domingo, 30 de março de 2008

A MISSÃO DE REVELAR A BELEZA DE DEUS AO MUNDO - MT 5: 13-16

INTRODUÇÃO
Contexto: Cristo descreve o caráter do cristão e em seguida apresenta a missão da igreja no mundo se utilizando de duas metáforas – a metáfora do sal e a da luz.
Propósito: Revelar o que a igreja representará para a sociedade (mundo, terra) se viver a vida crista: a vidas das pessoas ganhará sabor, será preservada e receberá luz.
Pergunta: O que esta metáforas nos ensinam a fim de que façamos tamanha diferença na sociedade?
1. O estado de saúde de toda e qualquer sociedade é grave.
2. A igreja é essencialmente diferente da sociedade não cristã.
3. O mundo pode ser transformado parcialmente mediante o contato com a igreja.
4. A diferença da igreja em relação ao mundo consiste acima de tudo na prática do cristianismo.
5. A principal vocação da igreja no mundo é glorificar a Deus mediante a prática da verdade.
Façamos, portanto, uma análise de cada ponto na perspectiva de extrairmos de ambas as metáforas o que é necessário para que façamos diferença no mundo.

1. O ESTADO DE SAÚDE DE TODA E QUALQUER SOCIEDADE É GRAVE.
Nada pode ser pior para a missão da igreja no mundo do que um falso e superficial diagnóstico da saúde das sociedades humanas. Se o nosso diagnóstico for incorreto aplicaremos soluções insatisfatórias e não nos prepararemos adequadamente para o cumprimento da nossa missão.
O Senhor Jesus compara as sociedades humanas a algo que se deteriora, alguma coisa que se encontra desprovida de sabor e permeada por trevas. Uma pergunta se impõe a todos nós: em que consiste estas trevas? O que há de tão equivocado com o mundo a ponto de Cristo descrevê-lo como carente de luz? De acordo com o ensino integral das Sagradas Escrituras chegamos aonde chegamos em razão dos seguintes fatores:

1.1. O homem, num ponto do tempo, se afastou do seu Criador tornando-se errado no âmago do seu próprio ser.

1.2. O homem, a partir de todos os condicionamentos impostos ao seu ser pela queda, cria uma realidade para si na qual possa viver.

1.3. Essa realidade socialmente construída está baseada em premissas falsas.

1.3.1. Deus é arbitrário, alguém de quem devemos ter medo e de cuja pessoa devemos nos afastar.
1.3.2. O homem deve viver uma vida autônomia em relação a Deus.
1.3.3. O ser humano deve procurar a todo o custo ser feliz à sua maneira.
1.3.4. Na perspectiva de ser feliz o ser humano deve fugir da consideração de todo o horror que cerca a sua vida.
1.3.5. A natureza é autônoma.
1.3.6. O próximo é o principal inimigo do homem abaixo de Deus.

1.4. A realidade socialmente construída precisa ser mantida mediante coerção.

1.5. A realidade socialmente construída (mundo) é internalizada nos seres humanos mediante os papéis e valores que lhes são impostos desde a infância.

Desse modo, podemos perguntar: em que mundo passamos a viver e quais as conseqüências de tudo isso para as nossa vidas?

- Criamos uma realidade relativa, por isso, frágil.
- Forjamos um ambiente não natural para nós seres humanos.
- Transformamos a vida em sociedade num cenário de injustiça.
- Banimos o verdadeiro Deus da nossa vida.
- Passamos a viver num mundo profundamente esquizofrênico, palco das manifestações da graça comum do Criador e das realizações desalmadas dos homens.
- Tudo isso encontra-se sob a ira de Deus.

Agora, podemos começar a entender o porquê de as metáforas de Cristo fazerem uma descrição tão negativa da vida. As duas grande guerras, por exemplo, estão aí para mostrar que Cristo não estava exagerando.

2. A IGREJA É (E NÃO, DEVE SER) ESSENCIALMENTE DIFERENTE DA SOCIEDADE NÃO CRISTÃ.
O que o Senhor Jesus enfatiza é o fato de que onde houver uma verdadeira igreja ali haverá a presença de um grupo de seres humanos vivendo uma vida distinta da vida que é vida pelos que não pertencem a ela: “vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo”.
Esta antítese é inevitável. Nunca a verdadeira igreja poderá ser de tal modo identificada com o mundo a ponto de não se perceber nenhuma diferença essencial entre ela e o mundo. Nunca o mundo terá moralmente evoluído tanto a ponto de ser confundido com a verdadeira igreja. Esta é uma dupla realidade da qual não podemos fugir. Mundo e igreja são como ouro e barro, não se misturam. O ouro pode ate ficar sujo de barro, mas jamais perderá seu valor e o que o distingue do barro.
A igreja é essencialmente diferente do mundo porque conhece a Deus. E, por conhecer a Deus, reflete os resultados dessa relação. É impossível um homem conhecer a Deus e isso não afetar o seu ser e conduta. De igual modo, é impossível um homem conhecer a Deus e este encontro não torná-lo diferente daqueles que não o encontraram:
- Este encontro vai afetar sua mente. Ele jamais vai voltar a pensar da mesma maneira. Seu raciocínio se dará a partir de premissas verdadeiras. Essa pessoa passará a pensar melhor.
- Esse encontro vai afetar suas emoções. Sim, ele passará a amar o que não amava. Especialmente, esse homem amará a Deus, e, por amar a Deus, amará o que Deus ama por amor a Deus.
- Esse encontro afetará sua vontade. Como suas afeições foram alteradas, fortes impulsos para uma vida de santidade passarão a governar o seu ser. A árvore dará o seu respectivo fruto.

3. O MUNDO PODE SER TRANSFORMADO MEDIANTE O CONTATO COM A IGREJA.
O nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos apresenta uma lei do mundo espiritual: onde houver uma verdadeira igreja ali estabelece-se a possibilidade de transformação humana. O que Cristo está dizendo é que o que é insosso pode se tornar saboroso, o que tende a apodrecer pode ser conservado e o que está na escuridão pode ser iluminado.
O que isto pode representar em termos de transformação no mundo?
- Pessoas podem vir a se converter.
- Instituições podem ser humanizadas.
- Até mesmo revoluções podem ocorrer.
- Sociedades inteiras podem ter seu rumo de vida alterado.
- Seres humanos podem viver melhor.
- A ciência pode ser disseminada.
- A educação pode ser promovida.
Enfim, não se pode contar o que pode acontecer numa sociedade a partir da inserção no seu seio da verdadeira igreja de Cristo.
Por que essas mudanças podem ocorrer? Porque a igreja estará mostrando os efeitos da verdade na sua própria vida. Pessoas perceberão que viver com Cristo é melhor. Não, não é esse o ponto, o ponto é que pessoas perceberão que não há vida sem Cristo. Os homens descobrirão a causa dos seus problemas, a raiz da sua infelicidade e procurarão o verdadeiro remédio para as suas enfermidades.

4. A DIFERENCA DA IGREJA EM RELAÇÃO AO MUNDO CONSISTE ACIMA DE TUDO NA PRÁTICA DO CRISTIANISMO.
O mundo terá os seus olhos abertos para a verdade que a igreja proclama mediante a coerência de vida desta. A verdadeira igreja manifesta seu ser essencial e o que a distingue do mundo através da prática da verdade: “... para que vejam as vossas boas obras...”.
A verdadeira igreja vive o que prega. É justamente essa ausência de inconsistência que sacode o mundo do seu sono e traz luz às trevas. É interessante observar o quanto Cristo dá destaque ao elemento da proclamação verbal. Ele termina o seu ministério chamando a igreja para falar: “... ide... e pregai”. Boa obra, contudo, é mais do que falar verbalmente. É falar com os lábios e com a vida.
Não se trata de uma obra qualquer. É uma boa obra. Uma obra caracterizada pela presença de verdade. Ela glorifica a Deus. É tudo o que ela quer – glorificar a Deus. Seus propósitos, portanto, são santos. Trata-se de uma obra prescrita pela palavra de Deus. Na é o homem na sua visão tacanha decidindo fazer o que é bom. É o homem decidindo fazer o que é bom, porém, à luz da Palavra de Deus.
Os incrédulos glorificam ao Pai porque suas vidas são afetadas para melhor por meio do contato com a igreja. Essas pessoas são levadas a dizer: “Deus, obrigado pela vida dessa gente”. A boas obras da igreja abrem os céus para os incrédulos contemplaram a face daquele que torna a vida dos homens bela.

5. A PRINCIPAL VOCAÇÃO DA IGREJA NO MUNDO É GLORIFICAR O PAI ATRAVÉS DA PRÁTICA DA VERDADE.
A principal missão da igreja no mundo é viver o evangelho. Isto envolve pregar o evangelho nos campos missionários, mas, acima de tudo, consiste em encarnar a vida de Cristo. Se a igreja perder de vista que sua principal vocação é viver o cristianismo, o mundo se encherá de missionários que não vivem o que pregam. Homens e mulheres que recomendam ao próximo uma vida que eles próprios não conhecem nem de longe.
Essa prática da verdade deve ter um fim: a glória de Deus. É isso que torna o ministério da igreja profundamente emocionante. A igreja é a única instituição no mundo cuja atividade consiste em revelar a beleza de Deus.

APLICAÇÃO

1. A IGREJA DEVERIA APRENDER COM CRISTO A FAZER O REAL DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE SAÚDE DO MUNDO.

2. A IGREJA DEVE COMPREENDER QUE O SEU ESTILP DE VIDA TRATA-SE DE UMA VERDADEIRA CONTRA-CULTURA CRISTÃ.

3. A IGREJA DEVERIA SER MAIS OTIMISTA COM RESPEITO AO SEU PODER DE TRANSFORMAÇÃO NA VIDA DOS SERES HUMANOS.

4. A IGREJA DEVERIA COMPREENDER QUE MAIS IMPORTANTE QUE GRITAR PALAVRAS É TORNAR SEUS ESTILO DE VIDA UM GRITO DA VERDADE.

5. A IGREJA DEVERIA RESGATAR O SENSO DE PRIVILÉGIO DE ESTAR ENVOLVIDA EM TÃO GLORIOSA MISSÃO: TORNAR DEUS CONHECIDO DOS HOMENS ATRAVÉS DE UMA VIDA QUE É VIVIDA PARA A GLÓRIA DO PAI.

CONCLUSÃO
Poderíamos concluir dizendo que Cristo está ensinando que o mundo seria um inferno sem a verdadeira igreja. Um lugar desprovido de sabor, onde tudo se deteriora e encontra-se em trevas.
Que sejamos verdadeira igreja para esse mundo.

ANTONIO CARLOS COSTA
IGREJA PRESBITERIANA DA BARRA
RIO, 29 DE MARÇO DE 2008

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