sexta-feira, 11 de julho de 2008

A RELAÇÃO COM O GOVERNO

Ontem foi o dia das grandes decisões. Agimos de modo concreto visando mudanças reais. Na companhia da excelente Elisabeth Sussenkind, professora da PUC-Rio, ex-secretária nacional de justiça e membro do conselho consultivo do Rio de Paz, estive no Palácio Guanabara a fim de iniciar o possível trabalho de diálogo e parceria da sociedade civil com o governo do nosso estado. Fiz três pedidos: 1. A abertura de um fórum permanente, com o propósito de possibilitar a representantes da sociedade civil o diálogo constante com o governo do estado. Queremos fazer perguntas e ouvir respostas. Acompanhar de perto o que está sendo feito na área da segurança pública do nosso estado. Por que? Porque o problema é gravíssimo, envolve a vida de 16 milhões de seres humanos e a sociedade quer estar presente a fim de saber se nossos governantes estão agindo com coragem, sem procrastinar e implementando as medidas necessárias para que cariocas e fluminenses parem de ser assassinados. 2. A implementação imediata de dois ou três alvos específicos que representem o primeiro passo verdadeiro para a diminuição dos homicídios. Por exemplo: elucidação da autoria dos assassinatos. Hoje, somente 1.6% dos homicídios são elucidados. O cara mata e não é descoberto e muito menos punido. Consequência? impunidade. Resultado da impunidade? Estímulo ao perverso para que este continue acreditando que no Rio de Janeiro o crime compensa. 3. Solicitamos que os dados do ISP sejam atualizados mês a mês. Que se trabalhe duro para que todas as delegacias sejam informatizadas a fim de que conheçamos os números com mais ligeireza. Não dá para esperar até ao final do ano para saber, por exemplo, se a taxa de auto de resistência sofreu queda significativa. Queremos saber se a polícia está deixando de matar quem pode prender, usando mais a cabeça do que o gatilho e não ousando tocar nos inocentes.

Deixe-me falar sobre o que julgo ser uma boa relação com o estado nesse presente momento:

1. Respeito à figura do governador. Que sejamos contundentes nos argumentos, mas educados e respeitosos na forma de nos dirigirmos à autoridade máxima do nosso estado. Esse homem está ali pela vontade do povo. Essa vontade tem que ser respeitada. Não vejo porque termos comportamento que reflete a violência que grassa na nossa sociedade. Queremos paz e respeito ao próximo? Que saibamos usar as armas da razão e da lei, atacando idéias e não homens. Se estes se mostrarem inaptos, envolvidos com o crime e covardes na aplicação da lei e defesa da vida, que usemos os meios legais para tirá-los de onde estão.

2. Não utilizar politicamente esse momento de crise na segurança pública. É maldade sem fim, homens e mulheres, desejarem inviabilizar esse governo porque na verdade o que desejam é vê-lo enfraquecido mesmo, e, isso, por motivos eleitorais. Isso é a iniquidade elevada às alturas. Pensarmos nos nossos projetos políticos antes de pensarmos nos milhares que têm a vida pendurada por um fio. Gente que não quer ver o sucesso desse governo porque tem projeto de poder, pessoas que vibram com cada assassinato e abrem as páginas dos jornais ávidas por encontrarem relatos de crimes capazes de provar a ineficácia da política de segurança pública. Quero dizer uma coisa para essa gente: Não contem comigo. Quem quer ver esse governo fracassar é inimigo do povo.

3. Sem o poder público estamos perdidos. Eu não apóio a atual política de segurança pública, mas penso que melhor do que atacar o governo de longe é tentar ajudá-lo de perto. Creio que o nosso governador carece de esse tipo de aproximação. Lembre-se que ele está lidando com um problema antigo, crônico e gravíssimo. Sem a população ao lado não há esperança. Ninguém, no posto de governador de um estado corrupto até a medula como o nosso é capaz de enfrentar os interesses corporativistas dos que não querem pagar o preço da paz. Malvados. Mil vezes malvados! Por causa de dinheiro e poder permitem que pais desçam à cova crianças de 3 anos de idade. O povo tem que reagir. Não esperar perder parente para tomar a decisão de lutar contra a violência.

4. A pior coisa que pode acontecer nesse momento de extrema gravidade é mantermos uma relação acrítica com esse governo, que está errando muito na área da segurança pública. Ano passado, após o massacre do Complexo do Alemão, a classe média carioca aplaudiu o secretário de segurança numa casa noturna. Aplaudiu à morte e a execução. Deu vivas a um critério de tratamento do crime que se fosse aplicado à vida de todos, deixaria essa cidade vazia, pois todos estaríamos mortos. Todos. Quem escapa dessa insanidade, associada à indiferença e maldade? Quem aqui não é em uma extensão maior ou menor cúmplice desse genocídio? Esse governo será julgado pelo justo juiz do universo caso permita mais execuções, faça vista grossa quanto aos casos de desaparecimento e não trate de libertar imediatamente os pobres que se encontram sob a ditadura imposta pelo crime organizado nas favelas do Rio de Janeiro.

Um comentário:

  1. Excelente. A sociedade tem que ser mas partcipativa nas decsões. A idéia do fórum permanente é democrático, e se for aceita a idéia, dará sinal de que o governador quer diálogo e se dispõe a ouvir, deixando de ser apenas um governo que impõe uma política de segurança de confronto que está deixando um rastro de sangue pelo caminho.

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