dedicada à perseguição determinada de excelência nos ministérios que estão sob o meu encargo. Pretendo fazer passar tudo por uma revisão no propósito de ver todas as coisas funcionado bem.

Hoje estou envolvido diretamente com as seguintes áreas;

- Trabalho pastoral (ênfase em pregação) na Igreja Presbiteriana da Barra: o sonho de um igreja referência para a nação.
- Rio de Paz: o sonho de viver numa país justo.
- Escola Teológica Reformada: o sonho de ver ministros bem preparados intelectualmente e uma universidade reformada.
- Palavra Plena Ministérios: o sonho de levar milhares a Cristo e edificar sua igreja.
- Editora Pontal do Atalaia: o sonho de traduzir e produzir obras literárias que enriqueçam a vida da igreja no Brasil
- Aliança Protestante Nacional: o sonho de andar com irmãos de outras denominações cristãs.
- Missão Plena: o sonho de espalhar igrejas reformadas na vida e na teologia pelo Brasil.

Talvez você esteja perguntando, "mas não é muito?" Nós pastores perdemos muito tempo com bobagem. Muitas vezes há muita indisciplina entre nós. Se geríssemos melhor o nosso tempo faríamos muito mais. Estamos envolvidos com muita atividade que não é essencial. Submetemos nossa vida a uma agenda suicida estabelecida por uma igreja que espera do pastor o que ele não pode dar. Igreja que impede o pastor de fazer o que só ele pode fazer.

Não estou fazendo nada só. Estou cercado de gente talentosa e desejosa de se aperfeiçoar. Outro ponto: evito fazer as coisas sem orar (apesar das imperfeições da minha vida de oração). E mais, procuro eliminar da minha vida tudo o que seja perda de tempo. Por exemplo, quase não assisto televisão. Procuro delegar o máximo, não fazendo o que outros podem fazer.

O que espero nessa semana é dar passos importantes para que tudo isso seja feito com zelo. A meta é que padrões de excelência sejam alcançados. Espero que você possa perceber isso ainda esse ano, numa escala jamais alcançada por nós em tudo o que estamos fazendo.

quinta-feira, 13 de março de 2008

DE VOLTA A NITERÓI (MAIS PRECISAMENTE, PENDOTIBA)

Cheguei hoje cedo ao Rio, pela graça de Deus. O dia foi de tentar botar para funcionar toda uma parafernália que trouxe nessa viagem visando usar bastante a internet para a pregação da palavra de Deus. Foi também o retorno do contato com os filhos queridos. Não deixei de assistir a vitoria do Botafogo pela televisão com meu filho Matheus. Á noite, após o jogo, parei para assistir uma séria americana na companhia dos meus filhos chamada, The Band of Brothers. Recomendo a todos. Uma aula de história e princípios de vida que, em geral, regem a existência de pessoas vitoriosas nesse mundo.

Amanhã é dia de regularizar a vida de oração (que nunca é a mesma quando estamos de viagem, falo com tristeza), fazer contato com a equipe de trabalho do Rio de Paz e os pastores com os quais trabalho. Sábado darei início a preparação de sermões sobre as parábolas de Cristo. Não vejo a hora de começar. O envolvimento com a causa dos direitos humanos não tem arrefecido a paixão pela pregação do evangelho.

Acabei de ligar para o Pierre (o amigo francês responsável pela preparação de todos os nossos protestos). Ele lembrou-me as palavras ditas para nós pelo ministro da justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, José Gregori: "Vocês precisarão de muita paciência nessa luta pela diminuição da violência". Respondi ao Pierre: "Se o caso fosse o de ser paciente para comprar uma casa ou um carro, tudo bem. Mas quando se trata de vida humana sendo ceifada todos os dias, não é fácil". Entendo as palavras do ex-ministro, mas confesso que estou ansioso. Ciente de que preciso da ajuda de um mundo de gente, mas contando com poucos. Hoje centenas foram assassinados. Você se preocupa com isto? Está reagindo como reagiria se fosse com um parente seu?

Precisamos da sua ajuda. Peça às pessoas que você conhece para divulgarem o manifesto do Rio de Paz. Amigo querido, esqueça queda no índice de violência sem a aplicação daqueles 15 itens.

Uma boa noite!

quarta-feira, 12 de março de 2008

ORLANDO - RIO

Estamos de saída dos EUA. Após a estada abençoada em Ocala fomos para Boca Raton onde apresentamos o sonho de criarmos uma Harvard no Brasil. Uma instituição de ensino calvinista que ajudasse na formação de ministros, formação teológica visando preparar pessoas para ocuparem posições estratégicas na sociedade, uma escola bilingue para crianças pobres, cursos na área das ciências humanas dentro de uma perspectiva reformada, traducao de livros para o portugues, organizacao de conferencias e pós-graduação para pastores que já concluíram o curso teológico. Já temos a propriedade no Rio e a paixão por realizar algo tão extraordinário, faltam os recursos humanos e financeiros. Como dizia sempre meu saudoso reverendo Antonio Elias: " Deus proverá".

Mais uma vez fomos objeto do carinho do povo americano. Pessoas no oferecendo a casa para ficar e convidando-nos para belas refeições. Graças a Deus pelo corpo de Cristo espalhado por toda a face da terra.

Espero estar chegando amanhã, trazendo no coração muitos sonhos. Todos eles inseridos dentro daquilo que se chama: missão integral da igreja. Um país justo, pastores bem preparados, plantação de igrejas saudáveis e milhares sendo trazidos aos pés do Salvador: Rei dos reis e Senhor dos senhores.

domingo, 9 de março de 2008

OCALA, FLORIDA

Como você pode ver estou em Ocala na parte norte do estado da Flórida. Vim aqui a convite de uma igreja americana de nome Doxa Church (doxa no grego significa glória). Foi um evento histórico na minha vida, pois pela primeira vez preguei numa igreja autênticamente americana aqui nos Estados Unidos. Até então só havia pregado em igrejas compostas por brasileiros, e uma vez no bairro do Broklin, na cidade de Nova York, para uma igreja de imigrantes russos.

A experiência está sendo muito marcante. Na sexta-feira eles nos ofereceram um jantar no hotel Holiday Inn. Quando nos dirigimos para a casa de amigos que nos recepcionaram, tivemos a surpresa de o casal nos oferecer a própria cama. Vou lhe contar uma coisa - essa caricatura que fazem do povo americano em muitos países não corresponde à nossa experiência entre os irmãos na fé. O tratamento que temos recebido chega a nos comover. Quanta gente boa tenho encontrado nesse país. Após o jantar fomos para o lobby do hotel onde fizemos para umas oito pessoas uma apresentação do Rio de Paz.

Sábado saímos para conhecer um lago numa região belíssima de Ocala. À noite jantamos na casa do Scot e da Stacey. Esse casal está pronto para largar tudo e ir para o Rio de Janeiro a fim de trabalhar com criança pobre. Mas que gente preciosa!

Hoje tive a oportunidade de pregar na igreja desses irmãos. Meu texto foi o capítulo 1 do verso 12 ao 18 da carta de Paulo aos Filipenses. Deus deu graça. Falei sobre a sublimidade do evangelho de Cristo. A apresentação de um vídeo sobre o Rio de Paz antes da pregação tocou o coração de muitos. Saímos para almoçar e tivemos uma longa conversa com o pastor Derek, que é quem está plantando essa igreja. Conversamos muito sobre a vida na igreja. Interessante observar que nesse mundo globalizado os problemas, desafios e até mesmo soluções vão ficando cada vez mais parecidos.

Nesse momento estou de saída para a última reunião do dia onde falaremos sobre a " mission trip" que alguns membros dessa igreja farão ao Rio no próximo mês de Agosto. Após o encontro rumaremos para a cidade de Orlando, de onde partiremos na manhã de segunda-feira para a cidade de Boca Raton. Ali faremos uma apresentação sobre o nosso ministério de plantação de igreja e nosso movimento de defesa dos direitos humanos.

Tenho procurado saber como andam as coisas no Brasil pelos jornais online. Fiquei sabendo da visita do presidente Lula ao Rio, de mais uma morte na Avenida das Américas e de um protesto da OAB quanto à politica de segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Quanta à primeira noticia posso dizer que fico feliz com a iniciativa do governo federal, mas ainda julgo-a insuficiente. Se as reivindicações do manifesto do Rio de Paz não forem atendidas, esqueça queda no índice de letalidade do nosso estado. As mortes na Avenida das Américas demandam uma ação das igrejas do bairro. O manifesto da OAB faz sentido. Nunca o estado matou tanto. E as mortes entre membros inocentes da população continuam a acontecer.

Termino pedindo mais uma vez sua ajuda para a coleta de assinaturas do manifesto e suplicando a sua oração pelo que estamos procurando fazer pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil. Que Deus te guarde e não permita que você perca o encanto por Ele.

quinta-feira, 6 de março de 2008

FROM WASHINGTON DC

Encontro-me nesse momento em Washington. Ontem tive o que pode ter sido o encontro mais importante da viagem. Fui ao congresso americano falar com uma assessora de um deputado. Fiz para ela um descrição do nosso trabalho no Brasil. Apresentei números e contei sobre os protestos e ações do Rio de Paz. Uma série de consequências advirão desse encontro, não tenho dúvida. Algumas já estão planejadas. Um retorno meu para falar com parlamentares (ou seus assessores) sobre o nosso movimento, um discurso que deve ser feito por um parlamentar americano numa sessão do congresso sobre o nosso trabalho e a violência no Brasil, entre outras ajudas mais que não julgo oportuno mencioná-las agora.

Hoje tive um dia intenso. Conversei com líderes de igrejas evangélicas americanas interessados em investir no trabalho de plantação de igrejas no mundo. Tentei explicar que a luta pela defesa dos direitos humanos abre portas para a pregação do evangelho. Não sei no que vai dar. Mas pude ver em alguns a forte impressão causada pelo Rio de Paz. Creio que uma porta foi aberta nos EUA. Devo estar voltando em breve para falar com assessores de parlamentares, líderes de ONGs e pastores.

Hoje estive no prédio da Suprema Corte americana. Na sua porta de entrada está escrito: EQUAL-JUSTICE-UNDER LAW. É tudo o que o Rio de Paz quer no Brasil. Igualdade de condições para viver, justiça para todos (todos recebendo aquilo que lhes é de direito, seja a honra que é devida aos que fazem o bem, seja a justa aplicação da sanção penal na vida dos que fazem o mal) e tudo isto de acordo com a lei - o pacto social, esse acordo sob o qual estamos. O Cristianismo reprova qualquer movimentação social que não leve em consideração as leis do país. Tudo tem que estar " under law" - sob a lei. Lei, obviamente, estabelecida de acordo com o consentimento do povo e as verdades que Deus implantou na alma humana - as chamadas "leis naturais". Confesso que acredito na lei natural. Ninguém precisa ler a Bíblia para saber que bater na mãe é errado. Como diz C. S. Lewis, não há conhecimento na história da humanidade de uma só sociedade que tenha louvado algo como a covardia.

Hoje estive pensado no contraste vivido por mim esse ano. Em Janeiro pegando onda na Costa Rica, com gente que esqueceu-se de tudo e vive só para surfar. Essa semana, no congresso americano suplicando ajuda ao povo brasileiro. Andar com Cristo é experiência longe de ser monótona.

Agora vou sair com dois amigos americanos. Pessoas que me levam a crer que há muita gente boa nesse país. Irmãos na fé adoráveis. Vamos comer alguma coisa, ir a uma bookstore e voltar para o hotel. Eles devem representar o Rio de Paz nos EUA.

Amanhã, se Deus permitir, voltaremos para Orlando, onde pregarei nesse fim de semana numa igreja americana. Segunda vamos para Boca Raton a fim de falar com amigos sobre plantação de igrejas e luta pelos direitos humanos no Brasil.

Peço a sua oração. Sinto sinceramente que algo de glorioso está para acontecer.

terça-feira, 4 de março de 2008

MY TIME IN US

Acabei de participar de uma reuniao de oracao aqui na Florida. Oramos bastante pelo Brasil. Estou agora de partida para uma outra reuniao de oracao, com o staff da CrossPoint Church. Amanha uma das partes mais importantes da viagem comecara. Irei para Washington para falar com um deputado americano, participar de uma conferencia com varias liderancas cristas de todo os EUA. Na mesma cidade terei contato com uma importante instituicao americana de defesa dos direitos humanos - International Justice Mission. Eles sao todos cristaos. Que beleza, nao estamos sos!

Ps1. Continuo com problemas com os acentos no meu novo computador. I' m sorry!
Ps2. Nao deixe de coletar assinaturas.

domingo, 2 de março de 2008

NEWS FROM USA

Hoje esta sendo um dia magnifico. Acabei de falar em dois cultos de uma igreja (Cross Point Church) para centenas de americanos. Eles demonstraram uma enorme admiracao pelo nosso trabalho, em especial pelo desafio do Rio de Paz. Estou agora me dirigindo para um outro encontro a fim de falar sobre o problema da violencia no Brasil e as nossas propostas para a reducao do crime.

Nao deixe de continuar lutando pela coleta recorde de assinaturas. Precisamos fazer a coisa de uma tal maneira que fique caracterizado que essa lista trata-se do clamor de uma nacao.

As noticias dessa semana sobre a violencia no Rio sao chocantes sob todos os aspectos.

Perdoa-me pela carencia de acentos. Troquei de computador e nao estou sabendo acertar com o keyboard dele.

sábado, 1 de março de 2008

PARE COM AS BALAS, MATE A ARMA



Veja que beleza de video cujos direitos estamos querendo adquirir a fim de veicular nas redes de televisao braslieiras.

FROM USA

CHEGUEI ONTEM
Estou nesse momento nos EUA. Cheguei aqui ontem depois de um voo (estou escrevendo sem conseguir acentuar tudo) bem cansativo. Já tive a oportunidade de falar com varias pessoas sobre o Rio de Paz. Inclusive num grupo pequeno que se reúne na casa onde estou hospedado. A receptividade para esse tipo de coisa aqui 'e enorme. Todos demonstram respeito pelo nosso trabalho e perplexidade com os números da violência no Brasil

A NOTA DO ANCELMO
Mais uma vez o colunista mais famoso do Brasil, Ancelmo Gois do jornal O GLOBO, faz menção ao Rio de Paz, dessa vez divulgando o nosso manifesto.

A COMUNHÃO DA IGREJA
Que beleza essa comunhão que vence barreiras sociais, raciais e culturais, que a fe crista nos proporciona. Sinto-me em casa aqui nos EUA na presença de irmãos americanos profundamente amáveis.

11 MORTES NO RIO
O que falar? Os números revelam que vivemos num ambiente de horror e fracasso do pacto social. Ate o segurança do secretario de segurança do estado foi assassinado, com 30 tiros, bem no caminho que tomo quando volto da igreja para minha casa.