O SERMÃO DESTE DOMINGO

A MEMBRESIA DA VERDADEIRA IGREJA
FILIPENSES 4: 21-23

INTRODUÇÃO
Chegamos ao fim da epístola ao filipenses. Aqui o apóstolo Paulo se despede de todos seguindo a forma padrão de encerramento de uma carta na cultura do primeiro século. Contudo, embora possamos observar esta adaptação aos modos de procedimento do seu tempo, o apóstolo Paulo trata de botar o selo do evangelho em tudo que faz. E com esta saudação não é diferente. Por isso o encerramento desta epístola traz as características do cristianismo.
Estamos diante de uma saudação final cheia de teologia e revelação da vida da igreja nos primórdios do cristianismo. Trata-se de uma passagem que nos ensina lições importantes sobre as características dos membros de uma igreja verdadeira.
Quais as principais características de uma verdadeira membresia de uma igreja local?

1. OS VERDADEIROS MEMBROS DA IGREJA SÃO SANTOS.
Os autênticos membros da igreja de Cristo são santos porque foram separados por Deus para pertencerem ao seu Criador. Ao serem separados por Deus para pertencerem a Ele, os verdadeiros membros da igreja de Cristo foram especialmente vocacionados para expressarem o seu caráter em suas vidas. Expressar o caráter de Deus é viver em santidade.
O santo vive para fazer Deus sorrir. Vive para o deleite do seu Senhor e Deus. Sua obsessão consiste em correlacionar tudo o que faz à vontade de Deus.
Por isto, ser membro da igreja de Cristo significa viver uma vida essencialmente diferente da vida do que não é cristão.
Esta separação é um dos mistérios da revelação. Uma verdade supra-racional e que o homem só pode conhecer mediante revelação. Ninguém se faz santo. O homem é tornado santo por Deus. Deus não está em busca do objeto do seu amor, Ele o cria.
Aquele que é feito santo por Deus mediante um ato da graça soberana passa a desejar livremente o que Deus o levou a ansiar com todo o seu ser. Deus dá ao santo aquilo que este quer e o que o santo quer é aquilo que Deus o incitou a desejar.

2. OS VERDADEIROS MEMBROS DA IGREJA ESTÃO LIGADOS UNS AOS OUTROS COMO PARTES DE UMA MESMA FAMÍLIA.
A igreja é a comunidade dos “irmãos”. A igreja é a comunidade dos irmãos porque todos os que foram salvos pela graça soberana são filhos de Deus. Os cristãos são justamente aqueles que aprenderam com Cristo a chamar Deus de pai. O entendimento teológico que o Espírito Santo aplica no coração do crente e que o leva a se relacionar com Deus como quem se relaciona com um pai, exerce profundas conseqüências práticas na relação do crente com os seus companheiros de fé. Estes passam a ser vistos como os “irmãos”.
O crente sente deleite na companhia dos seus irmãos:
- O crente vê excelência neles, pois vive uma vida excelente aquele que faz todas as coisas para a glória de Deus.
- O crente os ama por amor a Deus.
- O Espírito Santo opera este amor no coração de cada membro da igreja.
Observe: - O tratamento carinhoso presente nesta parte final da epístola.
- As barreiras sociais vencidas (“... os da casa de César”).

3. OS VERDADEIROS MEMBROS DA IGREJA ESTÃO LIGADOS PELA GRAÇA À PESSOA DE NOSSO SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO.
O apóstolo Paulo, como lhe é característico, menciona duas vezes o nome de Cristo nesta saudação final. Primeiro, para enfatizar o fato de que os crentes filipenses somente são considerados santos porque estão em Cristo. Não existe santidade de vida sem ligação com Cristo. A Bíblia desconhece esta possibilidade.
Podemos observar com clareza, em segundo lugar, que a igreja é a comunidade dos que são sustentados pela graça de Cristo. Esta graça (e nunca é demais enfatizar) é “graça do Senhor Jesus Cristo”.
Esta graça é o favor imerecido da pessoa bendita do Filho de Deus.
Trata-se de uma graça que atua de modo especial no espírito do crente. O crente é alguém que sabe que tem um espírito. Deste espírito procedem todas as suas decisões. O órgão por meio do qual o crente tem comunhão com Deus.
A graça de Cristo é que faz com que o espírito humano não sucumba às pressões do mundo, da carne e do Diabo. Sem esta graça a igreja murcha.

APLICAÇÃO

1. PRECISAMOS COMPREENDER QUE A SANTIDADE DE VIDA É A CARACTERÍSTICA MAIS PROEMINENTE DA VIDA DE UMA IGREJA.
Tem que haver uma clara distinção entre a igreja e a sociedade não-cristã. Não podemos ser parecidos com o mundo. Devemos ser diferentes:
- Na nossa análise dos reais problemas do homem.
- Na nossa forma de lidarmos com as lutas da vida.
- Na nossa experiência familiar.
- No modo como lidamos com nossos instintos.
- No nosso amor pela igreja.
- No nosso amor pelos seres humanos.
- No nosso amor por Deus.

2. TEMOS QUE DAR UM TESTEMUNHO COMUNITÁRIO DA REALIDADE DO EVANGELHO DE CRISTO.
Há um testemunho que damos como indivíduos. Revelando a beleza de Deus através de nosso testemunho individual. Mas, há um testemunho comunitário que devemos dar. O testemunho da comunhão cristã. A evidência interna da vida da igreja de que se Cristo fosse o Senhor da humanidade como o é da igreja a nossa raça não teria mais guerras.
Pecar contra um irmão é mais grave do que pecar contra aquele que não o é. Todo pecado contra o ser humano é pecado aos olhos de Deus. Contudo, quanto mais excelente uma pessoa é maior a nossa obrigação de tratá-la com amor. Matar Cristo é infinitamente mais grave que matar Barrábas.
Não permita que você seja instrumento das trevas para a quebra da comunhão dos irmãos na fé. Trate estes irmãos com doçura. Lembre-se que eles são preciosos para o que os salvou.

3. DEVEMOS MANTER SEMPRE DE MODO VÍVIDO NA NOSSA MEMÓRIA QUE TEMOS UM SALVADOR GRACIOSO E PODEROSO PARA SUPRIR TODAS AS DEMANDAS DO NOSSO ESPÍRITO.
A grande verdade sobre a sua e a minha vida é que ambos estamos sob a graça de Cristo. Este amor encontra-se em constante operação na nossa vida, não levando em consideração as nossas transgressões e dando-nos o que é necessário para que o nosso espírito não se distancie de Deus.
Esta graça é um oceano de benevolência, compaixão, ternura, paciência e poder. Você está se sentido cansado e desanimado? Acha que a vida tem sido muito dura para você? Teme não conseguir suportar a pressão do pecado sobre a sua vida? Quão tolos você e eu somos. Está ao nosso lado aquele que venceu a morte, o pecado e o inferno. Ele se afeiçoou por nós. E promete na sua Palavra que sua graça haverá de ser sempre conosco.
Aqui o grande apóstolo termina da maneira que tinha que terminar. A síntese do evangelho, da epístola aos filipenses e da Bíblia é “a graça do Senhor Jesus Cristo”. Esta é a declaração que sumaria tudo. A mensagem do cristianismo é esta. O amor de Deus que está em Cristo venceu o nosso pecado. Por um ato de pura graça ele se inclinou para nós a fim de nos salvar. E agora, a partir desta salvação bendita, estamos ligados a Ele mediante um pacto gracioso. Conhecemos casamentos dos mais diferentes tipos. Há pessoas que se casam para se separar. Outros recusam-se compartilhar dos seus bens. Temos ciência de casamentos que chegaram ao fim por causa de um adultério. Estamos casados com Cristo. Mas, este casamento é de uma natureza diferente. Ele entra com sua riqueza infinita e assume todos os nossos débitos. Não há espaço para divórcio, pois ele nos ama com amor infinito. Nada nos separará do seu amor.

CONCLUSÃO
Acabamos de analisar os últimos versículos desta epístola. A carta da alegria. É o fato de esta declaração final ser verdade sobre a nossa vida que nos dá o direito de crer que é possível nos “alegramos sempre no Senhor”.
Creia nessa graça. Você foi salvo por ela. Justificado por ela. E hoje é sustentado por ela. Sendo assim, o cristão tem sempre motivo para se alegrar no Senhor.
©Antônio Carlos Costa
Igreja Presbiteriana da Barra
Rio, 18/08/07