domingo, 14 de outubro de 2007

FAZ 25 ANOS

Há 25 anos, neste mesmo feriado que está terminando hoje, eu me convertia ao cristianismo. O acontecimento mais importante de toda minha vida foi o encontro com o Deus que me criou, preservou e revelou-se a mim na pessoa de seu único Filho. Não é a fé em Deus que me dá esperança, mas a fé neste Deus (C. S. Lewis). Eu não creio em Deus, eu creio em Cristo (Lutero). Oh! graça bendita que me abriu os olhos e fez-me desejar a beleza perfeita e que se afeiçoou por mim.

Como comemorei este aniversário de conversão? Na sexta passada fui para a cidade de Mendes a fim de participar como preletor do retiro anual da minha igreja. Falei sobre a essência do evangelho na noite do mesmo dia, e a partir de sábado fiz uma análise da doutrina da santificação à luz do capítulo 3 da Carta aos Colossenses. Minha impressão é que saímos de lá lavados pela palavra de Deus.

Após o encerramento do retiro, parti com os voluntários do Rio de Paz para o Maracanã, com o propósito de realizar mais um ato público contra a violência no Rio de Janeiro. Levamos um cartaz escrito: "O Rio Chora pelas suas 4100 Vítimas de Assassinato em 2007"; e e mais 4100 velas que seriam acesas no intervalo do jogo, em memória do número correspondente de cidadãos fluminenses assassinados só este ano. As estatísticas mostram que 41% destes homicídios ocorrem na capital. Infelizmente, não pudemos realizar o protesto. Fomos impedidos de utilizar as velas acesas no estádio. Porém, pudemos apresentar a faixa, cujo conteúdo só nós conhecíamos. Ali ficamos, indo de um lado para o outro, até pararmos num lado da arquibancada que se encontrava mais vazio. Nenhuma manifestação de apreço por parte dos torcedores pelos locais que passamos. Para nós é tudo muito chocante, pois julgamos que tantas mortes em tão pouco tempo deveriam abalar todos os moradores da cidade. Mas, como os que morrem, na maioria das vezes são negros e pobres, isto não faz diferença para nossa vida. Alguma coisa me diz que quando dizemos que a morte desta gente não nos importa, estamos menosprezando nossa própria existência, negando o sentido da vida e nos tornando sujeitos aos justo julgamento de Deus. Amigo, Deus tem que julgar nossa sociedade. Como um Deus santo pode tolerar que suas criaturas racionais vivam uma vida contrária à vida do próprio Deus?

Todos foram embora do estádio, e ali ficamos. A arquibancada vazia e nós ali querendo dizer: agora vamos voltar à vida real. Vamos lutar pelo nosso próximo. Já nos divertimos, vamos agir como homens. Um policial apareceu e disse-nos que alguém, cuja identidade prefiro não revelar, pediu que tirássemos a faixa. Foi o que fizemos.

Agora estou em casa. Escrevendo este texto. Cansado do final de semana, atônito com a insensibilidade humana. Entrei no site de um dos jornais da cidade e vi as fotos da passeata gay em Copacabana. Um milhão de pessoas nas ruas. Um milhão. Veja as fotos. Aconteceu hoje. Na mesma cidade que viu a morte no início do ano da menininha Alana de 12 anos, vítima de bala perdida, cuja mãe em seguida perdeu o irmão por assassinato. O Rio, que presenciou a morte do menininho João Hélio.

Esta mesma mobilização em favor da defesa do direito à vida, salvaria milhares. Amanhã estarei em Copacabana, às 20h, com a minha vela acesa e o meu "Placar da Barbárie". Quantos estarão lá? Tenho vontade de chorar.

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