AVANÇOS E ESPANTO
Tenho sido constantemente cobrado por pessoas próximas e distantes quanto aos resultados das ações do Rio de Paz. Tudo o que posso dizer é que as coisas estão caminhando. O corpo de psicólogos que ajudarão parentes de vítimas de homicídio já foi formado, advogados e juristas de peso estão se aproximando a fim de que as famílias de pessoas assassinadas sejam indenizadas, entramos com o pedido de prisão preventiva de um policial que matou um jovem inocente, estamos fazendo pontes entre grupos e pessoas que não se comunicavam a fim de juntos lutarmos contra a violência, os protestos têm mantido aceso na memória da população os números da violência, em Agosto realizaremos o debate sobre o tema "Como o prefeito pode ajudar na redução de homicídio?" com os prefeitáveis do Rio, em Setembro organizaremos em parceria com a ONU o II Fórum sobre "Violência, Participação Popular e Defesa dos Direitos Humanos". Fora a ajuda financeira e psicológica que já prestamos aos parentes de vítimas de homicídio.
Ontem estive com o secretário de segurança, José Mariano Beltrame. Fui franco e tive como interlocutor um homem que se mostrou muito transparente. O conteúdo da conversa só posso divulgar mediante autorização do secretário. Mas, penso que não seria uma traição minha dizer que saí do encontro certo de que o governo federal tem que socorrer o estado do Rio de Janeiro. Não que o secretário de segurança tenha feito alguma reclamação, mas para mim ficou nítido que esse homem carece de recursos para trabalhar. Há um deficit de 10 000 policiais militares para o policiamento ostensivo do Rio de Janeiro, bem como ocupação de áreas dominadas pelo narcotráfico. O salário do policial militar precisa ser urgentemente aumentado. Isto ajudará a tirar o policial do "bico" que tanto prejudica o seu trabalho como também atrairá jovens melhor preparados para os quadros da PM, tal como ocorre na Polícia Federal. Bom, o que fazer quando a sociedade civil toma conhecimento do fato de que o estado não tem recursos para investir em segurança? Precisamos de investimento na polícia e faltam recursos. Se é assim, fica evidente que a população terá que se unir, pois a tragédia social da violência é de tal magnitude e complexidade que exige a mobilização de todos nós, homens e mulheres interessados em ver a morte se render à vida no nosso estado, e o governo federal, por sua vez, terá que se fazer presente neste momento gravíssimo da nossa história. Espero por evidências mais concretas de que a União tem interesse pelo bem estar de 16 000 000 de vidas humanas.
Enquanto isso, estamos caminhando para atingirmos em Dezembro a marca de 21 000 homicídios em apenas 2 anos.
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