sábado, 23 de fevereiro de 2008

O RIO DE PAZ E O TRABALHO DO INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

Para nós do Rio de Paz a saída da Ana Paula Miranda da presidência do ISP foi um choque. O Rio de Janeiro perde alguém de excelente formação acadêmica, amante da causa da justiça, interessada na autenticidade dos números e que através das suas pesquisas publicadas no site do referido instituto dava-nos subsídios para irmos para as ruas e realizarmos os nossos protestos. Há uma ligação entre o trabalho do ISP e o do nosso movimento - o interesse em tornar público os números do maior problema social do presente momento da história do nosso estado. Uma tragédia que precisa de luz. Quanto mais conhecermos esses números, melhor.

O Rio de Paz resulta do desejo de ver carioca parar de morrer. Ao mergulharmos, contudo, no problema da violência no Rio de Janeiro descobrimos que esse mal gravíssimo não está circunscrito ao nosso estado, mas trata-se de uma patologia social que grassa em todo o território nacional. Por isso, botamos o pé na estrada e realizamos protestos em Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. O que nos dava orgulho nessas ocasiões era dizer que no Rio nossos protesto são realizados com base em dados oficiais que estão à disposição da população na internet. Houve um estado em que um agente do governo nos passou os dados da violência e pediu para que o seu nome não fosse revelado. No Rio, não precisávamos disso, devido ao trabalho do Instituto de Segurança Pública.

Coincidentemente, no meio dessa semana eu liguei para a Ana Paula a fim de pedir o seu apoio para o manifesto do Rio de Paz. Ela falou-me da sua alegria com o seu trabalho e com os aperfeiçoamentos que estavam em andamento. E atendendo uma solicitação sua e da sua equipe de trabalho pude lhe dizer que o Rio de Paz já está pronto para fazer um ato público diferente, mostrando os números da queda da violência caso isso venha a acontecer, o que trouxe grande alegria para a nossa estimada pesquisadora.

O Rio de Paz preza pelo respeito às autoridades. Por isso vamos acatar a decisão do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Alguém, pelo que podemos observar, que não tem ligação com nenhuma expressão do crime organizado no nosso estado. A escolha do Cel. Mário Sérgio nos faz crer que não haverá espaço para nenhuma trama que vise ocultar a verdade. Nós o conhecemos no Fórum sobre Violência, Defesa dos Direitos Humanos e Participação Popular que realizamos em parceria com a ONU no ano passado. Ele causou-nos uma ótima impressão ao falar com sinceridade e até mesmo admitir que está cansado de “enxugar gelo”, o que levou a todos nós a entender que ele deseja uma política de segurança pública caracterizada mais pelo uso da inteligência do que da força.

Fica aqui a expressão da nossa gratidão pelo trabalho da Ana Paula Miranda bem como do desejo que o nosso Secretário de Segurança tenha, num contexto de Luz e Verdade, êxito na tarefa de fazer nossos conterrâneos pararem de ser assassinados.

Antonio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz

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