quarta-feira, 18 de julho de 2007

O CARÁTER INCERTO DA VIDA


Quando soube do acidente da TAM, ocorrido no dia de ontem em São Paulo, encontrava-me na igreja, saindo de uma reunião de oração que realizamos semanalmente. Em seguida fui para um restaurante com a minha esposa, o nosso missionário que trabalha em Porto Alegre e mais alguns amigos. Havia algo de diferente no ar. Aquela atmosfera que sempre é criada quando uma tragédia desta proporção ocorre. Lembro-me de alguém haver me contando da sensação que teve ao chegar nas barcas de Niterói, quando um incêndio em um circo matou centenas de pessoas na cidade na década de 60. Ele, até então, não sabia de nada que havia ocorrido, mas havia um clima na cidade, algo que era comunicado de alguma forma pelas pessoas, que o levou a pensar em alguma tragédia que certamente ocorrera. Estes dramas costumam se refletir nos nossos rostos, nas nossas conversações, e, cumprem um papel importante na nossa vida – remetem-nos para um contato direto com a vida tal como a vida é.

O fato é que estas tragédias nos deixam entristecidos, reflexivos e mais circunspectos. O que costumamos pensar numa hora como esta? Primeiro, por que aconteceu com eles e não comigo? Eu mesmo já fiz este vôo entre Porto Alegre e São Paulo. Milhares o fizeram e não aconteceu nada com eles. Contudo, ontem, centenas de corpos carbonizados. Segundo, qual o sentido da vida? Se tudo pode acabar de modo tão rápido, há propósito na nossa existência? Terceiro, como me preparar para tudo isto? Sendo a vida dura, curta e incerta, qual a melhor forma de se administrar a nossa existência? Pessoas no dia ontem, dentro de um avião, se dirigiam de uma cidade para outra pensando em comprar, vender, casar, mudar, estudar, entre tantos outros sonhos pessoais mais, e, subitamente, um susto, um estrondo e o fim.

Gostaria que você considerasse algumas coisas em razão das verdades que emergem de situação trágica como esta, e, que podem penetrar de modo mais profundo no nosso coração quando somos postos perante a realidade da vida e da condição humana:

1. Considere a brevidade da vida e o caráter incerto de todas as coisas. A sua e a minha vida passam como um sonho: “O homem nascido da mulher vive breve tempo, cheio de inquietação, nasce como a flor e murcha, foge como a sombra e não permanece”. Portanto, invista no essencial. Não perca tempo com aquilo que subitamente vai deixar de fazer todo o sentido para sua vida. Trabalhe, ame, estude e sonhe. Mas, saiba que você tem uma alma. E, mais alguns verões, mais alguns invernos, mais alguns natais, mais alguns anos ou dias, e, sua vida será cortada deste mundo. Você terá que se separar de tudo quanto ama. Foi Cristo quem disse: “De que vale um homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”? Reconcilie-se com Deus através de Cristo. Peça a Deus perdão pelos dias de insanidade – dias nos quais você não levou em consideração o fato de que há um Deus a quem você deve culto, amor e submissão. O Senhor Jesus disse que ninguém que vai a ele será lançado fora. Corra para Deus, receba o seu perdão e tome posse da bênção da vida eterna que pode ser recebida por você mediante a fé em Cristo, sem que você precise se anular ou dar dinheiro para igreja. Esta salvação é gratuita. Foi conquistada pelo sangue daquele que morreu por causa da nossa insânia, a fim de que não tivéssemos que pagar nossa dívida morrendo também. Oh! Amigo, não despreze oferta de salvação, tão cheia de misericórdia, que Deus está fazendo para sua vida. Você não vai tirar nenhuma lição deste acidente? Será que ele não permtirá que você conclua que o dia que se chama hoje, é o dia da oportunidade de redenção?

2. Considere o fato surpreendente de que Deus tem preservado sua vida. Aquelas pessoas que morreram ontem não eram piores do que você. Talvez esta mensagem esteja sendo lida por centenas e centenas de pessoas que são malvadas. Pessoas que não amam a Deus com todo o ser e não amam ao próximo como a si mesmas. E, contudo, elas não estavam lá. Seus corpos não estão entre os daqueles que pereceram de uma maneira tão repentina. Por quê? Isto tudo nos remete para o mistério da soberana vontade de Deus. Penso, entretanto, que numa ocasião como esta, seria sábio que em vez de você tentar sondar o imperscrutável, saindo em busca de respostas que não foram dadas aos seres humanos conhecer, que você considerasse o seu caso. Você está vivo. Isto não é devido à sua bondade inerente, mas a graça de um Deus que está nesta tragédia chamando uma nação para se arrepender dos seus pecados e tomar a decisão de levar o Criador à sério. Sua vida tem sido preservada. Mas, para quê? Para você tornar a dos outros insuportável? Para você esbanjá-la numa vida desregrada, na qual em nome da liberdade e da felicidade você se comporta como um animal irracional? Você tem uma alma. Uma alma que habita dentro de uma estrutura frágil que a qualquer momento se desfará. Por isto, com gratidão e espanto, em razão da manutenção milagrosa da sua vida, corrija o seu caminho, volte-se para aquele que mais o ama – o seu Criador, entregando sua vida a Ele. O Deus, que pela sua providência tem dado oportunidade a você e a mim de nos arrependermos e crermos.

Muitos poderão julgar esta mensagem alarmista, oportunista e escrita no calor das emoções. Não amigo, daqui a dez anos, ou, mil anos, não haverá tempo de calmaria que nos impedirá de considerar a brevidade e incerteza da vida. E, como pastor que sou, penso que cumpro meu dever como cristão e alguém que é sustentado por uma comunidade de cristãos para proclamar a mensagem do evangelho, ao aproveitar uma tragédia como a ocorrida ontem em São Paulo para chamar amigos, parentes e compatriotas a se deixarem abalar pela mensagem eloqüente que nos está sendo transmitida por este acidente de avião. Concluo, com as palavras que o próprio Senhor Jesus um dia proferiu para um povo que passara por uma experiência parecida com a que nós estamos passado. O texto encontra-se no Evangelho de Lucas, capítulo 13 versículos de 1 à 9:

1. Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam. 2. Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? 3. Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. 4. Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5. Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. 6. Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. 7. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? 8. Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. 9. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la.

Um comentário:

  1. Muito bom!!! O amado mais uma vez está de parabéns!!!

    Gosto muito do seu blog.

    Me faz refletir pra caramba!!!

    Além dos sermões encontrados no site, fico esperando seu programa (quando passa) na TV Gênesis... um dia desses passou.

    Sou Diego Ramon Queiroz, seminarista concluinte (5ºano) no SPN - Seminário Presbiteriano do Norte (Recife). Membro da Igreja Presbiterian de Rio Doce.

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