terça-feira, 9 de janeiro de 2007

A CORRUPÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO


Há três aspectos profundamente positivos nas denúncias que o governo brasileiro tem recebido. O primeiro, a evidência cabal de que estamos vivendo numa verdadeira democracia, na qual os erros dos governantes são apurados e a imprensa tem liberdade de trabalhar. O segundo, a lição histórica de que ao povo cabe manter-se atento quanto às ações dos que detêm o poder, pois há uma tendência quase inexorável de os que o alcançam se deixarem corromper pelo mesmo, deixando assim de zelar pela ordem, segurança, bem-estar e progresso da nação. Não há democracia saudável sem participação popular. Em terceiro e último lugar, eu destacaria como fator positivo a perda de uma esperança desmedida num partido político. Num mundo caído como o nosso, precisamos aprender a ser mais realistas quanto ao nível de expectativa que podemos ter a respeito das realizações humanas. Foi o Senhor Jesus quem nos ensinou a nos acautelarmos dos homens.
Como aspecto negativo dessas denúncias de corrupção, vejo o fato do Brasil, de 53 milhões de pessoas vivendo com 120 reais por mês e 21 milhões de seres humanos na linha da indigência, ganhando parcos 60 reais por mês, estar parado, com sua estabilidade econômica ameaçada e presenciando o lamentável espetáculo da CPMI, na qual observamos o nível de despreparo de muitos dos nossos parlamentares e o índice gravíssimo de corrupção dos poderes da república.
O meu sentimento em parte é de pesar. Fecho os olhos e penso nos nossos presídios superlotados, em pais de família chegando a casa sem pão, em jovens sendo cooptados pelo tráfico, em vidas sendo ceifadas pela violência urbana, nos bilhões de reais escoando pelo ralo da corrupção e percebo os que poderiam debelar esses males sendo usados pelas trevas para agravarem o caos social em que nos encontramos.
Contudo, pelos motivos supramencionados e tantos outros, tenho esperança. Não a esperança de viver num Éden chamado Brasil (minha teologia não me permite esperar tanto), mas de viver numa nação que deixe de ser a segunda do mundo com a pior distribuição de renda (perdendo apenas para Serra Leoa), na qual a corrupção cesse de ameaçar a democracia e o governo deixe de banalizar a vida humana.

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