quarta-feira, 18 de abril de 2007

O DESARMAMENTO IMEDIATO DO RIO


O Rio precisa ser desarmado. O Rio precisa ser desarmado já. Não há espaço para a discussão de soluções de médio e longo prazo para o problema da violência enquanto não pararmos para tratar do que precisa ser feito a curto prazo. Estamos em guerra. Tecnicamente falando, eu sei, não é a melhor palavra para descrever o que estamos enfrentando. Não vivemos uma luta armada entre nações. Como dar nome, contudo, ao que está ocorrendo entre nós? O que representam as cenas de ontem no Catumbi? Penso que uma boa forma de começarmos a lidar com o problema é dar-lhe uma designação que nos ajude a encará-lo em toda a sua gravidade e horror – vivemos uma guerra. Uma guerra intestina que pode desembocar numa guerra civil mais ampla. A maior ameaça à nossa democracia desde o processo de abertura política.
Estando dentro de um contexto de guerra, se sentindo como se estivesse num campo de batalha e vendo a vida de milhares de cidadãos cariocas interrompidas todos os dias pelo crime organizado, a sociedade do nosso estado clama e carece de uma coalizão imediata entre exército, polícia militar e civil que desarme o Rio de Janeiro e estanque esse rio de sangue.
Penso que não seria demais pensarmos num Dia D, ou Mês D. Uma ação inteligente e com um mínimo de letalidade que traga ordem para as inúmeras áreas da cidade onde as coisas correm à revelia do Estado de Direito. O que é um absurdo completo. Estamos todos dentro de um pacto. O chamado Contrato Social. Parte da cidade está desarmada. Abriu mão do direito de se defender a fim de colocá-lo nas mãos do Estado. E quando olhamos para certas localidades do Rio de Janeiro vemos centenas e centenas de homens armados com armas de guerra e determinando todo o curso de vida de milhares de seres humanos – decretando o destino de uma cidade inteira. Não sei como o carioca consegue conviver com isso sem fazer nada.
Penso numa ocupação por parte do exército de pelo menos um ano, que tenha como meta não apenas proteger as vias expressas, mas arrancar as armas daqueles que não têm o direito de portá-las. Essa ação seria acompanhada de um investimento pesado na área da segurança pública (segurança não tem preço), a fim de que as regiões desarmadas sejam em seguida ocupadas pela nossa polícia com a concomitante chegada de recursos que tragam dignidade àqueles que vivem nessas áreas onde a desordem reina ao lado da miséria. Isto é um sonho de um carioca ingênuo que nada sabe sobre segurança pública? Admito a minha ingenuidade. E peço que os que me julgam considerem o fato de que quem escreve estas linhas o faz a partir da sua perplexidade, sofrimento, angústia, desejo de mudança e falta de uma proposta de implementação imediata dada pelo poder público para o gravíssimo problema que enfrentamos.
Ora, povos no passado enfrentaram problemas mais graves do que os nossos e ofereceram uma solução rápida para os seus conflitos. Na Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra teve que subitamente enfrentar uma Alemanha armada, treinada e determinada a subjugar as nações livres. A Inglaterra inteira se mobilizou. Os partidos políticos eliminaram suas diferenças. Um governo de coalizão nacional foi formado. Todos se puseram ao lado do primeiro-ministro Winston Churchill. Durante aproximadamente dois anos os ingleses ficaram sós na guerra. E em meio a muitas baixas entre civis a militares, o povo inglês deteve o avanço da forças nazistas. Se o Brasil não é a Inglaterra da década de quarenta do século passado, o crime organizado do Rio de Janeiro não é uma Alemanha com 70 milhões de habitantes determinada a conquistar o mundo. Se o exército brasileiro não é capaz de desarmar o Rio de Janeiro e preparar o caminho para uma ação de ocupação de uma polícia civil e militar bem remunerada, bem treinada e limpa, nós não temos exército. Mas, sabemos que este não é o caso. O trabalho que o nosso exército está fazendo hoje no Haiti é prova cabal de que temos militares inteligentes, capazes e que podem trazer ordem com um mínimo de derramamento de sangue para uma área onde impera a desordem que gera o crime.
Penso que a hora de agir é agora. O quadro é caótico. A paciência da população está se esgotando. Criamos uma situação que dá margem a um mundo de ações que podem trazer mais desordem para a nossa cidade e que encontrará justificativa no colapso da segurança pública e na necessidade de se sair em defesa da vida. Antes que esse dia chegue, tomemos a decisão de agir com coragem. Algo fascista pode surgir no nosso país. A população tem demonstrado raiva. Não haverá quem poderá deter a fúria de milhares cidadãos indignados com a perda mediante assassinato de milhares de seres humanos. Sem contar a presença de arruaceiros e de tantos outros que não querem ou não sabem lidar com os problemas através dos canais democráticos estabelecidos pelo Estado de Direito. Há brasileiros que não sabem o que é o horror de uma anarquia civil.
Soluções a médio e longo prazo são fundamentais caso queiramos tratar do problema a partir da sua raiz social. Deixá-las de lado é tratar de uma metástase com aspirina. Quando o paciente, porém, encontra-se entre a vida e a morte, medidas emergenciais precisam ser tomadas. Primeiro, salva-se o doente. Garante-se uma sobrevida. Depois, decide-se sobre o tratamento a ser seguido para que haja uma completa restauração da sua saúde. O Rio de Janeiro carece de uma ação emergencial. Não há o que justifique lentidão por parte do poder público quando se trata da preservação da vida de milhares de pessoas que estão sendo mortas todos os dias no morro e no asfalto da nossa cidade.

Antonio Carlos Costa
Rio de Paz

3 comentários:

  1. Olá meu amado irmão
    Na Paz???

    Sou o coordenador do Movimento Reage Minas e gostaria de manter contato com o amado para trocarmos umas idéias.
    Qual o seu e-mail e tels????
    Abs
    WALFREDO RODRIGUES
    Walfredomg@gmail.com
    Rede Mineira da Cidadania
    Movimento Reage Minas

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  2. veja esse tópico sobre a violencia do brasil que postei no site do rraurl

    http://www.rraurl.com/forum/index.php?showtopic=37225

    deu o que falar...

    ...acabar com o morrão é a solução !!!

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  3. Prezado Pr. Antonio,

    concordo plenamente. Uma coisa que nao consigo entender é que todas essas solucoes sao tao obvias, mas o poder público continua com o mesmo discurso "da maquiagem para o Pan" ou "da maquiagem para a Eco 92" de sempre. Mesmo nas ocasioes em que vemos o exercito atuar no Rio, é como o Sr. falou para patrulhar as vias expressas. Ou os políticos são todos cegos (ingenuidade a minha..) ou de fato não há interesse. A participaçao popular em massa é que deve ser o fator de pressão para que a ocupação seja feita com os objetivos corretos. Veja, eu creio que este seja um ponto muito importante de ser destacado em protestos e etc, que queremos o real desarmamento, e não mais apenas tanques de guerra sendo apontados para as favelas.
    Um forte abraço, Gustavo

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