terça-feira, 15 de julho de 2008

SAIU NO GLOBO ONLINE DESSA SEGUNDA-FEIRA

SOLIDARIEDADE
Vítimas de violência recebem assistência psicológica e jurídica da ONG Rio de Paz
Publicada em 14/07/2008 às 09h11m
O Globo Online

RIO - A tragédia da perda de um familiar por conta da violência urbana não se resume à dor imediata pela morte. Além do permanente abalo psicológico, é preciso conviver com processos judiciais para obter uma indenização e acompanhar inquéritos policiais quando as circunstâncias dos crimes não são imediatamente esclarecidas. Pensando nisso, a ONG Rio de Paz , que já oferece atendimento psicológico e jurídico gratuito às vítimas de violência, resolveu oficializar e ampliar seu projeto assistencial. A idéia é reunir, inicialmente, dez psicólogos e dez advogados no atendimento a cerca de 50 famílias do município do Rio a partir desta segunda-feira. À frente da coordenação está a ex-secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, que será responsável pela organização desses grupos de especialistas. Segundo ela, o apoio é voltado, principalmente, para as classes mais baixas, que não têm recursos para acompanhar o andamento dos casos.

- Vemos famílias que ficam destroçadas pelo choque, principalmente as de baixa renda. Estávamos entrando em contato com psicólogos e advogados amigos que pudessem ajudá-las, mas ainda era pouco. Diante do número crescente de vítimas, resolvemos institucionalizar isso. Vamos montar um grupo de suporte permanente que atenda em seus consultórios ou escritórios. Profissionais de diferentes perfis vão prestar um serviço voluntário e montarão um banco de horas - explicou Elizabeth.

Blog DizVentura: A rosa número 6.001

Segundo Antônio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz, o acontecimento decisivo para a oficialização do projeto foi a morte do jovem Willian, de 19 anos, assassinado por policiais militares na Comunidade 48, em Bangu . A família do jovem, que era cantor de uma banda evangélica, é a primeira a receber oficialmente a assistência jurídica. O advogado ligado ao Rio de Paz que acompanha o caso entrou, inclusive, com um pedido de prisão preventiva dos dois policiais acusados do crime nesta sexta-feira. De acordo com o delegado Gilberto Dias, da 34ª DP (Bangu), o inquérito será concluído esta semana. O pai de Willian, Jaldenir Mataruna Marins, de 45 anos, diz que, sem a ajuda na área legal, não seria tarefa fácil acompanhar a elucidação do caso.

- A gente não tem condições financeiras para pagar um advogado. Se não fosse o Rio de Paz, tudo ficaria mais complicado - contou Jaldenir.

Ouça o áudio completo da entrevista de Jaldenir Mataruna Marins, pai de Willian:

Vamos lutar pela elucidação dos homicídios dolosos. Mas não basta a punição dos culpados. Temos que amparar psicologicamente as vítimas.
O movimento Rio de Paz também pretende auxiliar as vítimas de violência a processar o estado. Segundo Antônio Carlos Costa, as autoridades do governo devem ser diretamente responsabilizadas pela política de segurança, que tem sido estéril na hora de conter a escalada de crimes no Rio. Para o presidente, a responsabilização judicial do estado e os altos gastos com possíveis indenizações podem motivar os investimentos na mudança de conduta dos policiais.

- Estamos entrando em contato com advogados de renome para que eles ajudem as vítimas a saber o que fazer depois da perda. Processar o estado é um instrumento para desestimular a prática criminosa e uma forma de fazer justiça - defendeu Antônio Carlos.

O movimento também vai realizar a primeira pesquisa sobre o paradeiro de pessoas desaparecidas. De acordo com o presidente Antônio Carlos Costa, suspeita-se que 70% delas tenham sido assassinadas:

- Vamos lutar pela elucidação dos homicídios dolosos. Apenas 1,6% deles são solucionados. Mas não basta a punição dos culpados, temos que amparar as pessoas. A grande luta delas agora é voltar a encontrar energia para viver e se livrar da depressão latente. A ferida pela morte não cicatriza, mas acreditamos que a pessoa pode dar um curso saudável à dor.

Para o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, que participa dos protestos do Rio de Paz desde o início do ano, o trabalho de psicólogos é essencial para que as famílias se recuperem do trauma:

- A assistência psicológica é fundamental para essas pessoas se encontrarem depois de tudo o que aconteceu. É uma perda muito difícil. Eu mesmo precisei de atendimento psicológico quando o Rodrigo Netto ( guitarrista da banda baleado na Zona Norte do Rio após tentativa de assalto ) morreu. É possível transformar essa energia ruim em coisa positiva.

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