sexta-feira, 3 de agosto de 2007

UM QUADRO INFERNAL


Hoje cedo fiz uma pesquisa sobre o índice da criminalidade no Rio de Janeiro, consultando o valioso trabalho de estatística feito pelo ISP (Instituto de Segurança Pública). Um dos dados me chamou a atenção, e me levou a telefonar para a referida instituição a fim de poder compreendê-lo melhor.

Entre janeiro e junho de 2007 houve no Estado do Rio de Janeiro 652 autos de resistência (mortes em confronto com a polícia), 2828 homicídios dolosos, 2091 desaparecimentos de pessoas e 32770 lesões corporais dolosas. Um quadro infernal.

Acontece que estes dados, no que se refere aos meses de maio e junho, são parciais. O que ocorreu? O ISP trabalha com os registros de ocorrência das delegacias legais e das delegacias tradicionais. Qual a diferença entre ambas? A primeira encontra-se totalmente informatizada, e justamente por isso, já enviou todos os registros de ocorrência para o ISP. Já a segunda, não está informatizada ainda, e, por esta razão, não pôde fazer o mesmo. Veja o comentário do ISP: “Os dados do mês de junho (recebi uma informação através de um funcionário do ISP que o mesmo acorreu com o mês de maio) de 2007 são parciais, referindo-se apenas às incidências registradas em Delegacias de Polícia Civil que integram o Grupo Executivo do Programa Delegacia Legal e Batalhão Legal. Os dados serão consolidados com a conclusão da digitação dos registros de ocorrência lavrados em Delegacias Tradicionais totalizando assim todas as ocorrências registradas no estado do Rio de Janeiro no referido mês. Os registros de ocorrência contabilizados nas Delegacias Legais corresponderam a aproximadamente 67% do total de registros de ocorrência do estado do Rio de Janeiro".

O que tudo isto significa? que o índice de violência no nosso Estado não sofreu qualquer alteração significativa em 2007. A nossa média anual de homicídios continua a mesma: aproximadamente 6300, o que representa 43,5 assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes (na Itália para cada 100 mil, 1 pessoa é assassinada, no Chile 1,7 e nos Estados Unidos 5,6). Qualquer análise comparativa mostra que a nossa situação no campo da segurança pública é alarmante.

Onde quero chegar com esta advertência? Mais uma vez quero enfatizar o fato de que a população precisa participar mais da luta contra o quadro de guerra que se estabeleceu no nosso Estado. Que chegou a hora de nos unirmos, eliminarmos nossas diferenças, e, juntos, ao lado do Poder Público, salvarmos as milhares de vidas que estão à caminho da morte, o que representará desgraça para elas e para os outros milhares que terão que enxugar as lágrimas provenientes da revolta, da perplexidade e da saudade.

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