A BELEZA QUE NÃO CANSA
Acabei de chegar do meu momento de oração. Tenho o costume de orar enquanto ando. Nesse sentido, meu bairro favorece muito esta prática. Eu resido em Pendotiba - Niterói, uma região da cidade ainda com muito verde, ruas com chão de barro, pássaros de várias espécies e muitos micos. A suavidade do sol da manhã com a serra de Teresópolis ao fundo geram no meu coração uma doçura que não sou capaz de descrever. E, pensar que o mar está tão perto também...
Muitas das idéias quanto aos protestos do Rio de Paz me vêm à mente enquanto pratico este tipo de exercício espiritual. Hoje, no entanto, foi diferente. Em vez de surgirem imagens de protestos, veio-me ao coração a beleza de Deus.
Tomás de Kempis, afirma no seu clássico "A Imitação de Cristo" que, se tivéssemos que ver tudo o que existe no universo nossos olhos nada mais teriam do que uma visão fantástica. Uma visão fantástica. Bom, não devemos jamais negar o valor da criação como instrumento da revelação das perfeições de Deus. Contudo, para onde lancemos o olhar contemplamos o que é finito, mutável e imperfeito. Somente em Deus o espírito humano pode repousar seus olhos sobre o que não se exaure, não se deteriora e não sofre de limitação alguma.
O que acabou de me ocorrer enquanto orava ainda agora, é que a própria idéia de Deus faz com que não consigamos mais nos deter em qualquer outra coisa que não seja ele. O universo com toda sua beleza faz bem ao nosso coração. O cristianismo não nos convida ao menosprezo pela criação. Mas, como podemos fixar os olhos do nosso coração defintivamente sobre aquilo que não pode ser comparado a infinita beleza do Deus dos cristãos? Nele nós encontramos o que está por trás de tudo o que é belo; nos deparamos com o que é insondável e eterno, mas ao mesmo tempo pessoal - a beleza que pensa, age e ama - cujo aspecto mais encantador é a santidade de um ser que não tolera o que é mal, que tem vivido a experiência do amor por toda a eternidade, e, que no tempo e no espaço atraiu sua ira para si mesmo, desviando-a da humanidade assassina a fim de que todos pudéssemos receber um perdão justo.
Quão feliz é aquele que conheceu Deus tão amável e fez dele o supremo bem da sua vida.
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