quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A PESSOA DE ESPÍRITO PÚBLICO


Nesses dias que sinto-me atônito com a indiferença de tantos evangélicos para com a causa dos direitos humanos no Brasil, especialmente no que se relaciona à morte por assassinato de tantos brasileiros, e isto num contexto em que evangélicos estão sendo assassinados e em algumas comunidades pobres o horário do culto é determinado pelo crime organizado, fora o fato perceptível de que a freqüência aos cultos de meio de semana tem caído por força do medo gerado pela violência, veio como um alento ao meu coração o que acabei de ler saído da pena de Jonathan Edwards:

"O amor cristão é oposto ao espírito egoísta, no sentido de que ele é misericordioso e liberal, por este mesmo motivo ele dispõe a pessoa a ter um espírito público. Um homem com um espírito correto não é um homem de visões estreitas e privadas, mas alguém grandemente interessado e preocupado com o bem da comunidade à qual pertence, e particularmente à cidade ou vila na qual reside, portanto trabalha para o verdadeiro bem estar da sociedade da qual ele é membro. Deus mandou os judeus que foram levados longe, para o cativeiro da Babilônia, que procurassem o bem daquela cidade, embora esta não fosse seu lugar de nascimento, mas apenas a cidade do seu cativeiro".

Como explicar o protestantismo brasileiro quando tratamos de analisá-lo sob a luz que uma declaração como esta lança sobre o estilo de vida dos membros das igrejas evangélicas do Brasil? Toda a contribuição que poderíamos dar para o desenvolvimento e cura dessa nação é obliterada por um discurso que aliena e conduz os que se dizem salvos a se sentirem culpados apenas nas ocasiões em que praticam seus pecados privados, muitos dos quais restritos ao templo. O sujeito se arrepende porque não participou do ensaio do coral, porque não deu sua oferta ou não participou da vigília, mas não tem a mínima preocupação com o fato de que milhares estão sendo explorados, torturados e mortos ao seu redor, enquanto ele e os seus amigos permanecem preocupados com o próximo CD da banda da igreja.

A ausência de um espírito público é grave sinal de uma conversão insincera, fecha o coração de milhares para a pregação do evangelho e faz com que o Espírito Santo se aparte das nossas assembléias.

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