sábado, 14 de julho de 2007

A AUTO-ESTIMA DO RIO


A auto-estima da cidade do Rio de Janeiro está nas alturas. O Corcovado ganhou o concurso das setes maravilhas do mundo, as instalações dos jogos parecem ser um colosso e a abertura do PAN foi uma maravilha.

Para quem mora nesta cidade e a ama,contudo, o sentimento de perplexidade não tem limite. Sugiro que todos respondamos as perguntas que emergem deste espanto:

1. Entrar para assistir jogos no Maracanã sempre foi um filme de terror. Pessoas se acotovelando, crianças sendo esmagadas, falta de local de estacionamento, guichês em número insuficiente, banheiros imundos, poltronas sujas e insegurança ao redor do estádio. Por que pessoas precisam vir de fora e exigirem um padrão de atendimento ao público reconhecido por todos os povos desenvolvidos, para aprendermos a tratar o público como gente? Até que ponto este desrespeito às pessoas é sintomático de uma cultura que menospreza a vida?

2. Como o poder público se mobiliza para um evento dessa natureza, investindo tempo e dinheiro, num contexto em que nossa cidade clama por investimento em hospitais, escolas, saneamento e segurança? Não se trata de ser contra os jogos, trata-se de ser contra uma inversão de valores criminosa.

3. O cartão-postal principal da nossa cidade, uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor, aponta para a existência de alguém que passou pelo solo desse planeta, ensinando aos homens a tratarem seu semelhante com dignidade. O que o Cristo da bíblia tem a dizer sobre um povo que honra a sua estátua, mas não se submete à sua palavra?

Talvez, alguém lendo esta mensgem, possa ser levado a dizer: "Mas que cara chato. Que sujeito contrário à alegria. Só consegue ver o lado escuro das coisas". Amigo, pense em como você se sentiria, ao assistir a festa de ontem pela televisão, se fosse pai de uma criança que morreu vítima de bala perdida, se um parente seu tivesse morrido num hospital público por falta de assistência médica, ou se você morasse numa casa com ratazana roçando o seu pé.

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