quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

I'm Going to...

Estou nesse momento fazendo as malas a fim de partir para os EUA. Tenho um monte de coisa para contar, especialmente sobre a reunião que tive no escritório da ONU no dia de ontem. Um mundo de projetos vem por aí.

Hoje tive uma conversa de arrepiar com um rapaz do corpo de bombeiros. Ele apresentou uma série de fatos sobre a violência na nossa cidade. E isto do ponto de vista de quem vive dentro dessa realidade todos os dias e tem contato com todos os lados dessa tragédia. Alguém que conheço e em quem confio. Depois eu conto mais.

É minha intenção tratar de cinco assuntos nessa viagem:

- Ensino teológico no Brasil.
- Construção do templo da Igreja Presbiteriana da Barra.
- Parceria para projeto de plantação de igreja.
- Defesa dos direitos humanos no Brasil.
- Pesquisa do meu doutorado.

Escrevo de lá, se Deus assim o permitir.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A CAPILARIDADE DO RIO DE PAZ

Ontem à noite conversei com uma pesquisadora da área da segurança pública. Uma referência sobre o tema. Ela passou-me a sua impressão sobre o Rio de Paz. Na sua opinião o nosso movimento está entre o que de mais relevante aconteceu do ano 2000 para cá em termos de participação popular na área da segurança pública. Ela demonstrou estar impressionada com a nossa capacidade de dialogar com quase todos os segmentos da sociedade, tais como: o meio acadêmico, a polícia, a igreja, a mídia (e poderia incluir os parentes de vítimas, ONGs de direitos humanos e a própria ONU). É o sonho de uma sociedade unida pela defesa do valor da vida humana ganhando corpo.
Esta é uma vitória que creditamos a Deus para a glória do seu nome.

MANIFESTO:
Você já assinou o manifesto do Rio de Paz? Vários pastores já aderiram. Se a igreja entrar, mas se a igreja entrar..., ela sozinha muda essa história. São milhares de evangélicos espalhados por toda a nação e em todas as classes sociais. Você que professa o nome de Cristo, não deixe de assinar o manifesto. É uma forma de você dizer para uma nação que está com as mãos sujas de sangue: "Não matarás".

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

PROTESTOS PELO MUNDO






Todas estas imagens (com a excessão da primeira) acabei de extrair do famoso jornal espanhol, El País. A segunda fala sobre um protesto contra a coleta de lixo na Itália, a terceira, um protesto do Greenpeace no aeroporto de Heathrow em Londres e a quarta, um protesto de mulheres palestinas na faixa de Gaza.

Mas, tem gente erguendo a voz também aqui no Brasil. Só para recordar, a primeira trata-se do protesto que fizemos ano passado no Rio por ocasião da morte do turista italiano na praia de Ipanema. Só para lembrar, tudo organizado por pessoas que amam ao Senhor Jesus. Você acha que Deus se agrada disso?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

FIM DE SEMANA NO RIO


Rio - O paraibano José Carlos Rodrigues Macedo, 33 anos, foi assassinado no final da noite deste sábado na Avenida das Américas, altura do colégio Anglo-americano, na Barra da Tijuca, por um dos bandidos que levaram seu carro, um Ford Ecosport.

Segundo os primeiros relatos recebidos por PMs, quatro assaltantes chegaram ao local num Fiesta verde antigo. Dois dos homens roubaram o carro da vítima e um Palio num sinal de trânsito, no sentido Zona Sul da avenida, por volta de 22h30.

José Carlos, que estava sozinho em seu veículo, foi baleado na cabeça aparentemente já fora do carro, enquanto tentava se afastar dos bandidos, e caiu na grama de um canteiro que divide as pistas. Uma testemunha afirmou que viu a vítima ainda cambaleando, caminhando em busca de ajuda, depois de ouvir dois disparos e o som de pneus "cantando". O caso está sendo investigado pela 16ª DP (Barra da Tijuca).

Fonte: O Dia

"... foi baleado na cabeça... caiu na grama... Cambaleando em busca de ajuda...". E se fosse um parente seu, o que você faria?

Assine o Manifesto do Rio de Paz. Não deixe de ver os vídeos da Anistia Internacional que postei recentemente. Se vídeos como esses, que retratam a importância da assinatura cidadã (vamos assim chamar), ganham um prêmio no festival de Cannes, por que nós brasileiros achamos que é inócuo participar assinando?

Três baleados em atentado a policiais militares na Zona Norte do Rio - O Globo Online

Três baleados em atentado a policiais militares na Zona Norte do Rio - O Globo Online

Sem participação popular, esqueça mudança. Sua assinatura é mais poderosa do que você imagina. Assine o manifesto do Rio de Paz

Invasão de favela em Guadalupe deixa quatro mortos - O Globo Online

Invasão de favela em Guadalupe deixa quatro mortos - O Globo Online

Por que permanecemos calados? Assine o manifesto do Rio de Paz.

Policiais militares encontram corpo dentro de carro abandonado em Ipanema - O Globo Online

Policiais militares encontram corpo dentro de carro abandonado em Ipanema - O Globo Online

Assine o manifesto do Rio de Paz.

Comerciante é assassinado na Avenida das Américas, na Barra - O Globo Online

Comerciante é assassinado na Avenida das Américas, na Barra - O Globo Online

Até quando?

O Globo Online :: Rio

O Globo Online :: Rio

A minha pergunta é: até quando?

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O RIO DE PAZ E O TRABALHO DO INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

Para nós do Rio de Paz a saída da Ana Paula Miranda da presidência do ISP foi um choque. O Rio de Janeiro perde alguém de excelente formação acadêmica, amante da causa da justiça, interessada na autenticidade dos números e que através das suas pesquisas publicadas no site do referido instituto dava-nos subsídios para irmos para as ruas e realizarmos os nossos protestos. Há uma ligação entre o trabalho do ISP e o do nosso movimento - o interesse em tornar público os números do maior problema social do presente momento da história do nosso estado. Uma tragédia que precisa de luz. Quanto mais conhecermos esses números, melhor.

O Rio de Paz resulta do desejo de ver carioca parar de morrer. Ao mergulharmos, contudo, no problema da violência no Rio de Janeiro descobrimos que esse mal gravíssimo não está circunscrito ao nosso estado, mas trata-se de uma patologia social que grassa em todo o território nacional. Por isso, botamos o pé na estrada e realizamos protestos em Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. O que nos dava orgulho nessas ocasiões era dizer que no Rio nossos protesto são realizados com base em dados oficiais que estão à disposição da população na internet. Houve um estado em que um agente do governo nos passou os dados da violência e pediu para que o seu nome não fosse revelado. No Rio, não precisávamos disso, devido ao trabalho do Instituto de Segurança Pública.

Coincidentemente, no meio dessa semana eu liguei para a Ana Paula a fim de pedir o seu apoio para o manifesto do Rio de Paz. Ela falou-me da sua alegria com o seu trabalho e com os aperfeiçoamentos que estavam em andamento. E atendendo uma solicitação sua e da sua equipe de trabalho pude lhe dizer que o Rio de Paz já está pronto para fazer um ato público diferente, mostrando os números da queda da violência caso isso venha a acontecer, o que trouxe grande alegria para a nossa estimada pesquisadora.

O Rio de Paz preza pelo respeito às autoridades. Por isso vamos acatar a decisão do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Alguém, pelo que podemos observar, que não tem ligação com nenhuma expressão do crime organizado no nosso estado. A escolha do Cel. Mário Sérgio nos faz crer que não haverá espaço para nenhuma trama que vise ocultar a verdade. Nós o conhecemos no Fórum sobre Violência, Defesa dos Direitos Humanos e Participação Popular que realizamos em parceria com a ONU no ano passado. Ele causou-nos uma ótima impressão ao falar com sinceridade e até mesmo admitir que está cansado de “enxugar gelo”, o que levou a todos nós a entender que ele deseja uma política de segurança pública caracterizada mais pelo uso da inteligência do que da força.

Fica aqui a expressão da nossa gratidão pelo trabalho da Ana Paula Miranda bem como do desejo que o nosso Secretário de Segurança tenha, num contexto de Luz e Verdade, êxito na tarefa de fazer nossos conterrâneos pararem de ser assassinados.

Antonio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O VALOR DA SUA ASSINATURA II



Participe. Assine o Manifesto do Rio de Paz. Vamos romper com uma cultura de alienação, indiferença e medo.

O VALOR DA SUA ASSINATURA I



Este vídeo ganhou o prêmio Leão de Ouro do festival de Cannes de 2007. Trata-se de um trabalho feito para a ONG de direitos humanos Anistia Internacional.

A IGREJA TAMBÉM SOFRE COM A VIOLÊNCIA

Tem sido freqüente a informação de que evangélicos passaram pela trágica experiência de ser vítima da violência. Recentemente um pastor foi assassinado no Rio de Janeiro, no último domingo uma senhora que saía da Igreja Batista do Méier levou um tiro na boca, no final do ano passado uma menina de 12 anos filha de evangélicos foi encontrada morta em um matagal, soube essa semana de um pastor que blindou sua igreja por causa das chamadas balas perdidas, algum tempo atrás fui pregar numa igreja Prebiteriana no bairro do Caju e havia uma marca de tiro no púlpito, em algumas comunidades pobres do Rio de Janeiro o horário do culto é determinado pelo crime organizado, a igreja não consegue fazer livremente seu trabalho evangelístico e de assistência social em muitas localidades do Brasil devido ao terror imposto pelo crime, um casal de gente amiga de uma igreja Presbiteriana de Niterói passou uma verdadeira agonia nas mãos de seqüestradores, a freqüencia aos cultos de meio de semana e domingo à noite tem caído em várias igrejas devido ao medo, uma igreja em Nova Iguaçu e outra em Niterói contrataram seguranças para garantir a segurança física dos seus membros durante o horário do culto , presos convertidos pela graça de Deus estão vivendo em condição desumana nestes campos de concentração que são os nossos presídos. Poderia apresentar muitos exemplos mais acerca do quanto esta tragédia social no campo da segurança pública no Brasil tem atingido a igreja de Cristo.

Igreja de Cristo no Brasil: estamos diante de uma extraordinária oportunidade de darmos um testemunho de amor por esse país assinando o manifesto do Rio de Paz pela redução de homicídio. O envolvimento com esta causa glorificará a Deus, representará uma ação profética de repúdio ao mal, abrirá milhares de corações para a pregação do evangelho através dos lábios de uma igreja que é vista como não alienada, contribuirá para o resgate da nossa credibilidade perante a opinião pública, removerá um dos pecados que impedem o Espírito Santo de se derramar sobre nós e salvará a nossa vida, a vida dos nossos amados compatriotas, bem como a dos irmãos na fé que tanto amamos.

Antônio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A COLETA DE ASSINATURAS DE WILBERFORCE



Esta foto mostra uma das cenas extraídas do filme Amazing Grace, que retrata a vida de William Wilberforce, líder evangélico a quem Deus usou para acabar com a escravidão na Inglaterra. Essa parte do filme reproduz o episódio da sua ida ao parlamento inglês a fim de apresentar uma lista de assinaturas colhidas em toda a Inglaterra visando uma mudança na lei de escravidão. Esse gesto fez com que milhares de seres humanos ganhassem liberdade.

Junta-se a nós nessa luta por coleta de assinaturas para a redução de homicídios no Brasil. Milhares têm sido mortos todos os anos. O nosso país carece de uma mobilização social que faça com que nossas autoridades saibam que os dias de alienação e silêncio passaram e hoje uma geração nova está surgindo querendo que, no nosso país, a dignidade da vida humana seja respeitada.

Antonio Carlos Costa
Presidnete do Rio de Paz

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CARTA PARA O MEU AMIGO JORNALISTA

Aqui vai resposta que acabei de dar através do Globo online ao apoio do jornalista Jorge Antonio Barros ao manifesto do Rio de Paz:

Jorge, esse seu apoio era o que nós do Rio de Paz esperávamos de você. Sabemos que seu envolvimento com esta causa resulta dos valores que norteiam a sua vida, muitas vezes levando-o até mesmo às lágrimas, como já pude testemunhar.
Não acredito que seja possível um real envolvimento com a causa da vida sem que haja uma harmonia entre mente e coração. Só damos a vida por aquilo que atingiu nossa alma por inteiro.
Esse manifesto é fruto de dois sentimentos: O primeiro é a vergonha de vermos a nossa geração perder a batalha contra o crime. Na verdade, a pior espécie de derrota: a que é sofrida sem ao menos haver ocorrido luta e resistência. Eu mesmo confesso que tenho vergonha de ter permanecido tanto tempo calado. Às vezes olho para trás e me pergunto: "Como pude?" Não, a nossa geração não vai se calar mais.
O segundo sentimento é a compaixão. O ano passado foi o ano do contato com essa desgraça da letalidade no nosso estado. O ano do encontro com os parentes de vítimas do crime.

A dor dessa gente é incomensurável. Eu vi uma mãe dizer que há onze anos espera todos os dias que o filho assassinado apareça pela porta da sala. Ouvi o Santiago (pai da Gabriela, morta em 2003 no metrô da Tijuca) dizer que engana-se quem pensa que o tempo nos faz esquecer a perda de um filho: "para mim a morte da Gabriela parece que ocorreu ontem". Viver representa um desafio para todos nós, mortais, que vivem uma vida dura, curta e incerta. Imagine o que é viver carregando no peito a dor da perda de um filho assassinado?
Por isto o manifesto. Estamos nos levantando, arrependidos e com lágrimas de misericórdia pelos que sofrem, para dizer que estamos fartos de sangue e que a vida humana no Brasil não pode continuar sendo banalizada. O pacto social tem que ser cumprido no seu ítem mais essencial: o direito à vida.
Antônio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz

REPÓRTER DE CRIME APÓIA O MANIFESTO DO RIO DE PAZ

Cada vez mais homens e mulheres de todos os segmentos sociais expressam apoio ao Manifesto Rio de Paz pela Redução de Homicídio. Vários pastores já assinaram o manifesto.

Hoje, para a minha alegria, recebemos o apoio do blog Repórter de Crime, do excelente jornalista do jornal O GLOBO, Jorge Antonio Barros. Aqui vai na íntegra o que ele acabou de postar no seu concorrido blog:

mobilização popular
Nova campanha pela redução dos homicídios

O movimento Rio de Paz , que desde o ano passado luta contra a violência criminal no Rio, já começou a coletar assinaturas em apoio ao Manifesto pela redução de homicídios no Estado do Rio. O documento será encaminhado ao presidente da República, Luiz Inágio Lula da Silva, e ao governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral Filho. A íntegra do documento você pode ler aqui.

Considero esse movimento da sociedade civil um dos mais legítimos e equiliibrados que já vi em 26 anos de cobertura da segurança pública. E seu manifesto não ataca governos nem é ofensivo a quem quer que seja. É o manifesto mais inclusivo que já vi contra a violência. Por isso, não poderia me omitir e deixei lá minha assinatura.

O Rio de Paz pede em seu site que todos participem da campanha da seguinte forma, além de assinar o manifesto:

- Baixando os arquivos em PDF, imprimindo-os e coletando assinaturas em sua residência, condomínio, local de trabalho, igrejas, faculdades, escolas e academias.

- Enviando o link da página para sua rede de e-mails.

- Cadastrando seu site para veicular os banners da campanha.

- Quem conseguir coletar assinaturas deve enviá-las para o seguinte endereço: Av. Amaral Peixoto, 84/1007- Cep: 24020-074 - Niterói/RJ.

"Quando alguém diz, referente aos negócios de Estado: o que me importa? Pode-se ter certeza que o Estado está perdido" (J.J. Rousseau). A frase está no site do Rio de Paz e eu assino embaixo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O MANIFESTO DECOLOU

Só Deus sabe a alegria que estou sentindo com os primeiros retornos do manifesto do Rio de Paz. Vários líderes evangélicos afirmaram hoje cedo que estarão conosco, assinando e divulgando o manifesto nas suas igrejas e denominações. Estou certo que todos os setores da sociedade civil vão se envolver. O Santiago, do Gabriela Sou da Paz, entrou de cabeça. Oficiais da Polícia Militar estão divulgando o protesto. Ontem recebemos o apoio de uma das maiores agências de propaganda das américas que vai a partir de agora nos dar assessoria. Semana que vem começo minha viagem aos EUA para fechar parcerias.

Hoje à noite gravarei uma chamada para a televisão e para o youtube sobre os motivos e metas do manifesto.

Peço a você que espalhe essa lista pelo Brasil. Vamos tornar o ano de 2008 o ano da derrota do espírito de assassinato no nosso país. Orando e erguendo a voz contra o mal.

Aqui vai o texto que me animou na ocasião em que pela primeira vez botamos as cruzes nas areias de Copacabana (não é coisa pequena servir Deus assim!):

"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera" (Isaías 64:4)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A TRAGÉDIA QUE TAMBÉM ENVOLVE OS CRENTES

Recentemente soube da morte por assassinato de um pastor e da filha pequena(12 anos, creio) de evangélicos cujo corpo foi encontrado em um matagal do bairro de Campo Grande. Agora leia esta notícia do jornal carioca O Dia:

18/2/2008 09:13:00

Mulher leva tiro na boca ao sair da Igreja Batista do Méier

Ela reagiu à tentativa de roubo de carro


Mario Hugo Monken



Rio - Heth Neto da Costa, de 53 anos, foi baleada na boca na noite deste domingo, quando saía da Igreja Batista Carioca, na Rua Getúlio, Zona Norte. O caso ocorreu por volta das 21h. Ela foi abordada por dois homens que tentaram levar o seu carro. Heth tentou escapar e acabou sendo baleada na boca. Logo em seguida, os bandidos roubaram o carro de uma amiga, que também saía da mesma igreja. Apesar de ferida, Heth dirigiu até o Hospital Salgado Filho. Em seguida, foi transferida para o Hospital Pasteur, também no Méier.

Lutar pela redução dos homícidios é lutar também pela vida dos nossos irmãos na fé. Estamos todos no mesmo barco. Assine o Manifesto do Rio de Paz.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ASSINE JÁ!


O Rio de Paz acabou de disponibilizar para o povo brasileiro o sistema eletrônico de assinatura do Manifesto Rio de Paz pela Redução de Homicídio. Ficou agora muito mais fácil participar. Por favor, junte-se a nós nesse sonho de ver nossa geração dando fim ao quadro assombroso de homicídio no Brasil.

"Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?"
Profeta Miquéias 6:8

CHARITY AND ITS FRUITS


Este mês pude reler Charity and Its Fruits de Jonathan Edwards, mais uma obra fundamental para se entender seu ponto de vista sobre a ética cristã.

Eu nunca li em toda minha vida algo que melhor defina o amor cristão do que estas exposições bílbicas sobre I Coríntios 13. Edwards nos apresenta um caminho de vida. Um quadro de referência para a construção de uma identidade santa. Um Eu banhado de amor.

O livro é tão maravilhoso, que estou pensando em apresentar o seu conteúdo na minha igreja através de uma tentativa de reprodução desses sermões.

RELIGIOUS AFFECTIONS


Acabei de reler (as anotações que já havia feito) Religious Affections de Jonathan Edwards. Essa leitura faz parte da pesquisa que estou fazendo para a minha tese de doutorado.

O que dizer? É um clássico. É Jonathan Edwards. É uma obra-prima. Você não vai encontrar nada que melhor defina a psicologia da conversão, ou a vida em santidade, ou lugar das emoções na vida cristã, ou a relação das "afeições santas" com a razão e a vontade, do que o que é ensinado nesta obra magnífica.

A verdadeira experiência com Deus resulta de um encontro com a Sua beleza, que nos leva a fixar nossas afeições nEle. o Deus de Edwards é amável.

AMAZING GRACE


Um amigo americano enviou para mim recentemente um DVD sobre a vida do grande homem público inglês, William Wilberforce (1759-1833). Seu trabalho no parlamento inglês foi fundamental para o término da escravidão na Inglaterra.

O valor do filme deve-se ao fato de ele trazer à nossa memória que é possível ser cristão e desempenhar uma função político-social. Mas não apenas isto. A história de Wiberforce revela o quanto Deus pode usar os seus servos para mudar a história.

Na minha vida, especialmente nesses dias em que a causa dos direitos humanos no Brasil está presente em meu coração como jamais esteve (antes tarde do que nunca), confesso que atribuo à providência divina a chegada desse filme às minhas mãos.

AMERICAN GANGSTER


Semana passada pude assistir no cinema o filme American Gangster, uma produção americana (do mesmo diretor de Blade Runner, Ridley Scott) que retrata o problema da violência e do tráfico de drogas na América dos anos 60. Recomendo o filme para todo aquele que quer entender um pouco mais a dinâmica do crime e do tráfico no Brasil. Parece que há leis sociológicas que regem este mundo, o que o filme revela muito bem:

1. O tráfico só existe quando há a conivência da polícia.

2. Pessoas insuspeitas estão envolvidas com este tipo de atividade. Não falo dos que trabalham no varejo, nem dos que consomem, mas dos que militam no atacado.

3. Alguns membros da classe artística e atletas costumam reverenciar os traficantes, que transitam livremente nas altas esferas da sociedade.

4. Um bom policial cumpre uma função social de valor incalculável, pois mediante o seu trabalho, o crime pode ser desbaratado e milhares de vidas preservadas. Mas para isso é necessário peito e integridade.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Manifesto Rio de Paz Pela Redução de Homicídios

Aqui vai na íntegra o texto do manifesto para a sua análise. Caso queira imprimi-lo e assiná-lo, basta entra no site do Rio de Paz. Por favor, não demore a agir. Não quero ser dramático, mas lembre-se que enquanto você está lendo este blog pessoas estão sendo assassinadas em várias cidades do Brasil. A pior coisa é procrastinar numa hora como essa.

“Para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos” (Edmund Burke)

A violência é o problema social mais grave do nosso país. Nos últimos dez anos 500.000 brasileiros foram vítimas de homi-cídio. Entre 1991 e novembro de 2007 foram assassinados 115.999 cidadãos somente no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados oficiais. Cerca de 80% destas vítimas tiveram a vida interrompida na região metropolitana do Rio; a maioria esmagadora dos mortos era de moradores de comunidades pobres das Zonas Norte e Oeste da capital e Baixada Fluminense. Agravando muito este quadro, não se sabe quantos dos mais de 4.000 desaparecidos deste ano também terão sido assassinados. São números inaceitáveis. Representam o colapso do pacto social no seu item mais fundamental, o direito à vida. Nós, cidadãos brasileiros, reconhecemos o erro de havermos permanecido calados. Temos visto milhares de pessoas serem mortas pelo crime e não temos oferecido a devida e necessária resistência.

Sendo assim, entendemos que não basta culpar o Poder Público, os bandidos, ou aguardar que essa mortalidade obscena seja reduzida com o correr do tempo e as atividades dos mesmos. O país agora, mais do que nunca, carece da mobilização de todos nós, homens e mulheres que reconhecem o valor incalculável da vida humana. Precisamos nos unir às autoridades, cidadãos de todas as origens e histórias, aos diferentes credos e ideologias, a fim de contribuir para a maior conquista social de toda a sua história: a vitória da vida sobre a morte.

O Rio de Paz, após ouvir as principais autoridades em segurança pública do nosso estado, e vários especialistas, por meio deste manifesto apresenta as principais medidas necessárias à segurança pública, para que em 2008 comecemos a experimentar uma redução expressiva no número de homicídios. Não aceitamos - em hipótese alguma – o argumento derrotista de que não há o que fazer para que o enorme número de homicídios de 2007 não se repita em 2008.

Medidas principais:

1. Estabelecer como prioridade central das políticas de segurança a redução dos crimes letais, estabelecendo metas e compromissos que restaurem a autoridade da lei.

2. Determinar metas de redução de mortes durante operações policiais, de forma a preservar a vida de policiais, moradores e transeuntes.

3. Reforçar o policiamento ostensivo em áreas de maior incidência de homicídios, especialmente em comunidades carentes.

4. Redefinir e controlar a metodologia de intervenção policial em comunidades carentes; adotar policiamento de tipo comunitário, prevenindo conflitos locais, reprimindo o uso indiscriminado de armas de fogo, reduzindo balas perdidas.

5. Priorizar a juventude, integrando definitivamente as políticas de segurança pública às demais: educação, planejamento familiar, lazer, saúde e geração de trabalho e renda; promover ações de interação positiva entre as polícias e as comunidades, particularmente com crianças e jovens.

6. Priorizar a investigação dos crimes de morte e do uso de armas e munições ilegais, a fim de que a aplicação das sanções da lei seja imediata e possa ser útil para dissuadir a prática do crime.

7. Monitorar a utilização de armas e de munição por unidades de polícia, e por policial. Aperfeiçoar o controle de estoques nas unidades.

8. Qualificar permanente e adequadamente toda a força policial; utilizar também profissionais de fora das corporações, em universidades, para capacitar os instrutores policiais, de forma que sejam trocados métodos, idéias e informações amplas e atualizadas.

9. Elevar o piso salarial dos policiais civis e militares, tornando-o um valor compatível com a importância social desses profissionais e com os riscos que enfrentam.

10. Ampliar programas de apoio à segurança e a seguridade social dos policiais e de suas famílias.

11. Reforçar as Corregedorias e Ouvidorias policiais, garantindo-lhes recursos e independência em relação às chefias de polícia, ao corporativismo e a pressões políticas.

12. Atualizar os dados da violência apresentados pelo Instituto de Segurança Pública, para incluir os dados das chamadas delegacias tradicionais, que devem ser urgentemente informatizadas.

13. Tratar a dependência química de drogas como problema de saúde pública; realizar um amplo e permanente trabalho de conscientização e desestímulo ao uso de drogas.

14. Reivindicar que todas as esferas do governo cumpram o seu papel no combate à violência, disponibilizando recursos para a segurança pública e fiscalizando eficazmente as fronteiras para impedir a entrada de drogas, armas e mercadorias contrabandeadas.

15. Construir estabelecimentos prisionais diferenciados segundo a periculosidade dos presos e proporcionar condições dignas de custódia a todos eles.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

MANIFESTO RIO DE PAZ PELA REDUÇÃO DE HOMICÍDIO

Já está no site do Rio de Paz o manifesto contra o alto índice de homicídio do Brasil e do estado do Rio de Janeiro que tencionamos entregar ao presidente da república, ministro da justiça e governador do estado do Rio de Janeiro. Não deixe de assiná-lo.

Uma das cenas mais comoventes do filme que retrata a vida de William Wilberforce, Amazing Grace, é a que ele lança no parlamento inglês, na frente de todos os parlamentares, um rolo, contendo milhares de assinaturas que ele havia colhido em toda a Inglaterra como expressão da repulsa do povo inglês pelo regime de escravidão.

Participe. Aja de uma tal forma que todos saibam que você é contra o que está acontecendo diante dos nossos olhos no Brasil.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A BÍBLIA E O JORNAL:O DIA Online - Nova passeata contra Cabral

O DIA Online - Nova passeata contra Cabral

Gostaria de expor meu ponto de vista sobre esta crise envolvendo o governo do estado e a Polícia Militar do Rio de Janeiro:


1. A demanda desses oficiais é legitima. O salário do policial militar está muito aquém do valor social do seu trabalho e riscos que corre no exercício da sua profissão.

2. A Polícia Militar não carece apenas de salário melhor, mas de recursos para o exercício da própria profissão.

3. O momento é riquíssimo para o surgimento da "polícia que queremos". Há um documento, redigido por especialistas, que apresenta as mudanças pelas quais a polícia tem que passar a fim de que sua função social seja cumprida. Este momento deveria ser visto como a oportunidade da mudança completa.

4. Esta demanda por melhores salários deve ser feita de forma respeitosa. Primeiro, há o ponto de vista ético-teológico do cristianismo, que nos fala sobre a importância e necessidade de nos submetermos às autoridades constituídas por Deus. Segundo, uma instituição tão hierarquizada como a Polícia Militar, que precisa, sendo assim, de rigorosa disciplina para viver, carece sempre do exemplo dos seus oficiais, a fim de que a vontade de Deus seja feita e sua própria ordem preservada.

5. As informações que temos recebido dão conta que estes oficiais que estão pleiteando aumento de salário, correspondem em termos de caráter ao que de melhor existe na Polícia Militar. O secretário de segurança tem demonstrado ser um homem que não tolera corrupção e que não está envolvido com nenhuma expressão do crime organizado. A solução deste conflito representerá um acordo entre pessoas cujo trabalho é de fundamental importância para o bem estar da sociedade do Rio de Janeiro.

Espero que este atual governo entre para a história como o governo que deu um fim às mortes por assassinato no nosso estado, e, isto, através do trabalho de uma Polícia Militar limpa, humana e eficiente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O CRISTO PÁRA-RAIOS


Que beleza de fotografia esta que foi tirada ontem no temporal que desabou sobre o Rio: a estátua do Cristo Redentor contendo um raio.

Todo o evangelho está nesta foto. O que o cristianismo ensina é que Deus desviou a manifestação completa da sua ira de nós, em razão da nossa falta de capacidade de viver em amor, e a canalizou para Si na pessoa do seu único Filho. Ele puniu os nossos pecados nEle. Num Cristo humano. Um Salvador que experimentou agonia em nosso lugar.

Vai me dizer que esta história não é a mais bela dentre todas as histórias de amor que já ouvimos falar e ao mesmo tempo capaz de se legitimar como verdade em razão da sua incomparável beleza?

Antônio Carlos Costa


Ps. Estou pensando em deixar esta foto no meu blog até ao final do ano. O que você acha?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

OS DOIS NÍVEIS DE AÇÃO DA IGREJA

A idéia de que sem evangelização o mundo não muda tem servido de desculpa e obstáculo para a inserção dos cristãos no mundo político-social. Dizer que somente a evangelização poderá mudar o panorama de injustiça que nos cerca é dizer uma meia verdade. Outro dia alguém disse para mim que o problema da violência do Rio de Janeiro não tem solução. Mas, como já disse anteriormente, cidades como Paris, Amsterdam, Roma, Santiago do Chile, que não são majoritariamente cristãs, vivem com índices de violência significativamente menores do que os nossos. Não é fato que há famílias de não cristãos que têm um nível de amor, interação e respeito humano que nos supreende e envergonha quando contrastado com o nosso? Como explicar não cristãos se comportando como cristãos? (é bem verdade que o contrário corresponde a um enigma maior, cristãos se comportando como se Deus não existisse).

Deixe-me fazer entender, pois se há um título que gostaria de levar na vida é o de evangelista, e em conexão a isto, posso afirmar com sinceridade de alma que, tudo o que conheço de teologia me leva a crer que a evangelização é a principal missão da igreja. Como conciliar esta declaração com a anterior?

Há mudanças na vida humana que poderíamos chamar de ideais é há mudanças que poderíamos chamar de relativas. A obra que a evangelização é capaz de operar no coração do homem é o que poderíamos chamar de ideal. Por que? Por três motivos: Primeiro, porque através da evangelização homens são salvos dos seus pecados; segundo, porque a evangelização leva o homem a libertação do poder do pecado. Eu diria que há no comportamento do ser humano convertido espontaneidade. Ele faz o que faz porque ama. Terceiro, a evangelização glorifica a Deus, pois todas as obras que se seguem a ela são tributadas a Cristo.

Não podemos nos esquecer, contudo, que há mudanças operadas na sociedade por intermédio da igreja que são parciais, imperfeitas, relativas, não salvíficas no sentido pleno da palavra, porém absolutamente necessárias para que vivamos uma vida com um mínimo de saúde social. Nem sempre a igreja (o crente em geral) leva aquele que com ela manteve contato à experiência da salvação (obra que encontra-se no âmbito dos decretos eternos e soberanos de Deus). Mas, em muitas ocasiões a atuação da igreja no seio da sociedade pode levar homens e mulheres a amarem o que é justo e bom, muito embora o façam sem ter a glória de Deus como meta. Isto pode representar para a sociedade leis mais justas, defesa da dignidade da vida humana e libertação dos sistemas que tiranizam o homem.

Nestas ocasiões é mister que a igreja saiba separar a autoridade que vem de cima da autoridade que vem de baixo. Uma é autoridade da Bíblia, outra é a autoridade do senso comum, da razão e dos valores que são comuns a todos os membros da nossa raça. Nem todos crêem. Muitos jamais crerão. Milhares não concordam com a cosmovisão cristã. O fato óbvio da vida é que os cristãos têm que viver em sociedades compostas por homens e mulheres que não reconhecem a autoridade da Bíblia sobre as suas vidas. Somos forçados, sendo assim, a viver em um mundo profundamente pluralista, marcado pela necessidade de aprendermos a exercitar o diálogo e a tolerância. Neste sentido, impõe-se aos cristãos a necessidade de usar os pontos de convergência das aspirações dos seres humanos em geral como ponto de partida para o diálogo. O presssuposto deste tipo de plano de ação relaciona-se a dois campos doutrinários: o campo da antropologia e o campo da graça.

A Bíblia diz que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, e embora admita o fato da queda humana, não deixa de asseverar que esta imagem não foi perdida. Há, portanto, características que nos são comuns. Mas não apenas isto, a Biblia nos apresenta o conceito de graça comum. Há uma graça especial que salva e transforma por completo a vida. Há ao mesmo tempo uma graça comum, derramada por Deus sobre todos, daí o adjetivo de "comum". Através desta graça Deus leva o homem a praticar obras que se assemelham em muito às obras de um regenerado, com exceção do fato de que as obras daqueles são carentes do elemento de amor pelo Criador, que é justamente o que caracteriza uma boa obra como tal aos olhos de Deus.

Qual o ponto onde quero chegar? Há amplo respaldo teológico para defendermos a causa do direito e da justiça na rua, associação de moradores, congresso nacional, entre outros locais e instituições mais, contando com esta graça para que "vivamos vida tranqüila e mansa com toda a piedade e respeito" (I Tm 2:2), enquanto caminhamos de joelhos na mais profunda dependência da misericórdia de Deus.

Evangelizar é essencial. Nossa missão maior. Mas, o que fazer quando alguém que mora na nossa cidade, com quem temos que interagir para a construção da nossa sociedade, cujo voto tem o mesmo poder do nosso, vira-se para nós e diz: "eu não creio na fé que você professa"? Certamente que vamos lamentar pela vida dessa pessoa. Vamos continuar tendo amor por ela, respeito à imagem e semelhança de Deus que ela carrega. E mais, vamos orar pela sua conversão e fazer com sabedoria o que estiver ao nosso alcance para que tal dia chegue. Mas, enquanto esse dia não chegar, o que pode ser que jamais aconteça, nas ocasiões em que tivermos que decidir com ela os rumos da nossa sociedade, a nós nos cabe usar o campo intelectual que nos é comum, enquanto contamos com a graça de Deus, capaz de fazer com que homens incrédulos façam obras parecidas com a dos regenerados.

Há uma base Bíblica para a igreja ir para as ruas protestar, redigir abaixo-assinados, apresentar projetos de lei no congresso, tanto quanto há base bíblica para a igreja organizar uma campanha de evangelização.

O Brasil está precisando de ambas as coisas. Milhares ainda não se converteram e carecem de uma igreja que expresse o seu amor pelos perdidos mediante a proclamação do evangelho. Por outro lado, milhares ainda não são tratados como seres humanos e carecem de uma igreja que expresse o seu amor pelos injustiçados mediante a proclamação da justiça. Creio firmemente que quando chegar o dia de passarmos a atentar para a causa destes, aqueles virão a ter os ouvidos abertos para a nossa mensagem, a começar pelos que foram objeto de tamanha misericórdia por parte da igreja.

Antônio Carlos Costa

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A PESSOA DE ESPÍRITO PÚBLICO


Nesses dias que sinto-me atônito com a indiferença de tantos evangélicos para com a causa dos direitos humanos no Brasil, especialmente no que se relaciona à morte por assassinato de tantos brasileiros, e isto num contexto em que evangélicos estão sendo assassinados e em algumas comunidades pobres o horário do culto é determinado pelo crime organizado, fora o fato perceptível de que a freqüência aos cultos de meio de semana tem caído por força do medo gerado pela violência, veio como um alento ao meu coração o que acabei de ler saído da pena de Jonathan Edwards:

"O amor cristão é oposto ao espírito egoísta, no sentido de que ele é misericordioso e liberal, por este mesmo motivo ele dispõe a pessoa a ter um espírito público. Um homem com um espírito correto não é um homem de visões estreitas e privadas, mas alguém grandemente interessado e preocupado com o bem da comunidade à qual pertence, e particularmente à cidade ou vila na qual reside, portanto trabalha para o verdadeiro bem estar da sociedade da qual ele é membro. Deus mandou os judeus que foram levados longe, para o cativeiro da Babilônia, que procurassem o bem daquela cidade, embora esta não fosse seu lugar de nascimento, mas apenas a cidade do seu cativeiro".

Como explicar o protestantismo brasileiro quando tratamos de analisá-lo sob a luz que uma declaração como esta lança sobre o estilo de vida dos membros das igrejas evangélicas do Brasil? Toda a contribuição que poderíamos dar para o desenvolvimento e cura dessa nação é obliterada por um discurso que aliena e conduz os que se dizem salvos a se sentirem culpados apenas nas ocasiões em que praticam seus pecados privados, muitos dos quais restritos ao templo. O sujeito se arrepende porque não participou do ensaio do coral, porque não deu sua oferta ou não participou da vigília, mas não tem a mínima preocupação com o fato de que milhares estão sendo explorados, torturados e mortos ao seu redor, enquanto ele e os seus amigos permanecem preocupados com o próximo CD da banda da igreja.

A ausência de um espírito público é grave sinal de uma conversão insincera, fecha o coração de milhares para a pregação do evangelho e faz com que o Espírito Santo se aparte das nossas assembléias.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O RIO DE PAZ E A HOMENAGEM AOS POLICIAIS MILITARES MORTOS EM SERVIÇO


Nada tem mais me ajudado a vencer preconceitos e aprender a amar pessoas do que o envolvimento diário com a luta contra a violência na cidade do Rio de Janeiro. No ano passado conheci os dramas dos membros de comunidades pobres - homens e mulheres trabalhadores (muitas vezes injustamente rotulados de fábrica de criminosos) que encontram-se a mercê do crime organizado, privados dos seus direitos inalienáveis de ir e vir, livre expressão e vida, conforme tão bem revelou a série de reportagem do jornal O Globo intitulada: Democracia Roubada. Fiquei amigo de gente que passou pela triste experiência de perder parente para o crime, mas que tomou a decisão de se envolver na luta contra a violência a fim de não ver a tragédia se repetir na vida de outras famílias. Tenho conhecido jornalistas sensíveis, membros da sociedade civil solidários e pessoas do meio acadêmico com excelentes percepções sobre o mal que nos cerca. Bom, nessa madrugada a minha experiência foi com dois coronéis da PM. Conheci homens bons e desejosos de ver seus companheiros de profissão vivendo com dignidade.

Ao longo dessa semana fui procurado por oficiais da Polícia Militar que expressaram o desejo de contar com a ajuda do Rio de Paz para um ato público em homenagem aos 586 policiais mortos em serviço nos últimos quatro anos. Seu objetivo era prestar esse tributo nos moldes das ações do nosso movimento. Por que aceitei o convite para cooperar, cedendo as cruzes e mobilizando nossos voluntários?

Em primeiro lugar, porque o amor não pode ser seletivo. Eu não posso ter compaixão pelos parentes do turista italiano que foi atropelado e morto durante uma tentativa de assalto, pela família da menina pobre morta por bala perdida perante o seu avô, pela mãe que presenciou o filho morrer ao ser arrastado por um automóvel, se não sou capaz de incluir nessa lista os policiais mortos no nosso estado, bem como os seus parentes enlutados. Por que razão não devemos lamentar essas 586 vidas ceifadas de modo cruel e sentir a dor dos que ficaram para trás com o coração sangrando? O fato de serem policiais os transforma em andróides ou estátuas de mármore? Confesso, que não agüento mais ver gente morrendo. Sem farda ou com farda.

Em segundo lugar, porque é uma demanda da justiça dar a cada ser humano o que lhe é devido. Ora, o valor social dos policiais militares e os riscos aos quais estão expostos exigem que estes recebam um soldo significativamente superior ao que têm recebido. Não podemos exigir que um policial exponha sua vida à morte para preservar a paz e a segurança da população se não estamos dispostos ao mesmo tempo a lhe oferecer um salário proporcional ao valor de tarefa tão desgastante e indispensável para a vida em sociedade.

Em terceiro lugar, porque “para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos”. A sociedade civil não pode mais desempenhar o papel de expectador passivo. Há um impasse entre alguns oficiais da Polícia Militar e o governo do estado. O ponto central da controvérsia é que isso não é problema deles apenas, mas assunto do interesse do povo. Uma saída pacífica para esse impasse beneficiará acima de tudo a população. Anelamos por ver ambos os lados bem, pois no seu êxito está nossa paz. Queremos, portanto, um governador vitorioso na luta contra a violência e uma polícia que esteja em condição de cumprir a sua função na sociedade para que vitória tão esperada seja alcançada.

Em quarto lugar, grandes crises podem se transformar em grandes oportunidades de transformação. Problemas podem ser bênçãos disfarçadas. Prefiro mil vezes viver assim a administrar a vida vendo sempre o lado ruim das coisas, desprovido da capacidade de separar tragédia de problema. Vejo algo de bom nessa polêmica. A situação da nossa polícia está em discussão. Podemos muito bem usar esse momento para vermos surgir a polícia que sonhamos. Uma polícia mundialmente conhecida pelos crimes que preveniu, situações de conflito que apaziguou e simpatia acompanhada de confiança por parte de toda a sociedade que conquistou. Que todos tragam à memória novamente o seguinte fato: a luta pela queda na taxa de letalidade do nosso estado passa por um investimento maciço na polícia. Segurança não tem preço.

As cruzes estavam guardadas por nós desde o histórico protesto em Copacabana no início do ano passado. Foi o maior marco do nosso movimento em termos de ato público. Notícia no Brasil e no mundo. Nossa intenção era nunca mais usá-las na praia. Mas surgiu esse pedido. Era impossível dizer não. O pedido tinha relação com a nossa causa: a vitória da vida sobre a morte e uma polícia em condição de trabalhar bem. Voltamos a fincá-las nas areias da praia de Copacabana contando com a ajuda de dois coronéis e uma policial que trabalharam apaixonada e incansavelmente uma madrugada inteira. Nós o fizemos na firme esperança de que nunca mais haveremos de fazê-lo de novo, pois cremos que os dias de barbárie, arbitrariedade, indiferença e morte vão passar. Nossa geração vai vencer a batalha contra o crime. Participando e sonhando. Não me venha dizer que não há saída. Nações no passado enfrentaram problemas mais graves do que os nossos e os venceram. Se outros povos conseguiram trazer os números da violência para índices razoáveis, nós também podemos conseguir. Povo e governo. Polícia e população. Juntos, para que o Rio seja não apenas maravilhoso na sua geografia, mas acima de tudo nas suas relações humanas.

Antônio Carlos Costa
Presidente do Rio de Paz