A ALEGRIA NO SENHOR - Filipenses 4: 4
I- INTRODUÇÃO.
O capítulo quatro da carta aos filipenses, conforme já pudemos observar, revela a preocupação do apóstolo com dois aspectos absolutamente essenciais da vida espiritual da igreja: primeiro, a comunhão com Deus (v.1). Seu desejo era o de ver todos firmes na decisão que haviam tomado de entregar sua vida a Deus e viver para a glória do santo nome do seu Criador. Em segundo lugar, o apóstolo Paulo revelou sua preocupação com a comunhão da igreja – os relacionamentos inter-pessoais da comunidade da fé (v.2). Sendo assim, podemos afirmar que ele queria ver os membros da igreja vivendo em harmonia com Deus e uns com os outros.
O capítulo quatro da carta aos filipenses, conforme já pudemos observar, revela a preocupação do apóstolo com dois aspectos absolutamente essenciais da vida espiritual da igreja: primeiro, a comunhão com Deus (v.1). Seu desejo era o de ver todos firmes na decisão que haviam tomado de entregar sua vida a Deus e viver para a glória do santo nome do seu Criador. Em segundo lugar, o apóstolo Paulo revelou sua preocupação com a comunhão da igreja – os relacionamentos inter-pessoais da comunidade da fé (v.2). Sendo assim, podemos afirmar que ele queria ver os membros da igreja vivendo em harmonia com Deus e uns com os outros.
A partir do versículo quatro observamos uma clara mudança na tônica da mensagem do apóstolo Paulo. Em vez de expressar seu anelo de ver todos em paz com Deus e em paz uns com os outros, ele revela a sua vontade de ver todos em paz consigo mesmos (vs. 4-9). Desse modo, somos introduzidos numa das porções das Escrituras Sagradas que mais falam sobre a psique humana.
Na mensagem cristã pode-se observar com clareza uma desembocadura psicológica. É inevitável a aplicação direta do sistema bíblico na vida psíquica do ser humano. Ao exaltar o amor de Deus pelo seu povo, a Bíblia leva qualquer homem ou mulher a tratar dos males da sua alma à luz desta nova e gloriosa perspectiva de vida. Em muitas ocasiões a aplicação é tão direta e natural que, quem a experimenta mal pode avaliar as transformações que foram operadas no seu próprio coração. Mas, há textos da Palavra de Deus onde a dimensão psicológica da vida humana é tratada de modo direto. E, esta seção da Escrituras Sagradas que estamos examinando é uma delas.
Deus quer que seu povo viva em paz. O bem-estar psicológico é possível e deve ser conscientemente buscado pelo crente. É isto que este texto nos ensina. A passagem é profundamente positiva, esperançosa e plena de orientação segura a fim de que aquele que teve um encontro com Cristo tenha felicidade nesta vida.
O apóstolo Paulo ao tratar da alma humana na forma da apresentação de um caminho de felicidade real a ser desfrutada mesmo antes da chegada do crente ao céu, começa por uma das características da vida bem-aventurada. O ser humano feliz é alegre. E, a grande notícia que Deus tem a ensinar para o seu povo é que aquele que anda com Cristo pode ter alegria no seu coração.
Certamente o apóstolo Paulo começa pelo tema alegria pelo simples fato de ela ser uma das conseqüências naturais da verdadeira vida cristã. Mas, não apenas isto, a própria vida cristã com todas as lutas e desafios que lhe são inerentes só pode ser vivida por uma igreja que aprendeu a se regozijar em Deus. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8:10).
Paulo revela compreender que a alegria é tanto produto da fé cristã quanto fundamental para a saúde espiritual do crente. Qual o papel da alegria cristã em nossa vida? O que é a alegria cristã? Como experimentá-la?
No próprio mandamento já podemos ver estas perguntas respondidas por força de uma verdade que emerge dele mesmo: O CRENTE É ALGUÉM QUE PODE SEMPRE ENCONTRAR MOTIVO DE ALEGRIA NA VIDA.
Se é possível o crente sempre encontrar motivos de alegria na vida como também é um mandamento ser alegre, isto só pode significar as seguintes coisas: primeiro, sempre há algo na vida que está acima de todas as circunstâncias que pode alegrar o coração do crente. O que quer que isto seja deve ser um bem eterno, imutável e que se adapta as demandas mais profundas do coração do crente. Segundo, por se tratar de um mandamento, certamente esta alegria deve ser de fundamental importância para sua vida espiritual, e, em terceiro lugar, trata-se de algo que de uma certa forma não é externo ao crente. Só pode ser uma coisa que de algum modo está em seu poder e que pode ser acionado.
Gostaria, então, de responder as perguntas supra mencionadas: O que é a alegria cristã? Qual o papel da alegria em nossa vida? Como experimentar a alegria cristã?
II- O QUE É A ALEGRIA CRISTÃ?
O que significa a palavra regozijo? Não é possível que Paulo esteja falando aqui de uma alegria que tem relação com os prazeres temporais que o próprio Deus proporciona aos seus eleitos, pois como todos sabemos, estes nem sempre os temos, donde se infere que o apóstolo Paulo jamais falaria de uma alegria constante se para tal dependêssemos deste tipo de coisa. É fato que a alegria de natureza espiritual sobre a qual Paulo fala pode vir acompanhada de inúmeros benefícios temporais que o crente mais do que ninguém sabe desfrutar. O crente é o único entre os homens que tem alguém para agradecer no universo. O ímpio pode até agradecer a Deus, mas não como quem agradece a um Pai que pelo seu favor imerecido abençoa os seus para que estes possam glorificá-lo com suas vidas.
O que seria esta alegria então? Antes de propriamente responder a pergunta gostaria de fazer algumas afirmações preliminares que servirão de base para uma definição.
1- O CRENTE É ALGUÉM QUE TEM MOTIVO PARA SE ALEGRAR.
Esta é a primeira verdade sobre o crente. O crente é alguém que tem motivo para se alegrar. Qual a importância de se fazer esta afirmação? A importância deve-se ao fato de vivermos num século de profundo pessimismo filosófico. Apesar de todos os avanços tecnológicos que fazem com que qualquer cidadão de classe média viva uma vida melhor do que os reis do passado, nada disso representou um avanço na solução dos grandes enigmas da vida: quem somos? De onde viemos? E para onde vamos?
Hoje os filósofos não saem mais em busca de respostas. Eles simplesmente não crêem que elas existam, o que nos leva a presenciar a morte da filosofia. Soma-se a isto o fato de que o homem embora possa clonar ovelhas e mandar espaçonaves para Marte continua perverso. E este é o drama atual, todo este poder tecnológico está nas mãos de seres com natureza de serpente.
Fora tudo isto, temos que enfrentar o que sempre foi marca de todas as gerações: caminhamos inexoravelmente para a morte. Lá no fim da estrada encontra-se ela para nos separar de tudo que amamos. Mais alguns verões, mais alguns outonos, mais alguns invernos, mais algumas primaveras e estaremos deixando para trás o que mais estimamos.
Pascal: “Imagine-se uma porção de homens na cadeia todos condenados à morte: uns são diariamente degolados à vista dos outros, enquanto os que ficam vêem a sua própria condição na dos seus semelhantes e, entreolhando-se com dor e sem esperança, esperam a sua vez. É a imagem da condição dos homens”.
O fato é que aqui estamos diante de uma passagem que diz que o crente deve se alegrar e que por não ser um texto isolado, pois o que mais encontramos na Bíblia são textos sobre a alegria dos crentes, somos todos confrontados pela verdade de que o crente tem motivo para se alegrar.
2- O CRENTE É ALGUÉM QUE TEM MOTIVO PARA SE ALEGRAR SEMPRE.
Esta é outra afirmação surpreendente no texto de Filipenses. Todos estamos acostumados com uma alegria palpável, que tem uma razão de ser objetiva. É o filho que se formou, a promoção que veio, o carro que foi trocado e assim por diante. Mas, o que falar de uma alegria quando todas estas coisas faltam? O que falar de uma alegria que tem sempre uma razão de ser e que está para além das contingências da vida? Como encarar uma alegria que não precisa de narcóticos?
É como se o apóstolo Paulo estivesse a falar sobre a importância do crente ser alegre, e, ao alguém fazer uma pergunta relacionada ao quando ele respondesse: “sempre”.
Só pode haver uma explicação para tal: o crente é alguém que conhece a si mesmo, a vida e aquilo que se constitui no bem supremo do homem. O crente é alguém que sabe o que o coração de todo homem anseia, o que o coração de um regenerado vem a ansiar, o que a vida pode lhe proporcionar e o que vem a ser o grande bem da vida. E o que é óbvio, o crente é alguém que encontrou um bem eterno, que adapta-se as suas mais profundas expectativas com respeito à vida e que só pode ser eterno e imutável, caso contrário o medo de se perder o bem achado geraria uma ansiedade que haveria de lhe roubar toda alegria.
3- O CRENTE É ALGUÉM QUE TEM MOTIVOS PARA SE ALEGRAR SEMPRE PORQUE CONHECEU A DEUS ATRAVÉS DE CRISTO.
A razão nos remete para esta resposta. Que bem pode satisfazer a alma humana sempre e de uma tal maneira que esta sempre tenha motivo para se alegrar que, não seja eterno, perfeito e imutável? E onde em um mundo como o nosso podemos encontrar algum bem com estes atributos?
Agostinho: “Quem me fará descansar em Ti? Quem fará com que venhas ao meu coração e o inebries a ponto de eu esquecer os meus males, e me abraçar a Ti, meu único bem? Que és para mim? Tem misericórdia, para que eu fale. Que sou eu aos teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se eu não o fizer, te indignares e me ameaçares com imensas desventuras? Como se o não te amar já fosse desgraça pequena! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és Tu para mim? Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação! Dize de forma que eu escute. Os ouvidos do meu coração estão diante de Ti, Senhor; abre-os e dize à minha alma: Eu sou a tua salvação. Correrei atrás destas palavras e te segurarei. Não escondas de mim a Tua face: que eu morra para contemplá-la e para não morrer!”
O que Deus revela ao crente que faz com que este sempre tenha motivos para se alegrar?
3.1- O CRENTE É ALGUÉM QUE TEM MOTIVOS PARA SE ALEGRAR SEMPRE PORQUE SABE QUE FOI AMADO COM AMOR ELETIVO POR DEUS NA ETERNIDADE.
O crente é alguém que conhece Deus como excelente. Não apenas crê na existência de Deus, mas se maravilha com a beleza de Deus. Esta beleza independe do fato de Deus salvar o crente ou não. Deus não é excelente para o crente porque o salvou. Deus poderia muito bem revelar sua justiça recusando-se salvá-lo, aplicando assim em sua vida justiça em vez de graça.
O que deixa o crente em estado de perplexidade repleta de alegria é saber que este que é excelente fixou o Seu infinito amor em sua pobre vida pecadora. E mais do que isto, trata-se de um amor que foi fixado na vida do crente na eternidade. O crente é eleito!
O crente pode se alegrar sempre no Senhor por saber que sua salvação não pode ser atribuída ao acaso, mas ao amor soberano de Deus (Fp 1:6).
3.2- PORQUE SABE QUE É AMADO POR DEUS.
A convicção fruto de conclusão lógica da premissa anterior é que o crente sabe que é amado agora. Sua vida esta sob este amor. Mas, em que difere o amor que Deus tem pelo pecador para o amor que Deus tem pelo crente? O amor que Deus tem pelo crente, em primeiro lugar, faz com tudo o que acontece em sua vida coopere para o seu bem. Em segundo lugar, o amor que Deus tem pelo crente é diferente do amor que tem por uma simples criatura. Deus não ama o crente como Criador, mas sim como Pai. Em terceiro lugar, o amor que Deus tem pelo crente vem acompanhado de deleite. O crente agrada a Deus.
3.3- PORQUE SABE QUE SERÁ AMADO POR DEUS POR TODA A ETERNIDADE.
Como este amor não repousa no que o crente faça ou tenha feito, mas sim no seu plano eterno, que garante a eficácia no presente da obra do Espírito Santo no coração do crente, este sabe que será amado por toda a eternidade (Fp 3: 20-21).
Em resumo, este amor tem as seguintes conseqüências para a vida dos filhos de Deus: a experiência de uma alegria que tem sua razão de ser num passado para o qual o crente pode olhar com a gratidão de quem sabe que sempre foi amado, um presente que o enche de segurança e um futuro que não lhe causa ansiedade.
Gratidão, humildade e segurança vêm a ser as três características da vida do crente, em especial, se este é calvinista, pois tal doutrina faz parte de modo especial do sistema doutrinário reformado (há frutos que só nascem em solo calvinista).
III- QUAL O PAPEL DA ALEGRIA CRISTÀ NA VIDA DE UM CRENTE?
O crente ao pensar na razão de ser do mandamento da alegria deveria ser levado às seguintes conclusões: primeiro, a alegria é uma das características da vida regenerada. Um homem crente é alegre. Como diz Calvino: “Uma verdadeira vida religiosa é uma vida de constante alegria”. “Muito ingrato é o homem perante Deus, que nao avaliou de modo elevado a justiça de Cristo e a esperança da vida eterna, a ponto de regozijar-se no meio da dor”.
Howard Marshall faz a seguinte afirmação: “Se nossa experiência cristã não nos leva à alegria, faremos bem em perguntar se é genuína... A alegria cristã é a atitude natural do crente”. Indiscutivelmente a marca de um cidadão do reino é a alegria.
Em segundo lugar, a alegria cristã é uma forma do crente responder à vida de uma tal maneira que não sucumba à tristeza, dando largas a ela e permitindo assim que as circunstâncias determinem sua maneira de viver. Como diz Calvino: “Eu refiro isto a moderação de espírito, quando a mente mantém a si mesma em calmaria sob a adversidade, e não dá indulgência para a tristeza”.
Em terceiro lugar, trata-se de algo que torna o crente uma bela apresentação do evangelho.
Em quarto lugar, quanto mais alegre for o crente mais poderá servir o próximo. Howard Marshall: “Da alegria do seu coração o crente tem melhores condições de consolar outras pessoas”.
IV- COMO EXPERIMENTAR A ALEGRIA CRISTÃ?
A primeira coisa que o crente precisa saber para experimentar a alegria no Senhor é saber que é possível. Vivemos em meio a um ceticismo tamanho que até mesmo crentes não crêem que seja possível viver o mandamento bíblico. Segundo, orar. Mais adiante o apóstolo Paulo falará sobre a necessidade imperiosa de orar, pois certamente oração contínua representa alegria contínua. Em terceiro lugar, pensar. O crente não deve procurar fabricar alegria. A ele cabe aplicar sua mente à Palavra de Deus. Pegue os textos onde aparecem a palavra Khairete (Mt 5:12; 28:9; Lc 10:20; II Co 13:11; Fp 2:18; 3:1; 4:4; I Pd 4:13). Quarto, o crente deve fazer um auto-exame. O pecado, mais do que as lutas da vida, é o que com maior freqüência leva a alegria do crente (Sl 51). Em quinto e último lugar, o crente deve procurar saber onde está o seu tesouro. Em muitas ocasiões Deus haverá de lhe proporcionar motivos temporais de alegria e caberá ao crente não desprezar estes sinais do favor divino. Mas vale a advertência do Senhor Jesus aos seus discípulos: “Alegrai-vos... porque os vossos nomes estão arrolados nos céus”. (Lc 10: 19-20)
V- CONCLUSÃO.
Esta passagem só se aplica ao crente. Não há como dizer para aquele que não conhece a Deus através de Cristo: “alegrai-vos sempre”. Pois, é indispensável o acréscimo: “... no Senhor”. Essa alegria no Senhor é de tal modo possível que podemos exortar todos os crentes duplamente: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos”.
Isaac Watts:
“Vinde, vós que conheceis ao Senhor
E fazeis conhecidas as vossas alegrias
Recusem-se a cantar
Os que nunca conheceram o nosso Deus
Mas aos filhos do Rei celestial
Devem publicar aos brados as suas alegrias”.
Antonio Carlos Costa
Sermão do domingo 06/04/07
Igreja Presbiteriana da Barra
Que Deus te abençoa e muito edificante para a vida do cristão .
ResponderExcluirO Senhor é aque que cuida de cada um de nós, nos dando vida eterna.
ResponderExcluirMuitas vezes quandos decidimos viver por nossa proprias vontades cria - se um abismo entre Deus e nós,mas Deus é tão misericordioso que envia seu filho.Jesus é a ponte que liga o abismo da separaçao nos conduzindo aos braços do Pai,que nos dá NOVA VIDA. QUE POSSAMOS VERDADEIRAMENTE DEIXAR O SENHOR AGIR EM NOSSA VIDA. JESUS É O SENHOR DA MINHA VIDA,NÃO EXISTE OUTRO ALÉM DELE.
OBRIGADA MEU DEUS POR TUDO QUE TENS FEITO EM MINHA VIDA!!!!!!!!
QUE DIMINUA EU PARA QUE TU CREÇAS EM MIM ♥
SOU TAIZYS (Brasil - Pernambuco)
O cristao eh o homem da alegria. Nao da alegria exterior, superficial, de euforia ou entusiasmo momentaneo, do hedonismo procurado e perseguido como estilo de vida, mas sobretudo da alegria intima de quem ama e eh amado pelo Senhor Ressuscitado.
ResponderExcluireu tenho que por em pratica essa alegria, pois estou com muitas dificuldades em exercita-la.
ResponderExcluirOlá, quero parabeniza-lo pelo artigo, e dizer que o mesmo foi de uma forma muito bonita esplanado, estou de pleno acordo com as abordagens do amado. Deus continui lhe abençoando.
ResponderExcluirPr. jhonata Souza
Excelente artigo! Apesar de não ser da linha de pensamento calvinista, pude aproveitar o tema abordado totalmente à minha vida cristã. Deus abençoe toda a sua casa e lhes dê plena alegria nEle! Fique na doce paz!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirExcelente, Deus te abençoe e te use poderosamente.
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