ARQUEOLOGIA E FÉ
A facilidade com que estes homens foram levados a crer é espantosa. Sim, porque há fé no que eles estão dizendo. Eles crêem em Cristo. Só que num Cristo que não venceu o maior inimigo da humanidade, que se chama morte. Eu mesmo, para me tornar cristão, tive que contar com uma sorte muito maior de evidências do que eles. Se os critérios que eles estão usando para descrer fossem usados por eles para, de um modo imparcial, avaliar os argumentos do cristianismo quanto a sua confiabilidade histórica, há muito estes homens teriam se tornado cristãos.
Ora, com base nos achados desta tumba eles chegaram a seguinte conclusão: os nomes que aparecem nos ossuários correspondem exatamente aos personagens históricos descritos na Bíblia. Este cineasta, num passo gigantesco de fé sem vínculo algum com a razão, afirma que há indícios de que ali encontram-se os ossos de Cristo, Maria, José, Maria Madalena e um certo Judá.
Ora, há formas diferentes de conhecimento que exigem metodologias diferentes de aferição da verdade. Uma espécie de verdade é a que conheço mediante uma análise feita num tubo de ensaio. Outra se relaciona ao que só pode ser conhecido mediante ao raciocínio puro - as chamadas verdades da metafísica. Uma categoria diferente de verdade é a de natureza histórica. Esta exige a presença de evidência histórica. Os fatos históricos devem estar bem atestados.
Bom, tudo o que precisamos saber quanto ao que foi dito é: como saber que os nomes (comuníssimos na cultura judaica dos dias de Jesus) correspondem aos nomes mencionados no Novo Testamento? Qual a evidência de que a família de Jesus, que morava no norte de Israel, na cidade de Nazaré, desceu para Jerusalém onde foi “achada” enterrada? Com base em que podemos negar a credibilidade dos depoimentos das testemunhas oculares da morte e ressurreição de Cristo, conforme o relato dos documentos históricos do Novo Testamento? Como a história da ressurreição surgiu, se espalhou e levou suas testemunhas a darem a vida pela sua mensagem? Sabemos que pessoas podem dar a vida por uma mentira, por pensarem que não estão enganadas. Mas, dar a vida por uma mentira sabendo que é mentira? Eles diziam que tinham visto Cristo ressurgir dentre os mortos e tocado no seu corpo. Este é o tipo de coisa acerca da qual não dá para se enganar, especialmente quando se trata do testemunho de várias pessoas. Isto posto, pediria que você considerasse os seguintes pontos:
1. Todo aquele que com base na linha de argumentação desses homens crê que Jesus foi um personagem da história, e que seus ossos foram encontrados naquela tumba, será forçado por uma questão de honestidade intelectual, a considerar os argumentos cristãos quanto à historicidade de Cristo e da sua ressurreição. Estes homens estão crendo (ou descrendo) com base em dados que jamais seriam suficientes para levar uma pessoa inteligente à fé (ou à descrença). Eu jamais acreditaria em alguma coisa que viesse acompanhada de bases intelectuais tão frágeis.
2. Por que toda esta tentativa recente de desconstruir o cristianismo? Será que a natureza da sua mensagem não é a causa de tanto desejo de destruí-lo? Não se tem dado o tratamento que é dado a Cristo a outros personagens da história. Somente uma forte pressão inconsciente para nos fazer negar o que é ensinado pelo cristianismo. Reconheço que, para os de nossa raça, é difícil conviver com declarações do tipo: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”; “Vós que sois maus”; Dá a quem te pede”; “Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração”; “Arrependei-vos”; “Reconcilia-te com teu irmão”; “Quem olhar para uma mulher com intenção impura no seu coração já adulterou com ela”. Certamente, se Cristo corroborasse nossas taras não seria tão irracionalmente atacado.
3. Destruir essa história de amor revelada pelo evangelho em nome de fama, dinheiro e liberdade para pecar é arrancar da vida aquilo que neste mundo de velhice, doença, dor, miséria e morte pode nos dar esperança.
Em todas as religiões o homem é levado a conduzir suas ofertas à divindade a fim de comprar o seu favor. Muitas vezes para negociar com o seu deus o homem chegou até mesmo ao ponto de sacrificar seu próprio filho. O cristianismo é a única religião na qual o ofertante não é o homem e sim o Criador. Um Deus que traz nos seus braços o corpo ensangüentado do seu Filho, a fim do homem poder se reconciliar com aquele contra quem pecou tão gravemente. Não há história de amor mais bela. A prova da sua origem divina é a sua excelência. Ela supera tudo o que os seres humanos têm falado em termos de religião. Se há um caminho que reconduz o ser humano ao seu Criador só pode ser esse, em razão da sua beleza.
Um ser malvado como o homem jamais conseguiria construir um conceito tão apaixonante de Deus. Sua culpa não permitiria crer num Deus que em vez de exigir o sangue do homem para satisfazer sua justiça, exigisse o sangue do Seu próprio Filho. Sua maldade não o conduziria a conceber um Ser moralmente tão belo e para cujo encanto moral não há paralelo nas relações humanas. Seu orgulho não o levaria a admitir que seus pecados não podem ser apagados pelo homem, e por isso exigiram preço tão alto a ser pago pelo próprio Deus. Em Cristo, Deus desvia sua ira do homem e a traz para si mesmo. Quem não vê beleza nessa mensagem, prova que está cego. Sua própria incapacidade de sentir deleite nesta declaração do amor Divino, testemunha da sua maldade: “Os limpos de coração verão a Deus”.
4. Os cristãos não crêem mediante um salto de fé cego. Sua fé está alicerçada na história. O que ocorreu há dois mil anos na Palestina foi registrado por testemunhas oculares, que pregavam contra a mentira, odiavam o engano e trouxeram ao mundo um sistema de valores morais excelente sob todos os aspectos. Essas mesmas testemunhas registraram o que viram e ouviram nas páginas de um conjunto de livros chamado de Novo Testamento. Leia-o. Seja coerente. Você não leu a reportagem que procura lançar nuvem de dúvida sobre tudo isso? Comece pelos evangelhos. Um dos seus autores diz: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram o que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído” (Evangelho de Lucas, capítulo primeiro, versículos de um a quatro).
Nós, que seguimos a Cristo e disto não nos envergonhamos, cremos não apenas por causa das evidências históricas irrefutáveis do cristianismo, mas devido à formosura do Deus cristão, cujo amor supera tudo aquilo que poderíamos haver concebido. Essa beleza, porém, está oculta a todo aquele cujo coração está imundo pela maldade do seu ser e dos seus atos. Embora ninguém se converta sem razões, ninguém se converte pela razão. Um coração inclinado para o mal é capaz de corromper todo julgamento racional. Não basta conhecer arqueologia para acreditar no Deus dos cristãos. Não há razão para a fé na vida daquele que em vez de estar interessado na verdade, está mais preocupado com a satisfação dos seus desejos egoístas. Este não precisa de um cérebro melhor, precisa de um melhor coração. Não carece tanto estudar arqueologia para ser levado à fé, mas sim conhecer o seu coração para se arrepender e crer. Isto pode acontecer mediante um encontro com Cristo, cujo corpo está à destra do Deus Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Foi isso que Ele e seus amigos ensinaram.
ANTONIO CARLOS COSTA
PASTOR DA IGREJA PRESBITERIANA DA BARRA