UMA OPORTUNIDADE ÚNICA DE PARTICIPAÇÃO POPULAR CONTRA A VIOLÊNCIA
O que houve com a nossa geração? Esta é a pergunta que devemos todos fazer quando pensamos no nosso convívio com a barbárie no Rio de Janeiro. Que justificativa podemos encontrar para o nosso silêncio? Um genocídio acontece diante dos nossos olhos e não fazemos resistência e nem nos comovemos? Nosso chão tem recebido mais do sangue dos nossos conterrâneos do que água da chuva. Somente em 2007 já presenciamos a morte de mais de 4100 seres humanos no nosso Estado. Cerca de 42.000 pessoas foram feridas. O que isto representa? Corpos mutilados, deformados e inválidos. Neste exato momento 3000 vidas encontram-se sem paradeiro. Desapareceram. Onde estão?
A dor dos que ficam não pode ser menosprezada. Por um único instante, pense em você no lugar de um pai e uma mãe, que foram privados pelo crime, da vida de um filho. Imagine olhar para um armário com as roupas penduradas e ainda com o cheiro de alguém que saiu das suas entranhas, por quem você era capaz de dar a vida, e que foi torturado e morto. Não me chame este texto de piegas e sentimentalista. Ele apenas expressa o desespero de alguém que tenciona tocar nas cordas do coração daqueles que são a solução para esta tragédia.
A resposta para a violência do Rio de Janeiro está na população desta cidade. Não há polícia e governante que possa estancar este rio de sangue sem o apoio dos habitantes deste Estado. O problema é de tal magnitude que, somente a mobilização de todo o organismo social para salvarmos os milhares cuja vida está por um fio. Se nada acontecer até o final do ano, toda a estatística histórica dos últimos dez anos se repetirá.
Milhares de cidadãos cariocas querem fazer alguma coisa. Outros tantos, estão acordando do sono da indiferença. O que de mais precisamos neste atual momento da nossa história é nos organizarmos como sociedade para o combate ao crime. Alguém já disse que "o problema do crime organizado, é que o crime é organizado, e nós não".
Pensando na urgência da participação popular, no combate pacífico à violência, estamos tomando uma decisão esperançosa. Um grupo de cidadãos da nossa cidade decidiu que não vai mais sair das nossas ruas enquanto a taxa de homicídio no Rio de Janeiro não cair. Sim, não vamos sair. Dizem que não há solução. Que se há uma, esta passa somente pela bala. Não cremos nisto. Estamos certos de que mediante o engajamento da população, sem romantismos e espírito fascista, ao lado dos seus governantes, podemos testemunhar da vitória da vida sobre a morte. As gerações futuras vão reconhecer que a nossa foi responsável pelo fim da banalização da vida humana no Rio de Janeiro. Toda uma história de horror está com os dias contados.
A partir do dia 8 de outubro, estaremos todas as segundas-feiras, das 20h às 21h, na Praia de Copacabana, em frente a Avenida Princesa Isabel, num ato público pacífico e silencioso, que está sendo chamado de "1 Hora pela Vida". Os participantes deste gesto de apreço pelo ser humano, deverão estar trajados de uma camisa preta, trazendo nas mãos uma vela acesa dentro de um copo de papel, tal como outros povos têm feito em ocasiões análogas as que nos movem hoje a agir. E ali ficaremos em silêncio. Você pode assumir o compromisso de ficar menos tempo, ou aparecer pelo menos uma vez por mês, não importa. O que vale é que você apareça.
Nossa intenção é que o movimento comece em Copacabana, e parta na direçãos de outras praias, como também ruas, praças e demais locais públicos da nossa cidade. Tudo leva a crer, devido aos contatos que já fizemos que, outros Estados brasileiros se juntarão a nós. Tudo isto significa a oportunidade que, talvez você sempre sonhou de poder participar. Se alguém disser que isto é ingênuo, responda: nações desenvolvidas têm feito assim. Um milhão de ingênuos, sistematicamente nas ruas do Rio de Janeiro, são capazes de mudar a nossa história. Quem pode se opor a todo um povo unido, em torno de uma causa justa? Nesses encontros poderemos conversar uns com os outros. E quem sabe, propostas de políticas públicas surjam, a fim de que as apresentemos ao governo, para que em união com ele, encontremos solução para problema que aflige a todos nós.
Concluo, com a declaração que nunca é demais de ser enfatizada: "Para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos".
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