COALIZÃO PARLAMENTAR E DA SOCIEDADE CIVIL CONTRA O CRIME
“Essa foi uma época em que toda a Inglaterra trabalhou e se esforçou até o limite máximo e esteve mais unida do que nunca. Homens e mulheres esfalfavam-se nos tornos e máquinas das fábricas até caírem no chão, exaustos, e terem de ser arrastados para longe e mandados para casa, enquanto seus lugares eram ocupados por outros que já haviam chegado antes da hora... o sentimento de medo parecia ausente do povo, e seus representantes no parlamento não ficaram aquém deste estado de ânimo... muitíssima gente se mostrava decidida a vencer ou morrer”.
O relato acima foi feito pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Com profunda gratidão pela bravura do povo inglês, num período em que a Inglaterra encontrava-se solitária na resistência ao Nazismo, o grande estadista lembra-se daqueles dias em que sua pátria foi salva pelo suor, união e coragem do seu próprio povo e do seu parlamento.
Não resta dúvida de que o nosso país carece de uma mobilização desta natureza por parte da sociedade civil e do parlamento brasileiro. Estamos assistindo, nesses últimos anos, no Brasil, a um verdadeiro genocídio. Milhares de brasileiros estão sendo mortos anualmente numa escalada sem paralelo entre as nações do mundo moderno. São 41.000 assassinatos por ano, num contexto de milhares de desaparecidos. Só no Rio de Janeiro, em 2007, já foram mortos 2.000 seres humanos, numa média mensal de 300 desaparecidos. Sabemos que a situação não é diferente nos demais Estados da federação que, infelizmente, com a exceção de uns poucos, não mantêm as estatísticas oficiais da violência atualizadas.
Qualquer análise comparativa mostra que somos os líderes em criminalidade no mundo. Recentemente, a revista Veja publicou, numa reportagem especial sobre a criminalidade no Brasil, dados assustadores e humilhantes para a nossa nação. Com base em informações do Ministério da Justiça do Brasil (2005), ONU (2002-2004) e governo da Itália (2005), a referida revista apresentou os seguintes números: Para cada grupo de 100.000 pessoas, 5,6 são assassinadas por ano nos Estados Unidos, 1 na Itália, 13 no México e 1,7 no Chile. No Brasil, este número chega à surreal estatística de 22,2 assassinatos por ano.
Não há necessidade social maior no Brasil de hoje do que uma ação radical do poder público, em parceria com a sociedade civil, no campo da segurança pública. Milhares de famílias brasileiras estão de luto. Basta multiplicar cada morte pelo número de familiares das vítimas de homicídio para dimensionar a extensão da dor. É a vida que se foi e a vida que ficou. A vida que foi interrompida e a vida que foi marcada para sempre. Em suma, os milhares que deixaram de viver e os milhares que não sabem o que fazer para encontrar sentido na vida. Até quando a democracia brasileira suportará tudo isso? O povo brasileiro tem expressado menosprezo pela sua pátria e dúvida quanto à viabilidade da democracia. A democracia, infelizmente, não é mais um valor inegociável no coração de muitos cidadãos brasileiros. Isto precisa ser dito. Qual cidadão desse país nunca ouviu alguém falar: “no tempo da ditadura militar não era assim”, “o Brasil só funciona com ditadura”? O brasileiro está começando a raciocinar da seguinte forma: entre o valor da vida e o valor da liberdade, é preferível a vida, pois não há sentido em se falar sobre liberdade sem que o direito à vida esteja assegurado. Isto é trágico, pois a vida e a liberdade são valores indispensáveis para obtenção da felicidade humana.
O que nos levou a conviver pacificamente com a morte de tantos compatriotas? Será que um dia não haveremos de nos envergonhar de termos feito parte de uma geração de brasileiros que não se indignou com tudo isto e tratou de fazer algo de concreto? Será que as gerações futuras de brasileiros não se envergonharão da nossa geração tal como o povo alemão se envergonha dos seus pais, que conviveram com o Nazismo? O pastor Martin Luther King descreveria muito bem o que deve nos surpreender tanto quanto a prática indiscriminada do crime no Brasil: “Não me surpreendo com o grito dos maus, mas sim com o silêncio dos bons".
Povos do passado, unidos, venceram conflitos mais graves do que os nossos. Nós, brasileiros, estamos diante da possibilidade de fazer correr pelo mundo inteiro a notícia de que a batalha contra o crime no nosso país foi vencida por um povo que, ao lado do seu parlamento, tratou de fazer custar caro o sangue do brasileiro.
Antonio Carlos Costa
Rio de Paz
Obs. Este texto será entregue juntamente com os lenços da última manifestação do Rio de Paz, a todos os parlamentares brasileiros, amanhã, em Brasília.
Que os parlamentarem sintam-se envergonhados!
ResponderExcluirTenho certeza de que estamos no caminho certo. Abraços e vamos em frente,
ResponderExcluirRenato Vargens
www.renatovargens.com.br